O que esperar da fusão entre Anhanguera e Kroton? Entenda o processo

Investidor precisa analisar alguns pontos de reestruturação societária como a sinergia e o que uma empresa tem agregar para a outra

Gabriella D'Andréa

Publicidade

SÃO PAULO – O anúncio da fusão das duas grandes empresas do setor educacional no Brasil, Anhanguera e Kroton, pegou muitos investidores de surpresa e agradou o mercado. As ações das duas empresas registram forte alta desde o início das negociações. Há pouco, enquanto a Kroton (KROT3) avançava 8,14%, a Anhanguera (AEDU3) subia 7,32%.

Acompanhe a cotação de todos os fundos imobiliários negociados na BM&FBovespa

Se o impacto inicial foi positivo, a fusão ainda dependente da aprovação do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica). Mesmo assim, analistas apontam que o mercado enxergou a estratégia das duas empresas com bons olhos.

Continua depois da publicidade

“Achei muito interessante essa fusão que formou a maior companhia de educação do mundo”, afirma o analista da Futura Investimentos, Luis Gustavo Pereira. “As empresas já tinham uma forte presença de investidores estrangeiros que apostavam no setor de educação. Agora, com o crescimento do negócio e uma maior visibilidade no mercado, essa participação pode aumentar, o que seria algo muito positivo para as ações da nova empresa”, afirma.

Como driver positivo, Pereira ressalta a possibilidade de Ebitda em torno de  R$ 1 bilhão, número que chama atenção, conforme anunciou o presidente da Kroton, Rodrigo Galindo, durante teleconferência para analistas nesta segunda-feira (22). O Ebitda é a ferramenta utilizada para ter uma ideia da capacidade da geração de caixa de uma empresa, portanto, quanto maior esse valor, maior é a probabilidade da companhia gerar receita. 

Adicionalmente, mesmo com múltiplos já altos, o especialista acredita que as empresas tendem a torná-los mais atrativos com a consolidação da fusão. Outro fator ressaltado durante a teleconferência foi a expectativa de maior liquidez que os papéis devem apresentar após a conclusão do processo de reestruturação societária.

Continua depois da publicidade

Relação de troca
Para quem já estava posicionado nas ações da Kroton, tudo continua igual. Já para os acionistas da Anhanguera, a relação de troca será de 1,364 ações para cada ação ON (ordinária) da companhia, valor calculado com base na média do preço dos papéis das companhias ponderada pelo volume financeiro dos últimos 30 pregões.

Para a incorporação, a Kroton emitirá 198,8 milhões de ações e a nova empresa seguirá listada no Novo Mercado da BM&FBovespa. No comando da companhia, continuará o atual presidente da Kroton, Rodrigo Galindo.

O que analisar?
Em qualquer processo de fusão envolvendo grandes empresas de capital aberto,  o investidor deve estar atento a alguns fatores para saber se o negócio deve prosperar. De acordo com o analista da Geral Investimentos, Carlos Muller, um dos pontos a se analisar é o modelo de gestão das empresas e o que elas podem agregar uma para a outra.

Continua depois da publicidade

“É preciso ver o que uma pode passar para a outra, tanto em escala como em ganho de sinergia, pois é dessa maneira que o negócio vai crescer e prosperar”, avalia. Outro aspecto destacado é a transparência das companhias, já que o mercado quer saber como as empresas podem se beneficiar da fusão.

Também é importante acompanhar se o negócio original da empresa vai ser alterado, o que, em alguns casos, pode impactar negativamente a ação, considerando que a empresa pode alterar algumas de suas políticas – o que não é o caso da fusão anunciada neste segunda-feira.