Petrobras incorpora lentidão da economia do Brasil, diz New York Times

Petrolífera vem enfrentando momentos difíceis após euforia, em meio à interferência do governo e projetos atrasados, aponta publicação norte-americana

Lara Rizério

Plataforma de Petróleo

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SÃO PAULO – Há meia década, os brasileiros comemoravam a descoberta de enormes quantidades de petróleo nos campos de alto-mar pela Petrobras (PETR3;PETR4). Entretanto, aponta matéria do New York Times, agora outro tipo de choque de energia se desdobra: a empresa colossal, conhecida por sua força, está perdendo a corrida para acompanhar as demandas de energia do País, que está em crescimento.

Em meio a compra intensa de navios, plataformas de petróleo e outros equipamentos, a gigante de petróleo está enfrentando uma dívida crescente, grandes projetos em atraso e campos mais antigos que, uma vez prodigiosas, que estão produzindo menos petróleo.

“Agora, ao invés de simbolizar a ascensão do Brasil como uma potência global, a Petrobras incorpora a lentidão da economia do país em si”, avalia a publicação. Assim como a empresa, aponta, o crescimento da economia brasileira está desacelerando, com o PIB (Produto Interno Bruto) do País passando de 7,5% em 2010 para cerca de 1% no ano passado.

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Debate amargo
Até recentemente, a Petrobras foi a segunda em valor, perdendo apenas para a ExxonMobil entre as empresas de energia de capital aberto. Mas as suas fortunas caíram ao ponto em que é inferior ao da companhia colombiana nacional de petróleo Ecopetrol

A queda no valor de mercado dos papéis acentuou ainda mais o debate sobre as tentativas da presidente Dilma Rousseff de proteger a população brasileira da inflação ao tentar manter os preços dos combustíveis. De acordo com o consultor de energia Adriano Pires, uma vez já pensaram que a Petrobras foi indestrutível, mas não é mais o caso. 

 “A Petrobras é hoje uma ferramenta de curto prazo da política econômica, usada para proteger a indústria nacional da concorrência e combater a inflação. Este processo será desastroso se não for invertido”, avalia Pires. 

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O New York Times destaca ainda que, assim como o seu antecessor, Luiz Inácio Lula da Silva, Dilma se baseou fortemente em empresas estatais para criar empregos e estimular a economia. Entretanto, apesar de ser uma boa geradora de empregos, a petrolífera sofre com a incapacidade de viabilizar a sua produção. Em 2012, a produção de petróleo caiu 2%. “Hoje a Petrobras parece ser muito menos ágil”, afirma. 

Apesar de tudo, ainda há transparência
Mesmo com toda a interferência do governo brasileiro, a Petrobras ainda é rentável e muito menos constrangida pela ideologia política do que outras grandes companhias petrolíferas estatais, citando o exemplo do México e da Venezuela.

Além disso, Graça Foster, presidente da Petrobras, tem sido absolutamente franca sobre os problemas da empresa. Outros executivos da companhia têm procurado moderar as expectativas de que o Brasil caminhará rapidamente para a independência energética. 

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Entretanto, a Petrobras enfrentará por situações mais difíceis do que auto-avaliações. “Dada a atratividade crescente do petróleo desempenha em outras partes do mundo, os mercados de energia estão à espera de uma mudança na forma como o governo do Brasil gerencia seus recursos petrolíferos”, disse Christopher Garman, o chefe de estratégia do mercado emergente do Eurasia Group, uma consultoria de risco político.

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.