Por que as ações da Tenda têm tudo para disparar?

Após uma tentativa sem sucesso de realizar um IPO da Tenda, a Gafisa, controladora da companhia, realizou um "spin off" da empresa

Weruska Goeking

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SÃO PAULO – Com início de negociações discreto na B3 nesta quinta-feira (4), já que não se trata de um IPO, as ações da Tenda (TEND3), vêm recebendo recomendações de compra e tendo seu preço-alvo fixado bem além do dobro do seu valor inicial. Pelas considerações dos analistas, o papel tem tudo para disparar em seu pregão de estreia.

Após uma tentativa sem sucesso de realizar um IPO da Tenda, a Gafisa (GFSA3), controladora da companhia, realizou um “spin off” da empresa, que seria a separação dos negócios sem a necessidade de realizar uma oferta pública de ações no mercado.

Dessa forma, os acionistas da Gafisa receberão uma TEND3 para cada papel da Gafisa que já detinham, com o preço definido de R$ 8,13 já tendo sido “retirado” do valor de cada GFSA3 desde sexta-feira (28).

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No entanto, esses R$ 8,13 se mostram bem abaixo do que analistas consideram seu preço-justo. A Eleven Financial Research estima preço-alvo em R$ 22 em 12 meses, patamar 170% acima do preço inicial.

“Recomendamos compra das ações de Tenda, pois acreditamos que seja uma oportunidade de adquirir participação em uma empresa operacionalmente equilibrada e eficiente, com demanda cativa no segmento que opera e uma geração de caixa livre (e dividend yield) estabilizada de pelo menos 15% ao ano, com baixa probabilidade de frustração”, afirma o analista da Eleven, Raul Grego Lemos.

Em relatório distribuído aos seus clientes na terça-feira (2), o Bradesco BBI informou o início de sua cobertura dos papéis com perspectiva outperform (acima da média do mercado, o equivalente a compra) e preço-alvo estimado em R$ 20, upside de 146%.

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A perspectiva otimista para o desempenho da Tenda na bolsa vem da percepção do Bradesco BBI de que a rentabilidade da companhia deve atingir, “em breve”, o mesmo patamar de ROE (retorno sobre o patrimônio líquido) da MRV, de 12%.

O Bradesco BBI prevê que o ROE da Tenda alcance 10% neste ano, suba para 12% em 2018 e para 13% em 2019. “Desde a tentativa do IPO no final de 2016, a performance da companhia melhorou o suficiente para merecer um múltiplo melhor”, afirma o Bradesco BBI.

A Eleven avalia que as ações da Tenda chegam ao mercado negociadas com um desconto de 70% em relação aos papéis da MRV, benchmark do setor. “Em tempos normais, Tenda não viria a mercado em um momento tão turbulento e tão descontada, mas a Gafisa, controladora de Tenda, precisa vender ativos para reduzir sua alavancagem”, explica Lemos, da Eleven.

Para a Eleven, os pontos críticos da empresa estão na demanda no segmento de baixa renda dependente da concessão de subsídios, das incertezas do legado dos projetos pré-ajuste de estratégia e os títulos de dívida que podem retardar o pagamento de dividendos.

“Caso pretenda pagar dividendos, a Tenda precisa aprovar uma redução de capital social, o que requer anuência de credores debenturistas”, explica Lemos. Diante do volume de geração de caixa esperado, e do prêmio atribuído a incorporadoras que pagam dividendos, a Eleven acredita que os debenturistas concederão abono para remunerar os acionistas ou a Tenda optará por pagar previamente essa linha de crédito.