Bolsa despenca com caos na política; é hora de comprar ou vender ações?

Após a delação  a bolsa de valores sofre uma queda de cerca de 9,20% nesta quinta-feira 

Giovanna Sutto

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SÃO PAULO – Em meio ao caos político instalado no Brasil após a delação feita pelos donos do frigorífico JBS, Joesley e Wesley Batista, em que mostraram uma gravação do presidente Michel Temer dando aval para comprar o silêncio do deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), a bolsa de valores sofre uma forte queda no pregão desta quinta-feira (18) – o circuit breaker, mecanismo que interrompe as negociações da Bolsa quando o Ibovespa cai mais de 10%, chegou a ser acionado no início do pregão.

Em meio a instabilidade, Raphael Figueiredo, analista técnico da Clear Corretora, afirma que a melhor decisão hoje é ter cautela. “Tanto quem está comprado agora como quem não tem ações deve esperar”, diz. Segundo ele, momento turbulentos como esse não passam do dia para a noite e “esperar os ânimos se acalmarem politicamente” e “aguardar uma retomada do ciclo de negócios” é mais prudente.

Apesar de concordar  que os  momentos de crise geram boas oportunidades de compras de ações devido aos preços baixos, ele acredita que neste momento de grande volatilidade o investidor de longo prazo deve ter muito cuidado para evitar fazer transações precipitadas. Para o analista,  quem não está comprando ações ganha mais ficando de fora do que tentar entrar neste momento instável. “O momento de crise oferece oportunidades, mas talvez elas também ocorram mais pra frente em um momento menos caótico e mais seguro”, afirma o analista.

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O assessor financeiro Jansen Costa, da Fatorial Investimentos, tem opinião diferente. Ele acredita que justamente por ser um momento de crise e queda nos preços, o momento pode ser bom para comprar ações com desconto. “É um bom momento para comprar. O mesmo papel que você comprava ontem, você compra hoje com 15% de desconto, é uma bela oportunidade”, diz. Ele afirma também que não é preciso vender ações simplesmente porque estão caindo. “Você vende com uma estratégia e se for necessária a venda, não pelo porque o pânico está instaurado”.

Para quem está operando na bolsa, Costa é assertivo ao falar que o trader não deve fazer um movimento de troca, no sentido de sair da renda variável e ir para renda fixa nesse momento. Mas outra opção é movimentar ações dentro da própria carteira. “Uma boa é mexer na própria carteira: vender ações que caem menos por aquelas que caem mais. Por exemplo, trocar AmBev que cai menos no pregão para Itaú que sofre uma queda ainda maior, para aproveitar os preços baixos dos papeis do banco e lucrar mais para frente. Mas sempre escolhendo empresas consolidadas, que geram lucros consistentes ao longo do tempo, considerando que a margem de incerteza do que pode acontecer daqui para frente”.

Em relatório da Eleven Corretora, o estrategista-chefe Adeodato Volpi afirma que “cada investidor deve reconhecer a sua necessidade de liquidez e a sua condição de aguardar a estabilização do quadro no Ibovespa”.

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Segundo o relatório, a opção de liquidar suas posições imediatamente “só deve ser adotada por aqueles que não podem absorver as perdas e que não têm condições de aguardar a re-estabilização do ambiente e por consequência, dos preços de todos os ativos”, orienta Volpi.

Para aqueles investidores com disponibilidade de recursos e tempo, “o pânico e a iminente queda aguda pode abrir oportunidade tão sem precedentes quanto o desmantelamento do esquema”, diz o relatório.

 

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Giovanna Sutto

Repórter de Finanças do InfoMoney. Escreve matérias finanças pessoais, meios de pagamentos, carreira e economia. Formada pela Cásper Líbero com pós-graduação pelo Ibmec.