Resíduos do Açaí, a vedete da bioeconomia da indústria moveleira

A floresta Amazônica coloca o Brasil no centro das principais discussões de políticas ambientais de equilibrio, regulação do clima e desenvolvimento sustentável

Equipe InfoMoney

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Por Antonio de Lima Mesquita

O Brasil possui um grande potencial de recursos renováveis. A floresta Amazônica coloca o Brasil no centro das principais discussões de políticas ambientais de equilibrio, regulação do clima e desenvolvimento sustentável. Devido à gigantesca biodiversidade de plantas lenhosas e fibrosas, pesquisas têm explorado de forma sustentável o potencial de fibras vegetais naturais para a fabricação de paineis lignocelulósicos.

 Aproveitar o potencial da floresta Amazônica de forma ecologicamente correta, economicamente viável e socialmente justa, foi o que inspirou o desenvolvimento do ecopainel da fibra do caroço do açai, ja patenteado.   O açaí (fruto e caroço) são amplamente utilizados em diferentes segmentos: Na indústria (alimentos, corantes, energia, artesanato e cosmético). E, tem sido objeto de numerosas pesquisas na área de corantes, combustível-briquetes, medicina (prótese femural), antioxidante  e produção de celulase.

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O resíduo do fruto é descartado, são aproximadamente 16000 t/dia na Região Metropolitana de Belém (PA), cujo desperdicio de  matéria prima poderia ser utilizada para a produção de painéis de fibras  de média densidade, uma fortuna que atualmente está sendo jogada no lixo.

 Para termos uma ideia do potencial do negócio de fabricação de painéis no mundo, no ano de 2013 a produção mundial de painéis de partículas (aglomerados e OSB), compensados e MDF, foi da ordem de 358 milhões m³, enquanto que no Brasil a produção e o consumo tiveram investimentos da ordem US$ 1,2 bilhão para o período de 2010/2014, sendo que a indústria moveleira foi a grande consumidora de painéis de madeira industrializados.

 A produção de painéis de partículas lignocelulósicas provenientes de resíduos agroindustriais é uma alternativa que proporciona agregar valor a esse subproduto, possibilitando atender à crescente demanda da indústria de painéis de madeira, além de contribuir com a diminuição do uso da madeira e, consequentemente, sobre a pressão ambiental das florestas nativas e plantadas da Amazônia, reduzindo custos de produção dos painéis, reduzindo a taxa de emissão de carbono, tornando-os mais competitivos no cenário econômico  (MENDES et al., 2010).

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O ecopainel de fibras do fruto do açaí  atenderá as necessidades de fabricantes para uma grande e variada diversidade de produtos da cadeia produtiva da construção civil (divisórias, deck, acústico), arquitetura (Sistemas leves tipo “Light Wood Framing”) e indústria moveleira. O ecopainel como produto  possui características de produção em nível industrial, com   vantagens frente ao painel  convencional:

1.         Sustentabilidade dos resíduos agroindustriais;

2.         Diminuição da pressão sobre a Floresta Amazônica;

3.         As fibras vegetais são materiais renováveis;

4.         Disponibilidade abundante do resíduo do açaí como materia prima;

5.         Utilização de resina poliuretana a base de óleo de mamona, como adesivo natural, biodegradável e não emite formaldeído,  sendo considerado considerado como agente cancerígeno e mutagénico (resinas sintéticas de uréia-formaldeído), utilizadas frequentemente na produção de paineis particulados de resíduos de madeira;

7.         Geração de emprego e renda, e fixação das populações tradicionais no hábitat natural da Amazônia;

8.         Economicamente rentável para fixação de carbono na natureza;

9.         Suas propriedades físicas e mecânicas já foram testadas e são compatíveis com a ABNT – NBR 14810-2(2013) e internacional ANSI A208.1:1999;

10.       O produto ecopainel  está registrado sob a patente de invenção (processo BR 1020150105363).

 BENEFÍCIOS ESPERADOS DA PRODUÇÃO DO ECOPAINEL

 1.         Explicitar o potencial do Ecopainel do fruto do açaí no âmbito das possibilidades e dinâmica da Economia Circular, numa perspectiva de desenvolvimento sustentável;

2.         Agregar valor a esse subproduto (fibra do caroço), possibilitando atender à crescente demanda da indústria de painéis de fibras no Brasil;

2.         Contribuir para o conhecimento científico e de inovação tecnológica na região Amazónica e no Brasil.

3.         Potencializar o uso das fibras do açaí como matéria prima na produção de painéis de fibras de média densidade (MDP) em escala industrial para o desenvolvimento da região Amazônica.

4.         Contribuir com a sustentabilidade socioambiental da região amazônica por meio da criação da cooperativa para a extração sustentável da fibra do fruto do açaí como parte da cadeia produtiva do ecopainel de açaí.

5.         Viabilizar o empreendedorismo e fortalecimento das populações tradicionais da Amazônia.

*Universidade Estadual do Amazonas

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