O que é tag along e quais os benefícios para o pequeno investidor?

" É um mecanismo de proteção para os minoritários", afirma o operador da Um Investimentos, Paulo Hegg

Diego Lazzaris Borges

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SÃO PAULO – Se você investe em ações, provavelmente já deve ter ouvido falar em tag along. Mas você sabe exatamente o que significa o termo e, principalmente, quais são os benefícios do tag along para os investidores pessoa física?

O tag along nada mais é do que um mecanismo previsto na Lei das S.A. (Lei das empresas de Sociedade Anônima), que visa dar mais garantia aos acionistas minoritários, nos casos de mudança no controle da companhia. “É um mecanismo de proteção para os minoritários”, afirma o operador da Um Investimentos, Paulo Hegg.

Ou seja, se a empresa garantir um tag along de 100%, significa que o acionista minoritário receberá 100% do valor por ação recebido pelo controlador, no caso de venda da empresa. Se o tag along for de 80% (mínimo estabelecido pela Lei das S.A.), o minoritário receberá esta proporção do valor pago por ação ao controlador.

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Governança corporativa
Entretanto, pela lei, o tag along só é garantido aos acionistas que possuem papéis ordinários (ON). Já aqueles que detêm ações preferenciais não se enquadram necessariamente nas regras do tag along, a não ser em casos que a empresa decide estender o benefício aos demais acionistas, o que deve constar no estatuto.

Entre as empresas que estendem o tag along para as ações preferenciais estão o Bradesco (tag along de 80%), a Gerdau (tag along de 100%) e Santander (tag along de 100% para as units).

Já nas empresas que participam do Novo Mercado (segmento destinado a empresas que se comprometem com a adoção de padrões elevados de governança corporativa) da Bovespa, o tag along deve ser de 100% do valor pago aos acionistas controladores. Lembrando que, para participar do Novo Mercado da Bolsa, a empresa só pode ter ações ordinárias em circulação.

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Casos
Um exemplo que mostra claramente como os detentores de ações que possuem tag along são beneficiados em casos de mudança de controle da companhia aconteceu em 2004, com a mudança do controle acionário da AmBev para a belga Interbrew, que levou à criação da InBev.

Na ocasião, as ações ordinárias da AmBev acumularam ganho de 10,35% nos dois pregões após o anúncio oficial da transação, sendo que já estavam com valorização acumulada de 36,6% nos cinco pregões anteriores, por conta dos rumores em relação à transação.

Os papéis preferenciais, por outro lado, caíram 17,98% em dois pregões, contra um ganho de apenas 7,4% nas cinco sessões anteriores.

Mais recentemente, os rumores de uma possível aquisição da Usiminas pela Gerdau ou pela CSN têm feito com que os papéis ordinários tenham um melhor desempenho. “Como a Usiminas tem em seu estatuto um tag along de 80% apenas para as ações ordinárias, os papéis preferenciais ficam menos visados”, afirma o analista do BB Investimentos, Victor Penna.

Enquanto os papéis ordinários da Usiminas (USIM3) acumulam alta de 2,62% no ano, as ações preferenciais (USIM5) registram queda de 23,97% em 2011.

Longo prazo
De acordo com Hegg, buscar por ações que garantem o tag along é ideal especialmente para os investidores que focam no longo prazo ou para aqueles que acreditam em uma possível alteração do controle acionário da companhia.

“Os investidores de curto prazo, que compram e vendem no mesmo dia, não precisam olhar muito para isso, a não ser em casos de uma confirmação de mudança do controle”, afirma Hegg.

Diego Lazzaris Borges

Coordenador de conteúdo educacional do InfoMoney, ganhou 3 vezes o prêmio de jornalismo da Abecip