Saiba os efeitos de ter dois empregos na sua qualidade de vida

Associação Brasileira de Qualidade de Vida alerta para necessidade do trabalhador conciliar trabalho com descanso e lazer

Tércio Saccol

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SÃO PAULO – Conciliar trabalho com estudos, esportes ou outras atividades costuma ser desgastante. Administrar o tempo, o transporte e coordenar as ações em dois diferentes ambientes sem comprometer a qualidade de vida é um desafio enfrentado diariamente por milhões de brasileiros. E quando o problema é conciliar dois – ou mais – empregos

Para o médico e presidente da ABQV (Associação Brasileira de Qualidade de Vida), Alberto Ogata, desempenhar atividades em dois ou mais empregos contribui para um cenário de pouco tempo para relaxar, agenda corrida, alimentação inadequada, vida social ausente e cansaço e fadiga. “Podemos afirmar que todo excesso a esse quadro geral será prejudicial e certamente o fato de ter dois empregos agravará essa situação, provocará a aquisição de maus hábitos e intensificará os riscos de saúde decorrentes do trabalho”.

Corre-corre
Falta de tempo para se dedicar a qualquer atividade fora do trabalho é um desafio do professor Paulo Sérgio de Gouveia, que leciona em três escolas diferentes de São Paulo. Pouco tempo sobra para o docente descansar ou ter lazer entre as aulas nas instituições localizadas em três bairros distantes entre si da capital paulista. “Para ir ao cinema, fazer uma viagem, só programando bem antes, com umas duas semanas de antecedência”, relata.

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Na rotina do professor, descanso mesmo só no deslocamento entre uma escola e outra – sem contar o exercício físico em eventuais deslocamentos para o trabalho com a bicicleta. Embora o cansaço pese, uma preocupação constante de Gouveia é com a constante dificuldade em administrar e planejar o trabalho para cada ambiente. “No final de semana, faço um planejamento para as turmas de cada escola, com a programação de toda a semana. Sem isso, fica muito difícil administrar o cotidiano e as individualidades de cada ambiente”, explica.

Apesar do desgaste físico e mental, o docente lamenta mais a falta de espaço para desenvolver as potencialidades dos alunos e refletir mais sobre a qualidade do ensino. “Se o professor no Brasil recebesse salários maiores, poderia render mais com cada turma, explorar novas formas de ensinar, novas didáticas e estar mais voltado para as necessidades individuais dos alunos”, lamenta.

Cuidados
Alberto Ogata, da ABQV alerta aos profissionais que vivenciam rotinas desgastantes e precisam se dedicar a dois ou mais ambientes de trabalho que o ritmo incessante pode provocar propensão ao estresse, síndrome de burnout, distúrbios alimentares e outros sintomas.

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Ogata destaca ainda que é comum ver entre pessoas que sofrem grande desgaste em função do acúmulo de trabalho “a diminuição na habilidade de pensar claramente, o estado de alerta permanente, tensão e humor instável e comportamento compulsivo”. O ideal, alertam os especialistas, é buscar constantemente o equilíbrio entre lazer, descanso, rotina profissional e vida pessoal.