Com royalties e China, ações da Vale caem mais de 2%

Valor a ser firmado com o governo pode ser R$ 1,6 bilhão menor do que a Vale havia informado; dados ruins da China corroboram para o cenário negativo

Thiago Salomão

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SÃO PAULO – As ações da Vale (VALE3, VALE5) e da Bradespar (BRAP4), holding que detém significativa participação no capital da empresa, apresentam queda de mais de 2% na manhã quinta-feira (23). Além do pessimismo instaurado nos mercados nesta sessão, outros dois eventos importantes estão afetando a mineradora na Bovespa: a questão dos royalties com o Governo brasileiro e os dados negativos de atividade divulgados na Europa e China.

Às 11h23 (horário de Brasília), as ações preferenciais da Vale recuavam 2,01%, valendo R$ 34,60, enquanto as ordinárias apontavam queda de 2,13%, para R$ 35,33. Os ativos da Bradespar, por sua vez, caíam 2,80%, para R$ 28,09. O desempenho negativo desses papéis vai em linha com o Ibovespa, que no mesmo horário tinha retração de 1,31%, chegando aos 58.604 pontos.

Perda iminente com royalties
A começar pela questão dos royalties. Nesta quinta-feira, o presidente da empresa, Murilo Ferreira, levará ao conselho de administração da Vale a proposta de acordo alinhavada com o DPNM (Departamento Nacional de Produção Mineral) sobre a cobrança dos royalties entre 1991 e 2007. A apreensão gerada com esse encontro deve-se à iminente perda que a mineradora deverá ter, segundo avalia a XP Investimentos.

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“A expectativa de fontes próximas às negociações é de que os valores giram na casa dos R$ 4 bilhões, resultado que, se confirmado, será inferior aos R$ 5,64 bilhões informados pela companhia em seu relatório 20-F”, escrevem em relatório os analistas da XP, reforçando ainda que um valor próximo aos R$ 4 bilhões “seria mal recebido pelo mercado”. A reunião do conselho irá acontecer em Moçambique, na África, onde a Vale tem uma unidade de produção de carvão.

Vale lembrar que nesta semana o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, disse a jornalistas que o Governo e a Vale estão “concluindo as negociações” relativas à suposta dívida de royalties de mineração, com o acordo devendo ser fechado em setembro ou no máximo até novembro.

China pressiona
Passando agora para as referências internacionais. Segundo o HBSC, o PMI (Índice de Gerentes de Compras) preliminar da China caiu para 47,8 em agosto – a maior baixa em nove meses – em comparação com a leitura final de 49,3 em julho. “Tal indicador reflete desaceleração na China e tende a repercutir mais uma vez no preço do minério de ferro”, avalia a XP. Lembrando que na véspera os preços do aço e do minério de ferro chegaram ao menor patamar dos últimos 3 anos.

Contudo, não é só a China que tem pressionado os mercados nesta quinta. Na Alemanha, o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) desacelerou de 0,5% para 0,3% entre o primeiro e o segundo trimestre do ano. Já nos EUA, o ânimo injetado pela ata do Fomc (Federal Open Market Committee) na véspera, adiantando que novas medidas devem ser anunciadas pelo governo em breve, já perdeu forças após o número de pedidos de auxílio-desemprego maior do que o esperado na última semana.

Thiago Salomão

Idealizador e apresentador do canal Stock Pickers