Universidade: navegar é preciso

Brasil precisa se integrar e avaliar o papel das instituições públicas nos desafios do hoje e na preparação do amanhã

Equipe InfoMoney

Publicidade

por Alfredo MR Lopes *(alfredo.lopes@uol.com.br)

Para um país que navega sem bússola e que se propõe a rever suas escolhas e resultados na quadra eleitoral que se aproxima, os olhares da brasilidade deveriam se voltar para dois eventos desta quarta-feira na UNESP, na capital paulista, onde será lançado o livro “Repensar a Universidade: desempenho acadêmico e comparações internacionais”, organizado por Jacques Marcovitch, ex-reitor da USP e responsável pelo projeto, que mobilizou luminares da academia e da vida pública; e onde será realizada a Terceira Etapa de outro projeto, de extrema relevância e necessidade, a formulação de Indicadores de Desempenho nas Universidades Estaduais Paulistas. Apoiado pela FAPESP, no âmbito do Programa Pesquisa em Políticas Públicas, que busca aproximar academia, economia e cidadania numa perspectiva de avaliação do papel e dos resultados consignados pela instituição, à luz da expectativa e atendimento de demandas do mantenedor maior, o contribuinte.

Há um contentamento nacional com o reconhecimento global da Universidade de São Paulo, recentemente aclamada em destaques simbólicos no Ranking Global de Conteúdos Acadêmicos. Ela ocupa os primeiros lugares em Ciências e Tecnologia dos Alimentos (7º lugar) Ciências Agrícolas (11º), Ciências Veterinárias (25º), Biotecnologia (34º) e Farmácia e Ciências Farmacêuticas (41º) e Odontologia (9º), uma resposta robusta para desafios emergenciais do Planeta e, sobretudo, do Brasil. E são dois de seus grandes reitores, Marcovitch e Goldemberg, os arautos desse chamamento dos direitos e prioridades civis do país, na avaliação da universidade, de suas métricas e resultados para o atendimento da sociedade.

Masterclass

As Ações mais Promissoras da Bolsa

Baixe uma lista de 10 ações de Small Caps que, na opinião dos especialistas, possuem potencial de valorização para os próximos meses e anos, e assista a uma aula gratuita

E-mail inválido!

Ao informar os dados, você concorda com a nossa Política de Privacidade.

A decisão de adequar essa expectativa da sociedade a um Brasil que mudou para pior, sem tirar o foco da produção científica e da formação de recursos humanos, prioriza maior aproximação e compromisso das instituições paulistas com o estado permanente de emergência do Brasil. Em seu artigo, na primeira parte do livro, O prof.José Goldemberg, presidente da FAPESP, sob o título Ciência, Desenvolvimento e Universidade, analisa a importância histórica das métricas na aferição do avanço da ciência e da tecnologia e a importância da escolha de indicadores que identifiquem as causas dos problemas e apontem soluções. A mesma estratégia, segundo ele, é válida na escolha de métricas para medir o desempenho das universidades.

Marcovitch, de olho na temática nacional e global de sustentabilidade, clima e governança, na construção de um futuro que resgata as lições de empreendedores e pioneiros de todo o país, tem convidado a academia a olhar para a academia amazônica, formulando aproximações estratégicas, mapeando lideranças regionais, alertando para as métricas do conhecimento, dos processos e dos resultados da academia com a sociedade. “Repensar a Universidade significa tematizar a redução drástica dos postos de trabalho, agravada pela recessão, e os 11% dos brasileiros que desembarcaram no abandono da extrema pobreza, 14,8 milhões de pessoas, segundo dados do IBGE. Repensar as universidades paulistas é expor as métricas do desempenho e, movimento, uma política pública inovadora no âmbito das três universidades estaduais de São Paulo, e integrá-las na dinâmica da reconstrução do país.

Para além do Anuário Estatístico, impõe-se a implantação de Unidades de Inteligência, produção e monitoramento da relação custo x beneficio, onde importa saber onde cada centavo é aplicado, como se avalia sua aplicação e seu retorno. Importa, nesse contexto, o paradigma do setor produtivo, que sabe prestar contas à sociedade em sua responsabilidade social e ambiental. O consenso é uma meta e repensar um compromisso, diz Jacques Marcovitch, enquanto lidera uma Conferência Global de Gestão da Amazônia, que ocorrerá em Manaus, dias 29, 30 e 31 deste mês, na parceria USP e UEA, Universidade do Estado do Amazonas, com quem foi formulado um DINTER para qualificação de 22 doutores em Administração. Se o Brasil não consegue aprender e ensinar como administra esse patrimônio tão cobiçado e tão promissor, formular parcerias de ensino e aprendizagem é desafio de quem considera a academia um instrumento de qualificação e cidadania – quanto custa o serviço ambiental que a Amazônia presta graciosamente ao Planeta – e nesse prisma o Brasil precisa se integrar e avaliar o papel das instituições públicas nos desafios do hoje e na preparação do amanhã.

Continua depois da publicidade

Livro: “Repensar a Universidade: desempenho acadêmico e comparações internacionais”; Editado pela ComArte, Apoio FAPESP. Apresentação Reitores Vahan Agopyan (USP), Marcelo Knobel (Unicamp) e Sandro Valentini (Unesp).

* Alfredo é filósofo e ensaísta