Promessa “falsa” da Petrobras destroi R$ 52 bilhões; ação despencou 10%

Isso ocorre após a reunião de sexta definir um reajuste de 4% para a gasolina e de 8% para o diesel, com a aprovação de uma metodologia para futuros reajustes

Felipe Moreno

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SÃO PAULO – Depois da OGX Petróleo (OGXP3), o Ibovespa encontrou um “novo” motivo para quedas: trata-se da Petrobras (PETR3; PETR4). Representando cerca de 10% do índice, a estatal viu suas ações ordinárias caírem 10,37%, aos R$ 16,42, enquanto as preferenciais recuaram 9,21%, fechando o pregão aos R$ 17,36 – essa foi a maior queda da petrolífera desde 2008. Com isso, o índice recuou 2,36%, aos 51.244 pontos. 

Isso ocorre após a reunião de sexta definir um reajuste de 4% para a gasolina e de 8% para o diesel, com a aprovação de uma metodologia para futuros reajustes – algo que era bastante pedido pelo. Esses valores foram muito menores que o previsto e a decisão de manter a nova metodologia apenas foi bastante criticada pelo mercado.

Essa nova metodologia foi alvo de dois fatos relevantes, vistos como uma tentativa de Maria das Graças Foster de pressionar o governo, em especial Guido Mantega, ministro da Fazenda e presidente do Conselho da Administração. Logo após a publicação dos fatos relevantes, as ações dispararam e chegaram a fazer com que a empresa alcançasse o valor de mercado de R$ 271,5 bilhões. Com a queda de hoje, a empresa fechou valendo R$ 219,4 bilhões – uma queda de R$ 52,1 bilhões. 

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A empresa, no auge recente, chegou a valer mais do que a Ambev (ABEV3) por poucas horas, retomando o posto de empresa mais valiosa do Brasil. Agora, a cervejeira vale cerca de R$ 274,2 bilhões, fazendo com que a diferença entre as duas alcance os R$ 54,7 bilhões. E se a folga para a Vale (VALE3; VALE5) era de quase R$ 100 bilhões, já caiu para cerca de R$ 40 bilhões: a mineradora agora vale R$ 184,1 bilhões. Uma destruição de riqueza impar.

O reajuste
A direção da companhia vem brigando por maior previsibilidade e menor dependência em relação ao governo. Conseguiu com que fosse aprovada uma metodologia, o que deve ajudar na hora de pedir novos reajustes para o governo – agora, basta provar matematicamente que se X e Y não forem cumpridos, o endividamento da companhia e a alavancagem ultrapassará o estipulado. 

Mas, com a metodologia fechada, o mercado não sabe se os aumentos serão necessários ou não – nem mesmo quando isso estiver próximo. Há quem acredite que nenhuma metodologia foi aprovada e que o governo está mentindo ao mercado. Assim, o preço dos reajustes seriam readequados apenas quando o governo ver algum espaço na inflação.

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Credit corta alvo, mas clientes se enchem de ações
Uma das casas mais pessimistas logo após o anúncio da Petrobras foi o Credit Suisse, que rebaixou a recomendação para as ações da petrolífera  que passaram de outperform (desempenho acima da média do mercado) para underperform (desempenho abaixo da média do mercado), ou recomendação equivalente a venda, cortando o preço-alvo para os ADRs (American Depositary Receipts) da companhia de US$ 25,00 para US$ 14,00. 

E destacam que, dentre três pontos positivos para a companhia e que levaram o banco a aumentar a sua recomendação no início do ano – a perspectiva de maior crescimento na produção, a credibilidade da gestão, com as primeiras realizações para “promover uma virada” na companhia e, por fim, a possibilidade de uma atitude mais benigna da companhia para promover um aumento de preços – apenas um ainda está em voga: o aumento da produção.

Mesmo assim, os clientes do banco suíço aproveitaram para ir às compras. Eles foram os grandes compradores do pregão, respondendo por cerca de 20% de todo o volume comprador que envolve Petrobras na bolsa nesta sessão. Em termos de saldo, os clientes da instituição compraram 10 milhões a mais de ações do que venderam.