Empresa lança carteira digital para criptomoedas por R$ 12 mil; saiba como funciona

Chamada de Dinamo Pocket, a carteira é um aparelho portátil para operações de criptomoedas, com a tecnologia Blockchain  

Giovanna Sutto

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SÃO PAULO – As transações por meio de criptomoedas estão cada vez mais se popularizando entre investidores. A Dinamo Networks, empresa especialista em criptografia digital e segurança da informação, criou uma carteira digital para esse tipo específico de dinheiro. A novidade pode ser alugada por R$ 400 mensais ou comprada por R$ 12 mil.

Em entrevista ao InfoMoney, Marco Zanini, CEO da Dinamo Networks, explica que a principal motivação para inovar nesse segmento foi a percepção de quer as criptomoedas estão ganhando um espaço significativo no mercado.  

“Se fala muito em valorização e no rendimento, mas se fala pouco em como isso funciona de fato e como a gente consegue fazer transações seguras, considerando que tudo é digital”, diz Zanini.  

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Chamada de Dinamo Pocket, a carteira é um aparelho portátil para operações de criptomoedas, com a tecnologia blockchain. A ideia é que o investidor compre essa carteira digital para garantir que suas chaves eletrônicas que são usadas para as transações fiquem completamente seguras.

As criptomoedas, independente de seu tipo (seja bitcoin ou ethereum) são baseadas na tecnologia de blockchain, espécie de banco de dados onde ficam registradas as transações que são feitas via moeda digital.

“Essa transação é feita através de uma chave eletrônica que cada investidor possui. Quando faço uma compra de uma criptomoeda, por exemplo, essa transação é registrada no banco de dados por meio de uma assinatura feita com essa chave”, explica Zanini.

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Vale ressaltar que para cada tipo de criptomoeda o investidor tem uma chave eletrônica diferente. Então, por exemplo, se um investidor aplica em bitcoin ele terá uma chave eletrônica para esse tipo de moeda digital, se quiser fazer uma outra operação usando outro tipo de criptomoeda será gerada outra chave. Essas senhas são enormes e por isso é preciso guardá-las. Sem elas não é possível fazer nenhum transação. 

“Geralmente os investidores guardam essa chave em seus próprios notebooks sem nenhuma proteção especial, o que é um risco. Se alguém rouba o aparelho tem livre acesso para fazer as transações, já que possui essa chave eletrônica que é obrigatória para fazer a transação”, diz o executivo. Dessa maneira, a carteira digital protege as transações feitas pelo usuário. Segundo ele, é uma espécie de cofre digital, onde o investidor pode guardar até 200 chaves.

A carteira pode ser compatilhada entre vários usuários, inclusive essa é a ideia da Dinamo que tem como público alvo pequenas e médias empresas, onde mais de uma pessoa poderia ter acesso a mesma carteira. Independente da quantidade de pessoas que forem dividi-la, cada uma terá acesso apenas a sua área com a sua respectiva senha, não é possível ver a chave de outros usuários.

“Imagina que a carteira é um prédio, e cada usuário tem um apartamento, não tem intercâmbio entre as áreas de uso de cada pessoa. E não há limite de pessoas para compartilhar, mas há o limite de 200 chaves”, exemplifica o executivo. 

Em relação aos custos, o cliente pode comprar ou alugar a carteira digital. Para comprar custa R$ 12 mil, parcelado em seis vezes e para alugar é feito um contrato de locação em que o cliente paga mensalmente o valor de R$ 400 e pode cancelar a locação a qualquer momento.

A carteira digital funciona com wi-fi e conta com um backup das informações em nuvem. Tudo o que é registrado nela é criptografado e o usuário define uma outra senha para acessar a carteira.   

“Tem muita gente que compra bitcoin e deixa parado na corretora. Mas é a mesma coisa que  você comprar um anel de brilhante e deixar parado na joalheira. Por isso, sempre sugiro que o prórpio investidor deve fazer a custódia do seu ativo, é importante que as pessoas entendam como funciona o sistema de criptomoedas e que a melhor forma e proteger seu dinheiro é você mesmo monitorar”, afirma Aloisio Matos, advogado especialista em mercado financeiro.  

Zanini acredita no potencial do produto porque, segundo ele, existe um desejo das pessoas  de deixar de “lidar com intermediação em transações financeiras”. “É muito mais prático trabalhar no mundo digital, o mundo ficou pequeno com a tecnologia. Não tem volta”, diz.

Regulamentação

Quando se trata de regulamentação, o advogado  acredita que irão surgir mais regras por parte do Banco Central, a exemplo de outros países. “O bitcoin, por exemplo, está evoluindo rapidamente, mas por enquanto, o Banco Central (BC) está deixando o mercado crescer sozinho para que possa avaliar qual possível regulamentação mais adequada”, afirma Matos.

Segundo Zanini, é crucial ter uma regulamentação, porque existe uma série de riscos ligados a moedas não regulamentadas, como dinheiro fruto de roubo, corrução, narcotráfico, e terrorismo, por exemplo.  O executivo acredita que com a evolução das criptmoedas e as transações ligadas a ela, “os bancos centrais locais vão perder força, mas ao longo do tempo outro banco central será elegido para haja um controle sobre o mundo financeiro digital”.

Matos explica que, se tratando de Bitcoin, que a criptmoeda mais popular no Brasil hoje, é preciso separar sua regulmentaçã do restante. “A regulamentação no mundo virtual, caso houvesse, seria organizada em quatro órgãos: Banco central, CVM (Comissão de Valores Mobiliários), COAF (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) e Receita Federal. No entanto, por enquanto nenhum desses órgãos tem regulamentação específica para bitcoin ou moedas digitais”, explica o advogado.

Segundo o especialista, o BC foi o primeiro a se pronunciar em 2014, e afirmou que moedas digitais não são regulamentadas, mas que segue monitorando o mercado. Mas o advogado acredita que com o tempo mais regras e fiscalizações devem aparecer para dar conta de negócios feitos com moedas digitais.

Na semana passada, o BC divulgou um outro comunicado sobre os investimentos em moedas digitais como o Bitcoin. Neste comunicado o banco detalha e reforça as orientações sobre os riscos relacionados às variações de preço da moeda e reiterou que não tem a função de regular este mercado atualmente.

A Comissão de Valores Mobiliários (CVM), por sua vez, divulgou uma nota também neste mês alertando para os investimentos em Initial Coin Offers (ICOs), uma espécie de IPO para moedas digitais. A autarquia afirmou que alguns destes instrumentos podem ser considerados valores mobiliários e portanto devem ser registrados formalmente caso sejam oferecidos no Brasil.

Giovanna Sutto

Repórter de Finanças do InfoMoney. Escreve matérias finanças pessoais, meios de pagamentos, carreira e economia. Formada pela Cásper Líbero com pós-graduação pelo Ibmec.