Quero ter renda mensal de R$ 10 mil aos 50 com investimentos; minha estratégia é boa?

Janser Rojo, CFP, planejador financeiro certificado pelo IBCPF, responde a pergunta de leitor do InfoMoney

Equipe InfoMoney

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Pergunta:

Tenho 28 anos e procuro fazer investimentos nos quais eu acumule um capital ou bens que me gerem renda mensal em torno de R$ 10.000,00 (valores atuais) por volta dos 50 anos.

Trabalho com carteira assinada e tenho renda mensal variável, que no ano passado por exemplo ficou em média R$ 18 mil brutos por mês. Meus investimentos são dividos da seguinte forma: 2 aposentadorias privadas com aplicações mensais de R$ 500,00 cada, uma pela empresa em que trabalho no qual a empresa põe 150% em cima (capital acumulado em torno de R$ 10 mil) e outra pela banco que tenho conta (capital acumulado um pouco mais de R$ 50 mil). R$ 30 mil em um fundo de renda fixa, 30 mil em LCI a 96% que vencem em maio deste ano, uma aplicação mensal de R$ 300 em ações da empresa em que trabalho onde ganho um bônus de 5% na compra das ações (capital acumulado em torno de 800).

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Atualmente estou pagando meu primeiro imóvel (um apartamento na planta com data de entrega para daqui a dois anos), parcelas mensais de R$ 1500 reais mais uma anual de R$ 17 mil e outro bem que possuo é um carro no valor de R$ 60 mil (que já estou pondo a venda pois praticamente não o utilizo). Minhas despesas mensais são muito baixas em torno de R$ 2 mil, passo 80% do meu tempo viajando e todos as minhas despesas neste período são custeadas pela empresa.

Gostaria de saber a opinião de um profissional da área de finanças sobre os meus atuais investimentos e dicas para maximizar meus ganhos.

Leitor: Tiago

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Resposta de Janser Rojo, CFP, planejador financeiro certificado pelo IBCPF:

Olá Tiago,

Você tem uma meta bem definida de longo prazo e isso já é um ótimo começo! Dá para perceber também que você está comprometido com essa meta, pois mostra preocupação em cuidar melhor dos seus investimentos. Todo planejamento financeiro, porém, envolve mais áreas do que somente os investimentos e acho que é por aí que você precisa aumentar sua atenção. Vou destacar estas áreas abaixo e com isso espero lhe mostrar um caminho onde vai poder usar o dinheiro como uma ótima ferramenta para atingir todos os seus objetivos:

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1) Gestão Financeira: você tem uma capacidade de poupança muito grande, ou seja, consegue guardar quase todo o dinheiro que ganha já que suas despesas mensais são baixas. Inicialmente, isso pode parecer a situação ideal, mas ainda assim acende um “sinal amarelo” para suas finanças que precisa ser analisado: será que não está focando muito no futuro e esquecendo de viver o presente? Quais são seus objetivos de curto e médio prazo? Às vezes nos esforçamos tanto para guardar dinheiro para uma aposentadoria tranquila que esquecemos que todas as etapas da vida são importantes. Acredito que você pode aumentar suas despesas mensais para ter mais qualidade de vida e ainda assim manter uma capacidade de poupança suficiente para os objetivos de longo prazo.

2) Gestão de Ativos: aqui entra a sua preocupação com os investimentos e a regra básica é sempre acompanhar de perto o que está acontecendo com seu dinheiro. Qual é a rentabilidade que estão apresentando mês a mês? Essa rentabilidade está de acordo com o seu perfil de risco e outros investimentos equivalentes? Quais as taxas que está pagando (carregamento, administração, performance…)? O cenário econômico mudou desde que fez o investimento e é necessário alguma mudança no portfolio? Os investimentos precisam de atenção, de preferência uma boa análise mensal. É um erro achar que um investimento específico será bom para sempre, pois a economia muda e nós também mudamos, o que altera nossas preferências ao longo do tempo.

3) Gestão de Risco: essa é uma área que muita gente esquece de incluir no seu planejamento, pois trata-se daquelas situações inesperadas, que ninguém quer que aconteça, mas que no fim todo mundo está sujeito. É o famoso “e se…”. E se eu perco o emprego? E se minha casa pega fogo? E se roubam meu carro? E se eu sofro um acidente? Para estes casos, é preciso estar preparado utilizando estratégias como seguro, reserva de emergência, mais de uma fonte de renda, etc… Dessa forma, pode acontecer o que for que não irá atrapalhar seus planos futuros.

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4) Planejamento tributário: é a forma de pagar menos imposto legalmente, aproveitando as vantagens que certos produtos oferecem e também se envolvendo nas tributações que estão sendo pagas ao longo do tempo. Na previdência privada por exemplo, só vale a pena PGBL se fizer declaração completa de imposto. E a tabela escolhida, é progressiva ou regressiva? No caso da LCI, é um ótimo investimento para quem não precisa do dinheiro no curto prazo, pois não tem imposto. Nos fundos de renda fixa, incide o come-cotas semestralmente, que não pode ser desprezado no cálculo da sua rentabilidade. Nas ações, também existe a DARF que precisa ser paga no caso de venda de ações maior do que R$ 20 mil no mesmo mês. Enfim, são vários casos que precisam de atenção para não se pagar mais imposto do que deveria. Mesmo a declaração anual de imposto, quando feita por um contador, e os informes de rendimento precisam ser conferidos para ver se estão realmente com todas as informações corretas.

5) Planejamento sucessório: embora a maioria só comece a se preocupar com isso na velhice, é um tema importante para ter no radar por toda a vida, pois o processo de inventário é onde mais se vê destruição do patrimônio quando não é bem planejado. Como você gostaria que fossem divididos seus bens? É necessário um testamento? E para receber uma herança, não poderia já ser planejada em vida? Caso resolva se casar ou formar uma união estável, como seria o regime de bens? Mesmo não sendo uma conversa “agradável”, pode evitar muitos problemas lá na frente.

6) Planejamento de Aposentadoria: neste ponto, você definiu seu objetivo que seria R$ 10 mil de renda mensal daqui 22 anos. Como você bem especificou, este seria um valor atual, mas que com a inflação com certeza será um valor necessário de renda mensal bem maior no futuro. Para se ter uma ideia, se considerarmos uma inflação constante de 5% ao mês nos próximos 22 anos, este valor subiria para quase R$ 30 mil de renda mensal, ou seja, triplica o valor necessário na aposentadoria. E aí, qual é o montante mensal que precisa ser guardado? Quais serão as fontes de renda (investimentos, previdência pública, previdência privada, alugueis…)? Qual o índice de inflação que está reajustando estas fontes? Será que minha inflação pessoal está de acordo com estes índices (o índice reflete uma média da população, sendo que a nossa inflação pessoal pode ser ainda maior)? Novamente os questionamentos aparecem para nos lembrar que existem muitas variáveis que interferem no nosso planejamento de longo prazo.

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Estas 6 áreas são abordadas em um bom planejamento financeiro, por isso é que não adianta somente olhar para investimentos quando outras áreas estão “descuidadas”. A rentabilidade pode ir por água abaixo se acontece um evento inesperado e não se está preparado para ele.

Além disso, realmente é muita informação, principalmente para quem não é da área financeira. Por isso, já existe a figura do planejador financeiro que visa dar acompanhamento às pessoas em todas estas áreas, sem que a pessoa precise entender profundamente do assunto. Caso não tenha tempo ou não queira se aprofundar, procure a ajuda dos profissionais certificados pelo IBCPF (Instituto Brasileiro de Certificação de Profissionais Financeiros).

Espero ter mostrado que, mais importante do que se preocupar somente com os investimentos, é a qualidade de vida conseguida através de um Planejamento Financeiro completo, aproveitando o presente e se preparando para o futuro.

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Grande abraço!

Janser Rojo é planejador financeiro pessoal e possui a certificação CFP® (Certified Financial Planner), concedida pelo Instituto Brasileiro de Certificação de Profissionais Financeiros (IBCPF). 

As respostas refletem as opiniões do autor. O IBCPF e o Infomoney não se responsabilizam pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer natureza em decorrência do uso destas informações. Perguntas devem ser encaminhadas para onde_investir@infomoney.com.br

Prezado Hildebrand, 

Pouco a pouco é possível ver mudanças significativas no perfil de investimento dos brasileiros. Percebemos, por exemplo, o crescimento do numero de jovens que estão disponibilizando parte de sua renda para se planejar financeiramente para a sua aposentadoria. É um movimento que tende a crescer cada vez mais ao longo dos próximos anos, especialmente com a educação financeira em curso em nossa sociedade. 

 Sua iniciativa é digna de receber elogios e servir de exemplo a outros tantos… 

 Como seu planejamento para esse investimento tem um horizonte de 15 anos algumas observações importantes devem ser feitas. Em uma simulação com um investimento inicial de R$ 10.000 e aplicações regulares de R$ 500, com uma rentabilidade anual de 10%, atingiremos após 15 anos um capital de R$ 242.583, sem considerar a inflação no período. Com esse capital investido é possível viver com uma renda de aproximadamente R$ 2 mil/mês, complementando a sua aposentadoria. No entanto, a pergunta magica é como atingir essa rentabilidade para um baixo risco no investimento. 

 Com as informações presentes não é possível identificar qual o seu perfil de investidor, onde seria possível identificar o quanto de risco você esta propenso a aceitar em sua carteira de investimentos (para saber o seu perfil de investidor é aconselhável buscar sua instituição financeira e responder ao questionário “Suitability”). No entanto, podemos considerar que você segue o padrão brasileiro de conservadorismo em seus investimentos, bastante carregado de “renda fixa” , mas propenso a conhecer novos produtos para pequenos investimentos. 

 Sugiro, para você superar a rentabilidade apresentada na simulação, que divida seu patrimônio em 2 partes. 

 A primeira parte é separar R$ 5 mil inicial e 80% de suas aplicações regulares para um fundo de renda fixa com credito privado que supere consistentemente 100% do CDI. Muitos fundos conseguem superar esse benchmark, e possuem aplicações inicias bastante acessíveis. Prefira esse investimento as NTN-Bs e a sua aplicação em imóveis. 

 Para os outros R$ 5 mil iniciais, e 20 % de suas aplicações mensais (R$100,00), podemos ser um pouco mais arrojados, buscando atingir uma rentabilidade superior do que a renda fixa. Como sua disponibilidade atual é pequena para ser investida diretamente em ações (coma na sua atual carteira de ações de Vale e Itau), uma excelente alternativa são os fundos de ações. 

 Os fundos de ações são, para a grande maioria dos investidores, a melhor alternativa para seus investimentos em renda variável. Apresentam vantagens como liquidez, diversificação e uma gestão profissionalizadas dos seus investimentos. Com ele você estará bem atendido para atingir sua meta de longo prazo na aposentadoria. Procure gestoras com comprovada competência em sua equipe de analise, e fundos de ações que sejam considerados “Ibovespa ativo”, com a intenção de superar o bechmark. Prefira esses as ações propriamente ditas. 

 E lembre-se: o resultado do seu sucesso financeiro também depende de você! 

 *Fabiano Pessanha, CFP, planejador financeiro certificado pelo IBCPF