Estou em dúvida entre Tesouro Direto e fundo de pensão; qual é melhor?

Licelys Marques, CFP, planejadora financeira certificada pelo IBCPF, responde a pergunta de leitor do InfoMoney

Equipe InfoMoney

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Pergunta:

Trabalho em uma empresa estatal e nela temos um fundo de pensão. Funciona assim: para cada real que contribuo, a empresa que no caso é a patrocinadora contribui com um real também.

Os planos oferecidos pela Fundação para quando chegar a aposentadoria são os seguintes:

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VITALÍCIO: Neste caso,quando me aposentar, a Fundação irá me remunerar com um salário mensal mais o décimo terceiro salário para o resto de minha vida com um valor aproximado de 0,5% do saldo existente na minha conta de aposentadoria. Esse benefício terá correção anual pelo IPCA, e ainda caso faleça, minha esposa poderá receber o benefício vitalício. Filhos somente terão direito ao beneficio, na falta de pai e mãe somente até os 24 anos.

PERCENTUAL DO SALDO: Neste caso podemos escolher receber por mês, um percentual do saldo da conta aposentadoria. Esse recurso continuará sendo aplicado pela fundação e rendendo juros. Nós fazemos a opção por qual valor percentual queremos receber. Pode variar de 0,2% a 1% do saldo da conta. Neste caso não há pagamento de 13º salário. Em caso de falecimento do beneficiário, não há pensão, e o saldo restante na conta é sacado pelos familiares, no caso, esposa e ou filhos.

RETIRADA PROGRAMADA: Podemos programar um tempo, 10, 15 e 20 anos para fazer uma retirada mensal ata se esgotar os recursos da conta aposentadoria. Neste caso o recurso mensal do benefício é maior em relação ao VIALÍCIO, mas não há pagamento de 13° salário. Em caso de falecimento do beneficiário, não há pensão, e o saldo restante na conta é sacado pelos familiares, no caso, esposa e ou filhos.

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Outra opção é fazer o saque da conta, com IR de 27,5% e tentar outro investimento.

A minha pergunta é a seguinte: O tesouro direto é uma boa aplicação quando se trata em longo prazo? Uma NTN-B para 2050 com cupons semestrais seria mais interessante, uma vez que ela paga uma taxa de 6,67% ao ano + IPCA?

Seria viável essa mudança?

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Leitor: Marcelino

Licelys Marques, CFP, planejadora financeira certificada pelo IBCPF:

As NTN-B são títulos de renda fixa que pagam IPCA (inflação) acrescida de uma taxa fixa anual. O grande benefício desse tipo de operação é que o investidor será remunerado com uma taxa de juros reais e não correrá o risco do seu investimento ter uma rentabilidade inferior a inflação.

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A recomendação é alocar uma parte do seu patrimônio nesse tipo de título, mas sempre com um horizonte de longo prazo e de preferência segurar a operação até o seu vencimento, pois as NTN-B possuem marcação a mercado e podem sofrer deságio caso os juros futuros subam ou podem ter ágio caso os juros futuros caiam. Se o investidor resolver vender esses títulos antes do vencimento em um ciclo de juros futuros subindo pode ter deságio no valor do título e sair perdendo nessa operação. Se o investidor permanecer com os títulos até a sua data de vencimento, receberá o valor correspondente à rentabilidade contratada no momento da compra, independente das variações de preço do título ao longo da aplicação.

Por isso, a recomendação seria fazer uma carteira de investimentos mais diversificada incluído títulos mais líquidos que possibilitem o investidor a resgatar algumas aplicações sem risco de deságio caso precise utilizar parte de sua reserva para outro fim.

No caso descrito, o investidor aderiu a um fundo de pensão na empresa ao qual trabalha e no momento do recebimento do benefício pode optar por algumas opções de benefício conforme comentou e inclusive pode optar pelo saque da reserva.

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O fundo de pensão é uma previdência fechada e como o PGBL possui incentivo fiscal. No caso de declaração completa de imposto de renda, existe a possibilidade de o participante poder deduzir até 100% das contribuições pagas à previdência complementar, até o limite de 12% da sua renda anual. A tributação no resgate ou na renda será sobre o total da reserva e não somente sobre o rendimento como é o caso do VGBL.

Como o próprio investidor comentou ele será tributado em 27,5% sobre o total da reserva no momento do saque ou no recebimento da renda mensal e isso deve ser muito bem analisado, pois o montante acumulado diminuirá consideravelmente e o mesmo será novamente tributado sobre o rendimento das vendas, nos vencimentos de títulos e nos pagamentos de cupons das NTN-B de acordo com a tabela progressiva que varia entre:

• Alíquota de 22,5% – eventos ocorridos até 180 dias após a aplicação;

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• Alíquota de 20% – eventos ocorridos até 360 dias após a aplicação;

• Alíquota de 17,5% – eventos ocorridos até 720 dias após a aplicação;

• Alíquota de 15% – eventos ocorridos após 720 dias da aplicação.

O que precisa ser analisado agora é uma análise da necessidade de renda mensal que a família precisa e precisará nos próximos anos.

Se 0,5% do saldo projetado da reserva for suficiente para atender as necessidades da família é interessante optar pela renda vitalícia, pois o benefício será corrigido anualmente pelo IPCA e o investidor não perderá o poder de compra a longo prazo. Além disso, após a morte do beneficiário, a esposa receberá o benefício vitalício e na ausência do pai e da mãe, os filhos terão o benefício até os 24 anos de idade.

Caso a família precise mais que 0,5% do saldo projetado, o melhor cenário seria que o investidor saque somente à taxa excedente à inflação, pois isso possibilitaria manter o patrimônio e após a sua morte o montante será direcionado como herança para a família.

Nesse caso teremos que analisar a rentabilidade média apresentada pelo gestor do seu fundo de pensão versus a rentabilidade contratada na NTN-B. Só será interessante o resgate do fundo de pensão se a rentabilidade média do fundo de pensão for muito inferior as das NTN-B, pois o investidor será taxado em 27,5% sobre o total da reserva no saque do fundo de pensão. A NTN-B 150850 está pagando IPCA + 7% a.a e isso correspondem a aproximadamente 12,82% a.a (considerando um IPCA de 5,82% em 2013). Só o pagamento do imposto no resgate do fundo de pensão comeria 2 anos de rentabilidade das NTN-B aproximadamente.

Licelys Marques é planejadora financeira pessoal e possui a certificação CFP® (Certified Financial Planner), concedida pelo Instituto Brasileiro de Certificação de Profissionais Financeiros (IBCPF). 

As respostas refletem as opiniões do autor. O IBCPF e o Infomoney não se responsabilizam pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer natureza em decorrência do uso destas informações. Perguntas devem ser encaminhadas para onde_investir@infomoney.com.br

Prezado Hildebrand, 

Pouco a pouco é possível ver mudanças significativas no perfil de investimento dos brasileiros. Percebemos, por exemplo, o crescimento do numero de jovens que estão disponibilizando parte de sua renda para se planejar financeiramente para a sua aposentadoria. É um movimento que tende a crescer cada vez mais ao longo dos próximos anos, especialmente com a educação financeira em curso em nossa sociedade. 

 Sua iniciativa é digna de receber elogios e servir de exemplo a outros tantos…

 Como seu planejamento para esse investimento tem um horizonte de 15 anos algumas observações importantes devem ser feitas. Em uma simulação com um investimento inicial de R$ 10.000 e aplicações regulares de R$ 500, com uma rentabilidade anual de 10%, atingiremos após 15 anos um capital de R$ 242.583, sem considerar a inflação no período. Com esse capital investido é possível viver com uma renda de aproximadamente R$ 2 mil/mês, complementando a sua aposentadoria. No entanto, a pergunta magica é como atingir essa rentabilidade para um baixo risco no investimento.

 Com as informações presentes não é possível identificar qual o seu perfil de investidor, onde seria possível identificar o quanto de risco você esta propenso a aceitar em sua carteira de investimentos (para saber o seu perfil de investidor é aconselhável buscar sua instituição financeira e responder ao questionário “Suitability”). No entanto, podemos considerar que você segue o padrão brasileiro de conservadorismo em seus investimentos, bastante carregado de “renda fixa” , mas propenso a conhecer novos produtos para pequenos investimentos.

 Sugiro, para você superar a rentabilidade apresentada na simulação, que divida seu patrimônio em 2 partes.

 A primeira parte é separar R$ 5 mil inicial e 80% de suas aplicações regulares para um fundo de renda fixa com credito privado que supere consistentemente 100% do CDI. Muitos fundos conseguem superar esse benchmark, e possuem aplicações inicias bastante acessíveis. Prefira esse investimento as NTN-Bs e a sua aplicação em imóveis.

 Para os outros R$ 5 mil iniciais, e 20 % de suas aplicações mensais (R$100,00), podemos ser um pouco mais arrojados, buscando atingir uma rentabilidade superior do que a renda fixa. Como sua disponibilidade atual é pequena para ser investida diretamente em ações (coma na sua atual carteira de ações de Vale e Itau), uma excelente alternativa são os fundos de ações.

 Os fundos de ações são, para a grande maioria dos investidores, a melhor alternativa para seus investimentos em renda variável. Apresentam vantagens como liquidez, diversificação e uma gestão profissionalizadas dos seus investimentos. Com ele você estará bem atendido para atingir sua meta de longo prazo na aposentadoria. Procure gestoras com comprovada competência em sua equipe de analise, e fundos de ações que sejam considerados “Ibovespa ativo”, com a intenção de superar o bechmark. Prefira esses as ações propriamente ditas.

 E lembre-se: o resultado do seu sucesso financeiro também depende de você!

 *Fabiano Pessanha, CFP, planejador financeiro certificado pelo IBCPF