Gestora lança fundo de ações no exterior que aproveita alta do dólar

Novo fundo da Mint Capital aplica dinheiro em ações no exterior e se beneficia da alta do dólar, mas dá preferência a outras Bolsas que não as americanas

João Sandrini

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(SÃO PAULO) – A gestora de recursos paulistana Mint Capital lançou um novo fundo que pode atrair quem planeja ter exposição a investimentos no exterior e captar o movimento de alta do dólar frente à maioria das moedas mundiais. O fundo Mint Global Value Fund IE investe em Bolsas de mercados emergentes e desenvolvidos que tenham ações negociadas por múltiplos atrativos.

A estratégia é bem parecida à que a Mint adotou no Brasil nos últimos seis anos. O fundo Mint Valeu FIC FIA acumulou um retorno de 62,2% entre maio de 2009 e fevereiro de 2015 – ou uma alta de 56,7 pontos percentuais acima do Ibovespa. “Nesse fundo que investe no exterior, a gente vai usar a mesma estratégia que já dá certo no Brasil de procurar ações com preços atrativos em relação ao valor do ativo”, diz Cassio Beldi, sócio da Mint Capital.

A ideia do novo fundo é investir nos mercados mais baratos do mundo, sem abrir mão da qualidade. Os gestores não vão alocar dinheiro em países complicados como Venezuela, Argentina e Rússia mesmo que em determinados momentos esses papéis possam ficar com preços muito atrativos. “Não investimos em países com instituições fracas e sem proteção jurídica aos investidores. Também não compramos ações em países muito endividados, como Grécia ou Japão. E excluímos o Brasil porque já temos um fundo para investir aqui”, diz Beldi.

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O que passou por esse filtro inicial da Mint foram 35 países. A gestora usou então o múltiplo conhecido como “P/E de Shiller” – ou um índice de preço da ação dividido pelo lucro por ação, com adaptações sugeridas pelo professor Robert Shiller, Prêmio Nobel de Economia – para encontrar os países com as ações mais baratas. Identificados esses mercados, os gestores começaram a escolher os ativos que serão comprados. Nos EUA, a posição é de apenas 10% do patrimônio do fundo – apesar de o mercado acionário americano responder por 50% das Bolsas globais. “Não dá para apostar contra os EUA, que têm uma economia muito forte. Mas como o P/E de Shiller indica que está caro, a gente tem uma porção modesta do portfólio lá.”

Os outros países que receberam investimentos foram Singapura, Hong Kong, Taiwan, China, Portugal, Espanha, Noruega, França, Colômbia e Austrália. Em todos esses casos, o fundo compra um ETF (fundo de ações listado em Bolsa e que segue algum índice). O fundo só tem “stock picking” – ou seja, escolha dos papéis mais atraentes do mercado – nos EUA.

Para não correr risco de câmbio, o fundo também faz hedge de moedas. Então o investimento em Portugal, por exemplo, é “dolarizado” – já que a oscilação do euro é compensada pela compra de dólar contra euro no mercado de câmbio. O mesmo ocorre com os demais investimentos em ETFs. Logo, na prática o investidor tem uma aplicação em dólar

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O fundo está aberto aos investidores, mas só permite aplicações mínimas de R$ 1 milhão. A partir de julho, quando entra em vigor a nova regulamentação da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para fundos de investimento, a ideia da Mint é abrir a carteira para aplicações a partir de R$ 50 mil, mas somente de investidores qualificados.