Gestor de US$ 4,8 bilhões traça cenários para Petrobras após proposta de reajuste

Will Landers, da BlackRock - maior gestora de recursos do mundo -, acredita que o governo não deixará essa oportunidade passar por questões políticas

Paula Barra

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SÃO PAULO – Desde a capitalização em 2010, o investidor global tem olhado para Petrobras (PETR3; PETR4) com um certo “mau humor”. A empresa enfrenta questões delicadas: apesar do seu grandioso programa de investimentos, a petroleira sofre para gerar caixa em meio à falta de crescimento de produção e defasagem dos preços dos combustíveis praticados no mercado interno em relação ao externo. Entretanto, há sinais de que as coisas podem melhorar, afirma Will Landers, gestor que administra de US$ 4,8 bilhões da BlackRock – a maior gestora do mundo em ativos sob gestão. Landers falou com exclusividade ao InfoMoney durante o 6º Seminário da Amec (Associação dos Investidores no Mercado de Capitais), realizado na última terça-feira (29).

Para ele, a proposta da empresa de preços, anunciada juntamente com o resultado do terceiro trimestre na última sexta-feira, pode tirar um “peso” da estatal. “Não sabemos ainda se será aprovada, mas acho difícil essa nova metodologia ter sido divulgada sem antes ter sido discutida com o governo. Mas, por enquanto, falamos apenas de cenários. Se esse mecanismo for eficiente, com ajustes apertados com base em médias dos últimos três meses, por exemplo, o mercado vai gostar. Não só gostar, como também trará impactos positivos no balanço do quarto trimestre”, avalia o gestor.

A metodologia está sob análise do presidente do conselho de administração da estatal, o ministro da Fazenda Guido Mantega, e de demais conselheiros, e deverá ser votada até o dia 22 de novembro, quando está prevista a próxima reunião dos conselheiros.

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Landers acredita que o governo não deixará essa oportunidade passar por questões políticas. “Isso não vai ajudar ninguém”. Na última segunda-feira (28), o diretor-financeiro da Petrobras, Almir Barbassa, deixou claro que é preciso termos uma redução da alavancagem para níveis aceitáveis. “Isso porque se a Petrobras perder o ‘investment grade’ (grau de investimento), a situação ficará inviável”, disse o gestor da BlackRock. Embora não seja o único critério utilizado pelas agências de classificação de risco, a estatal tem hoje uma dívida líquida três vezes acima do Ebitda (Lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização).

A nova fase da Petro
Ele, no entanto, acredita que a empresa está realmente caminhando para uma nova fase, em que a administração da presidente Maria das Graças Foster não vai focar somente na otimização do capex (investimentos em bens de capital) e jogar para frente projetos que tenham retornos mais baixos, como estuda uma política de preços mais em linha com o praticado internacionalmente. “Até agora, a empresa estava vendendo uma margem bruta negativa, o que é destrutivo para qualquer companhia. Livrando-se disso, acho que muda muito a visão de interferência do governo na Petrobras e começamos a ver sinais de que as coisas podem melhorar”, comenta.

E passado as discussões sobre o preço da gasolina e diesel, qual será o próximo alvo? Para Landers, será a produção. “Tem uma hora que tem que começar a mostrar. O mercado brasileiro é grande, mas não é grande o suficiente para forçar o investidor global a investir aqui”, finaliza o gestor em sua entrevista ao InfoMoney.