Saí do cheque especial e comecei a poupar; como alcançar meus objetivos?

André Crepaldi, CFP, planejador financeiro certificado pelo IBCPF, responde a pergunta de leitora do InfoMoney

Equipe InfoMoney

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Pergunta

Tenho 29 anos, sou desenvolvedor de aplicativos e tenho algumas duvidas sobre investimento, aposentadoria e coisas assim. Um pouco sobre mim antes: venho de uma família simples, onde nos foi ensinado desde criança que “comprar carro é um investimento” e “que quem não financia, não tem crédito”. Então demorei um bom tempo até conseguir me desligar um pouco destas amarras, e procurar tentar fazer as coisas um pouco mais corretas com meu dinheiro, passei ao menos uns dois anos ganhando para pagar o cheque especial apenas. Hoje em dia minha situação atual é: trabalho com contratos para empresas de fora, recebo tudo via Paypal, e transfiro para minha conta do brasil, meu status é o seguinte:

Cenário

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– Salário médio de R$ 12,5 mil (Média dos últimos 6 meses);

– R$ 50 mil guardados em poupança;

– Carro quitado;

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– Casarei em 2016;

– Pretendo morar de aluguel até conseguir juntar um bom dinheiro, cerca de R$ 350 mil, para construir minha casa, já possuo um terreno.

Investimentos

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– VGBL de valor baixo, acho que de R$ 60 por mês;

– Quatro títulos de capitalização;

– Comecei a investir no Tesouro Direto mês passado.

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Duvidas

– Tenho várias dúvidas sobre o Tesouro Direto, principalmente sobre o que é melhor fazer. Resolvi diversificar, compro mais ou menos R$ 100,00 de cada uma das opções por mês, isso é muito errado?

– Sei que estou um pouco atrasado para a aposentadoria, mas gostaria de tentar entender qual é a melhor maneira de agir neste caso, como tenho planos a curto, médio e longo prazo (casar, construir casa e me aposentar bem) qual é uma maneira mais segura de tentar alcançar estes objetivos?

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– Atualmente ao transferir o dinheiro do Paypal para a minha conta, perco um pouco de dinheiro, porque infelizmente o paypal tem uma cotação bem inferior ao mercado, conhecem alguma outra solução?

Leitor: Bruno

Resposta de André Crepaldi, CFP, planejador financeiro certificado pelo IBCPF

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Olá Bruno!

Parabéns por sua disciplina e por ter conseguido desligar-se destas “amarras”. Realmente sem estas crenças você chegará mais longe.

Observando em seus comentários, para seu cenário atual e objetivos tenho algumas considerações, a saber:

Você mencionou um salario médio dos últimos meses, mas, além disso, a base para um bom planejamento financeiro é conhecer o seu orçamento mensal e sua capacidade de poupança.

Partindo da premissa que o dinheiro que tem em Poupança seria sua reserva de emergência e não seria destinado a outros projetos, poderíamos melhorar esta rentabilidade já que na poupança você praticamente não esta rendendo seu dinheiro, e mal esta sendo corrigindo pela inflação. Quando falamos de investimentos, o que nos interessa é a rentabilidade real (dinheiro que rende acima da inflação acumulada). Se temos, por exemplo, uma inflação acumulada de 6,5% ao ano, seu dinheiro deveria render acima desta taxa anual, já que até este ponto você não esta rendendo seu dinheiro, se não apenas corrigindo seu poder de compra.

Para atingir seus objetivos, ao invés de pagar juros em um financiamento, o ideal seria provisionar este dinheiro em um investimento e terá o juros a seu favor e não contra.

Para determinar sua necessidade de poupança mensal para seus objetivos podemos seguir este exemplo:

Valor desejado para o objetivo / prazo desejado = valor mensal a provisionar.

Se este valor cabe no seu orçamento, OK. Caso não caiba, basicamente temos 3 opções:

1) Reduzir o tamanho do objetivo;

2) Aumentar o prazo para alcança-lo;

3) Reduzir despesas em outras categorias de gastos para poupar mais para este objetivo. A vida é feita de escolhas…

Com o cenário atual de nossa economia, e como você tem objetivos de curto e médio prazo, eu recomendaria investimentos de baixo risco e alta liquidez, assim como para sua reserva de emergência que deve estar sempre à disposição para eventualidades.

Neste caso, podemos pensar em investimentos pós fixados, atrelados à Selic, como, por exemplo, os investimentos no tesouro direto, mais especificamente na LFT que é atrelada à Selic. Ou ainda CDBs que estão atrelados ao CDI. Estes deveriam render próximo de 100% do CDI, pelo menos, para que seja mais atrativo que a LFT do tesouro direto.

No tesouro direto você poderia vender os títulos toda quarta feira, o que lhe permite manter certa liquidez.

Existem também oportunidades de LCI/LCA de bancos médios, que tem a proteção do FGC (Fundo Garantidor de Crédito) em até R$ 250 mil, e apresentariam uma remuneração um pouco mais atrativa dependendo das opções que encontrar. Este tipo de investimento tem liquidez reduzida, e normalmente exigem um aporte mínimo um pouco maior, o que dificulta o investimento em aportes mensais com o que será destinado de seu orçamento para investimento em seus objetivos.

Com relação ao tesouro direto vale estudar mais sobre as diferentes opções de investimento disponíveis, já que dentre elas pode diversificar entre curto, médio e longo prazo. Ao diversificar da maneira que esta fazendo, esta reduzindo riscos, mas cada título tem sua característica que deve estar associada ao seu objetivo, principalmente em relação ao prazo do mesmo. Isso para que você evite perder dinheiro, por exemplo, investindo em uma NTN-B e depois precisar do dinheiro em seis meses, em um cenário de alta da taxa Selic. Neste caso o preço unitário da cota (preço a mercado) seria mais baixo e você perderia dinheiro ao vender o título antes do vencimento.

Nunca é tarde para iniciar seu projeto de aposentadoria, o importante é começar, e como esta assumindo o controle de sua vida financeira, eu recomendaria parar de investir em Previdência Complementar para aplicar diretamente em títulos públicos do tesouro e ETFs (DIVO 11 e BOVA 11 – para entrar no mercado de ações, mas reduzindo custos e risco). Ao deixar de pagar as enormes taxas de administração nestes fundos de Previdência Complementar você já terá um enorme ganho lá na frente.

Além disso, para qualquer fundo de investimento que pretenda investir, aprenda a olhar a composição do fundo e não apenas a rentabilidade passada. Verá que muitos fundos de renda fixa aplicam mais de 75% dos recursos no tesouro direto.

PICS, não os considero como investimento. Geralmente apresentam baixa rentabilidade e liquidez.

Por fim, com relação a transferência de dinheiro das empresas que lhe pagam no exterior, sugiro perguntar diretamente a elas sobre outras opções para você que possa analisar.

Forte abraço e sucesso em seu planejamento financeiro.

André Crepaldi é planejador financeiro pessoal e possui a certificação CFP® (Certified Financial Planner), concedida pelo Instituto Brasileiro de Certificação de Profissionais Financeiros (IBCPF). 

As respostas refletem as opiniões do autor. O IBCPF e o Infomoney não se responsabilizam pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer natureza em decorrência do uso destas informações.

Perguntas devem ser feitas no formulário http://www.infomoney.com.br/onde-investir/infomoney-responde-formulario-pergunta