Tesouro Direto: taxas operam estáveis com incertezas no exterior e na política fiscal brasileira

Prefixados oferecem até 11,76% ao ano; ganho real dos papéis de inflação chega a 5,70%

Bruna Furlani Katherine Rivas

(CarlaNichiata/Getty Images)

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As taxas dos títulos públicos operam estáveis na tarde desta quarta-feira (5), tanto nos papéis prefixados quanto nos atrelados à inflação.

Segundo Cristiane Quartalori, economista do Banco Ourinvest, o movimento nas taxas acompanha a incerteza no cenário externo em relação a política monetária de países como Estados Unidos, enquanto no Brasil dúvidas sobre a política fiscal do novo governo colocam o investidor de renda fixa em estado de alerta.

“Hoje de manhã teve dados de produção industrial, mas vieram em linha com o que o mercado esperava, o que não altera a visão de que o ciclo de alta dos juros chegou ao fim no Brasil”, afirma a economista. A produção industrial recuou 0,6% em agosto ante julho.

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No exterior, teve ainda a divulgação do relatório de empregos no setor privado ADP de setembro, que mostrou a criação de 208 mil vagas. O dado superou o consenso Refinitiv que esperava uma abertura de 200 mil novos postos de trabalho. Chama atenção também que a remuneração subiu 7,8% na comparação com o mesmo período do ano passado.

Dados de atividade também estão no foco da sessão de hoje, com a divulgação do índice de gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) industrial da zona do euro, que caiu de 49,6 em agosto para 48,4 em setembro. Esse foi o menor patamar em 27 meses, segundo pesquisa final da S&P Global.

No radar do mercado e que pode impactar a curva de juros nas próximas sessões, Cristiane destaca o payroll (relatório de emprego), que será divulgado na sexta-feira (7).

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Dentro do Tesouro Direto, os prefixados ofereciam às 15h24 uma rentabilidade anual de até 11,76%.

Nos títulos atrelados à inflação, o maior ganho real registrado nesta sessão era de 5,70%, do Tesouro IPCA+ 2055.

Confira os preços e as taxas de todos os títulos públicos disponíveis para compra no Tesouro Direto na tarde desta quarta-feira (5): 

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Fonte: Tesouro Direto

EUA e Rússia

No noticiário externo, dados de emprego no setor privado acima do esperado ajudam a dar força para a ideia de que o Federal Reserve (Fed, banco central americano) terá que adotar uma postura mais dura para driblar a escalada de preços no País, já que o mercado de trabalho segue aquecido e com salários mais elevados. Agora, investidores aguardam a divulgação do payroll na sexta-feira (7).

“Está claro que os números de emprego e a evolução dos salários são as métricas de atividade que o Fed está de olho. Portanto, os dados de sexta-feira serão importantes para a precificação dos movimentos futuros da política monetária americana”, escreveram analistas do Bradesco em relatório.

Nos últimos dias, a recuperação das Bolsas nos Estados Unidos foi puxada por movimento oposto: dados mais fracos para a economia americana indicaram que o Fed poderia adotar uma postura menos dura para combater a inflação, na visão de agentes financeiros.

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Também na cena externa, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, formalizou a anexação de quatro regiões ucranianas nesta quarta-feira, apesar das grandes reviravoltas no campo de batalha nos últimos dias, diminuindo a quantidade de territórios apreendidos que Moscou controla.

Produção industrial

No noticiário doméstico, o mercado monitora novos números de atividade com a apresentação da produção industrial, que caiu 0,6% entre os meses de  julho e agosto, eliminando o avanço de 0,6% que havia registrado no mês anterior, conforme mostrou hoje o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Com o resultado, o setor ainda se encontra 1,5% abaixo do patamar pré-pandemia (fevereiro de 2020) e 17,9% abaixo do nível recorde alcançado em maio de 2011.

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Na comparação com agosto de 2021, houve crescimento de 2,8%. No ano, a indústria acumula queda de 1,3% e, em 12 meses, de 2,7%.

O resultado veio dentro das expectativas dos analistas ouvidos pelo Projeções Broadcast, que esperavam desde uma queda de 1,2% a alta de 0,2%, com mediana negativa de 0,7%. Em relação a agosto de 2021, a produção subiu 2,8%. Nessa comparação, sem ajuste, as estimativas variavam de um recuo de 0,3% a alta de 4,0%, com mediana positiva de 2,2%.

Entre as atividades, a maior influência negativa mensal veio do setor coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (-4,2%), que voltou a recuar após crescer 1,8% no mês anterior.

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“Houve uma perda disseminada entre os produtos desse ramo industrial, com redução na produção de óleo diesel, óleos combustíveis, gasolina, álcool, entre outros. Mas essa atividade, em comparações mais alongadas, mostra um comportamento positivo. Ou seja, esse comportamento de queda de agosto é algo mais pontual”, esclareceu André Macedo, gerente da pesquisa.

Piso da enfermagem, teto e apoios políticos

Já na cena política, o Senado aprovou ontem (4), por unanimidade, o projeto de lei complementar (PLP) que irá permitir o financiamento do piso salarial para profissionais da enfermagem, sancionado em agosto. O PLP 44/2022, do senador Luis Carlos Heinze (PP-RS), permite a Estados e municípios realocar para outros programas na área da saúde, até o fim de 2022, recursos originalmente recebidos para o combate da covid-19. Foram 67 votos sim e nenhum contrário. A medida agora será enviada para apreciação da Câmara.

Enquanto isso, os candidatos à Presidência correm para fechar novas alianças políticas com foco no segundo turno. Parlamentares ligados ao agronegócio vão se reunir com Bolsonaro nesta quarta, em Brasília, para discutir o apoio da bancada ruralista no segundo turno das eleições.

A Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) não formalizou ainda apoio a nenhum candidato neste ano, embora grande parte dos integrantes seja alinhada ao presidente. Em 2018, a bancada declarou voto em Bolsonaro ainda no primeiro turno.

Já o candidato petista à Presidência prepara a apresentação de uma nova regra fiscal em substituição ao teto de gastos, segundo apuração do Broadcast. De acordo com aliados, Lula ensaia a divulgação desse programa ainda neste 2º turno, em aceno ao mercado financeiro, que tem criticado a ausência de propostas concretas sobre uma nova âncora fiscal. No 1º turno, a campanha se recusou a dizer o que colocaria no lugar do teto de gastos.

Nesse sentido, segundo apuração da agência, os integrantes do partido estudam a necessidade de pedir, ao menos R$ 200 bilhões em licença de gastos, o que deveria ser diluído ao longo do tempo para não afetar de forma mais aguda o orçamento de 2023.