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Sim, a Qualicorp merecia despencar na bolsa após o balanço; mas 25% não foi demais?

Empresa já foi tida como uma das queridinhas do mercado, mas seu "mundo virou" nas últimas semanas após a divulgação do balanço do 4º trimestre; para muitos, era justo ela cair na bolsa, mas nos níveis atuais alguns "caçadores de barganha" já começam a encarteirá-la

Mariana Zonta d'Ávila

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SÃO PAULO – Uma das “galinhas dos ovos de ouro” preferida da Bovespa parece ter ficado estéril: após o “alerta” dado no final de 2017 com os resultados do 3º trimestre, a Qualicop (QUAL3) confirmou uma mudança de tendência nos seus resultados operacionais, principalmente pelo forte recup no números de segurados da sua base, e o mercado não teve misericórdia, haja vista a queda de quase 25% das ações na bolsa em apenas 7 dias. No entanto, se faltou piedade, sobrou exagero, na opinião de muitos analistas e gestores, que acreditam que hoje a empresa é uma grande oportunidade de investimento para o longo prazo (pois o curto prazo ainda deve ser difícil para ela). E a Carteira InfoMoney se mobilizou para isto.

Antes de ir à recomendação, vamos entender por que a Qualicorp era uma das queridinhas do mercado acionário – e por que tudo mudou nas últimas semanas. Pelo seu modelo de negócios não exigir grandes investimentos e por ter uma fortíssima presença num segmento com pouca penetração no Brasil (venda de planos de saúde), a empresa acostumou mal os investidores ao reportar forte geração de caixa e margens operacionais gordas. Por conta disso, suas ações mostraram resiliência ao longo desta década “difícil” do Ibovespa – embora eventos de âmbito “policial”, como no caso em que um ex-sócio de uma subsidiária foi citado na Operação Acrônimo, fato que embora não envolvesse a empresa diretamente acabou trazendo turbulência nas suas ações na bolsa. Mas em linhas gerais, ela era uma empresa que o mercado aceitava “pagar um prêmio” pelo forte crescimento apresentado a cada balanço trimestral.

Esse céu de brigadeiro começou por volta de 2012, quando ela se colocou como uma “first mover” dentro do segmento dos planos de adesão (na qual o segurado está inserido em uma entidade ou categoria profissional). No início de 2017, porém, a companhia mostrou uma perda líquida mais tangível no “número de vidas” (no caso, os segurados), fato que provocou uma correção nos seus preços em bolsa e, consequentemente, uma nova oportunidade de compra, explica um analista de um fundo de investimento que acompanha a empresa desde 2011. “Nos debruçamos no case e percebemos que havia oportunidade de alavancagem operacional”, conta o gestor, que aumentou exposição na empresa naquela época. A tese se mostrou assertiva e as ações QUAL3 subiram 100% de abril para outubro de 2017, chegando a R$ 38 (seu maior patamar na história).

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Contudo, as coisas começaram a mudar para a Qualicorp na reta final do ano. Tudo começo nos resultados do 3º trimestre, que sazonalmente é sempre o pior para a empresa por se tratar do período de “aniversário” dos planos,  em que ocorre o reajuste nos preços e provoca uma queda na base de vidas. Em alguns “terceiros trimestres” desta década, a redução de segurados havia sido compensada pelo forte reajuste no preços dos planos – ela conseguiu repassar reajustes de até 20% por 4 anos consecutivos, explicou este gestor; contudo, no 3º tri de 2017, a empresa não teve a mesma sorte e teve um duro impacto no “ticket médio” dos planos de saúde, visto que os segurados antigos deixaram os planos e novos segurados que ingressam geralmente pagam um valor menor.

No entanto, se o 3º trimestre já era para ser mais fraco, algo inédito aconteceu no balanço do 4º trimestre, divulgado na noite do dia 15 de março. Além de registrar uma forte perda de vidas (segurados), a Qualicorp apresentou uma queda na receita líquida na comparação ano-a-ano, algo nunca antes visto em sua história. Fora isso, houve um aumento de PDD (Provisão para Devedores Duvidosos) por conta maior número de “churn” (índice de cancelamento de clientes). Consequência disso: as ações QUAL3, que já haviam caído 13% nos seis pregões pré-divulgação de resultado – algo muito forte para uma companhia tida como “segura” e que já alertava sobre o que poderia vir – derreteram 12% no “day after” do resultado. Ao todo, praticamente um quarto de valor de mercado da companhia “sumiu” em apenas sete pregões.

“Resultado fraco com momentum nada inspirador”, afirmaram os analistas do BTG Pactual. A equipe do Bank of America Merrill Lynch também não aliviou em sua avaliação, já que o Ebitda (Lucros Antes de Juros, Impostos, Depreciação e Amortização, na sigla em inglês) de R$ 203 milhões da Qualicorp ficaram bem abaixo dos R$ 260 milhões estimados pelo banco, ao mesmo tempo em que o SG&A (vendas, despesas gerais e administrativas) ficou 9% acima do que ele esperava. Com menor geração de caixa e mais custos, a margem Ebitda (Ebitda/Receita Líquida) mergulhou para 39,9%, muito abaixo não só da estimativa do BofA (47,8%) quanto do consenso do mercado (44%).

Ação merecia cair; mas será que tanto assim?

“Nós até achávamos que a ação poderia cair para uns R$ 28, R$ 25, mas R$ 22 [preço de fechamento da sexta-feira, 16 de março, pregão pós-resultado] foi exagerado. Isso abriu uma grande oportunidade de compra”, afirma o “analista anônimo” do fundo de investimentos. Mas então por que ela caiu tanto? Ele diz que é impossível saber com precisão o motivo, mas pela rapidez do movimento muitas ordens de “stop loss” automáticas podem ter sido acionadas por grandes fundos de investimento, provocando um efeito cascata de vendas.

Seu otimismo não se sustenta apenas pela visão de que “a ação caiu demais”. O analista pontua uma série de medidas que já estão sendo apresentadas pela Qualicorp, tais como a volta de “incentivos” aos corretores em 2018 (a saber: a empresa passou a cortar comissões de vendas em 2017, fato que ajudou a acelerar as quedas na base de vidas) e também a oferta de novos produtos, citando a parceria recentemente anunciada da Qualicorp com a Mapfre (algo que foi vendido ao mercado como “uber da saúde”) e que busca acessar um público com ticket menor. “Com base nisso tudo, vemos um cenário em que a receita volta a crescer no a partir do 2º trimestre de 2018, e na segunda metade do ano ela deverá mostrar um crescimento de dois dígitos, o que nos faz acreditar que em 2019 ela deve crescer entre 12% e 15% em Ebitda”, conclui o analista.

Ele ressalta, no entanto, que esse movimento de retomada deve demorar para maturar na bolsa devido à ausência de “gatilhos” no curto prazo. Contudo, é consenso que a empresa está bem barata:“quando olhamos para o valuation, de fato não dá para ignorar que ele está atrativo”, escreveram os analistas do BTG Pactual. “Vemos uma geração de caixa entre 10 e 11% para o biênio 2018-2019 e um potencial de upside de 26,7% [em relação ao último fechamento] em relação ao nosso preço-alvo de R$ 34, o que faz de QUAL3 a ação mais barata em nossa cobertura da América Latina”, escrevem os analistas Luciano Campos e Vinícius Ribeiro, do Bradesco BBI. 

Qualicorp na Carteira InfoMoney

Aos assinantes do relatório Carteira InfoMoney Premium (clique aqui para assinar) e também para os alunos do curso Como Montar uma Carteira de Ações Vencedora (clique aqui para virar aluno) que possuem acesso às recomendações em tempo real da Carteira, já foi aberta a recomendação de compra de Qualicorp durante o pregão do dia 20 (terça-feira). “Não enxergamos gatilhos de curto prazo para a ação, mas acreditamos que nos patamares atuais estaremos comprando uma boa empresa a um ótimo preço e em um momento em que ela tem dado sinalizações de que pretende se recuperar tanto na parte de adições de novas vidas como em recuperação de receitas”, escreveu o analista responsável da Carteira InfoMoney, Thiago Salomão, em relatório enviado aos assinantes.

Ele explica que a Qualicorp hoje é um “call tático” muito mais interessante do que outras duas posições mais especulativas da Carteira que entraram no decorrer de março, que são CCR e BRF (ambas saíram da carteira para a entrada de QUAL3). No entanto, pela incerteza sobre quanto tempo vai demorar para que a Qualicorp prove que o final de 2017 foi apenas um “erro de percurso”, o tamanho da posição dentro da carteira está relativamente baixa, em torno de 4,5%.

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