Para Mantega, Petro não foi usada politicamente e reajuste não pode indexar economia

Ministro da Fazenda destacou ainda que a meta de 2,3% do superávit primário dificilmente será alcançada; para LCA, reputação da política fiscal demanda ações mais fortes

Lara Rizério

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SÃO PAULO – O ministro da fazenda, Guido Mantega, concedeu entrevista ao jornal O Globo neste final de semana, destacando que a situação das contas públicas atingiu o seu pior momento em setembro, mas tende a melhorar. Além disso, Mantega falou sobre o reajuste de preços da gasolina e sobre a autonomia do Banco Central. 

De acordo com Mantega, a meta de 2,3% do superávit primário em relação ao PIB dificilmente será alcançada neste ano, mas o ministro avalia que o governo federal atingirá sua meta de R$ 73 bilhões.

Mantega afirmou que os bancos federais pararam de liberar recursos para os Estados e o superávit destes entes deverá ser maior por conta dos pagamentos à União, que equivalem a 13% da receita corrente líquida. Já para 2014, o governo federal retirará várias desonerações, com exceção da folha de pagamento. O crédito nos bancos públicos também pode refluir.

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Conforme aponta a LCA, as ações citadas pelo Mantega estão na direção correta. Contudo, avalia, a “reputação da política fiscal do atual governo demanda ações mais fortes que gerem resultados”. 

Reajuste dos combustíveis
O grande destaque fica ainda com o reajuste da gasolina, em que o ministro foi perguntado se era contra a fórmula apresentada pela Petrobras. O ministro se defendeu, destacando que é preciso que seja estabelecida uma fórmula muito bem elaborada, de modo a não criar um modelo que vá indexar a economia. “Não adianta ser boa para uma coisa e estragar a outra. Não pode fazer de improviso. A Petrobras tem um sistema de correção que vem usando há um longo tempo”. 

Questionado se a Petrobras (PETR3;PETR4) havia sido usada politicamente para segurar preços e inflação, Mantega assegurou que não ressaltando que, antes de maio, os preços estavam alinhados até maio e que houve três reajustes de gasolina e diesel. O que desalinhou, ressaltou o ministro, foi o câmbio e o Federal Reserve, em meio aos temores com a redução do programa de estímulos da autoridade monetária norte-americana. 

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De acordo com o ministro, todo o ano tem reajuste e continuará assim, podendo ser observado o cenário de inflação, mas com a decisão sendo autônoma.

Sobre as discussões sobre a autonomia do Banco Central, Mantega destacou acreditar que ela já existe desde o governo Fernando Henrique Cardoso e, desde lá, nada mudou. 

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.