A poucos dias da eleição, gestor 58% comprado em Petrobras diz: “estou tranquilo”

Com incertezas no cenário eleitoral, ações da estatal desabaram mais de 20% desde o dia 6 de outubro

Paula Barra

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SÃO PAULO – A apenas 4 dias do segundo turno da eleição, quando se definirá na Bolsa o cenário que se abriu em março em meio às pesquisas eleitoras, o mercado enfrenta uma forte onda de medo enquanto aumentam as incertezas sobre o futuro do País. De um lado, há aqueles que desde o início do ano vinham “comprando” Bolsa na expectativa de uma mudança de governo; do outro, aqueles que já precificam a reeleição e preferiram abandonar a posição de compra neste momento. 

Mas, com a derrocada do Ibovespa nos últimos dias, forte foram aqueles que sustentaram suas estratégias pensadas em uma vitória de Aécio Neves (PSDB), ou seja, “comprado” nas ações do “rali eleitoral”. Um desses é o gestor Leandro Turaça, da Ouro Preto Investimentos, que a poucos dias da eleição diz que mantém sua posição em empresas do “kit eleições”, que são aquelas que mais reagiram ao cenário eleitoral, como, por exemplo, Petrobras (PETR3; PETR4), que disparou 100% de março até o início de setembro, mas que viu suas ações despencarem mais de 20% do dia 6 de outubro (um dia após o primeiro turno) até a última quarta-feira (21). 

O fundo BC Strike, do qual Turaça é gestor e possui um patrimônio líquido de cerca de R$ 2,3 milhões, detém 73% da carteira exposta ao “rali eleitoral”, sendo 58% em Petrobras e 15% em Itaú Unibanco (ITUB4). “Estamos tranquilos. Mas, claro, há um receio pois o mercado abrirá na segunda-feira (27) ou com uma alta de 10% ou queda de 10%”, disse, referindo-se ao cenário binário que se formou na Bolsa entre vitória de Aécio ou Dilma, nesta ordem. 

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Para ele, a queda dos últimos dias da Petrobras não foi motivo para pânico. “Aproveitamos para comprar. Tínhamos um dinheiro em caixa e usamos um pouco para aumentar nossa posição no papel. Até a ação do Itaú, que estava um pouco esticada, deu um bom ponto de entrada agora”, pontuou. 

O que se viu do dia 6 de outubro para cá foi um cenário repleto de indefinição: a ida da eleição presidencial para o segundo turno disparou uma onda de euforia na Bolsa, que fez o Ibovespa subir 4,7% naquele segunda-feira pós-eleições. Passadas algumas altas, o que se configurou foi um ambiente extremamente negativo na Bolsa diante de novas pesquisas eleitorais que começaram a apontar uma ligeira vantagem de Dilma. A leitura do mercado desde março é que uma mudança no governo puxaria uma forte arrancada do Ibovespa, enquanto a manutenção do mesmo derrubaria o mercado. Com isso, nos últimos 5 pregões, o índice caiu 9,5%, com as ações preferenciais da Petrobras desabando 23% e as do Itaú, 13%

Mercado exagerou?
Para o economista Gustavo Blasco, da consultoria GCB Investimentos, o mercado pode ter exagerado o movimento dos últimos dias. “O mercado exagera muito, principalmente no pânico”, disse. Segundo ele, o cenário eleitoral ainda está muito indefinido e os agentes estão colocando no preço uma reeleição. 

Mesmo com o último Datafolha colocando a Dilma à frente de Aécio e trazendo sete más notícias para o tucano, o consultor ainda vê maiores chances de mudança do que de permanência do governo. “Analisando os dados estaduais das últimas pesquisas vemos uma probabilidade de 60% de chances de Aécio ganhar a eleição”, comenta. Ele explica que baseia o estudo nas pesquisas estaduais, uma vez que os dados dão um pouco mais de confiança e pondera com o tamanho dos colégios eleitorais para trazer os números para o cenário nacional. “Consideramos hoje mais provável uma vitória de Aécio”, concluiu. 

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