Alta misteriosa de 100% da OGX hoje pode estar relacionada com notícia de 2 dias atrás

Na última segunda-feira, a OGX Petróleo e Gás e o fundo Cambuhy I fecharam um acordo com a Eneva em relação a Parnaíba Gás Natural (PGN)

Rodrigo Tolotti

Publicidade

SÃO PAULO – Ainda na parte da manhã já intrigava o mercado a forte alta das ações da OGPar (OGXP3), antiga OGX Petróleo fundada por Eike Batista. O movimento ganhou força, e o papel fechou com alta de 100%, cotado a R$ 0,12, valor que não era atingido desde novembro de 2014. No acumulado da semana os ganhos chegam a 300%. Movimento parecido ocorreu com a OGX Petróleo e Gás (OGSA3), que viu suas ações subirem 92,57%, para R$ 2,85, enquanto nos três últimos pregões a alta é de 209,78%.

Alguns leitores mandaram mensagem para o InfoMoney questionando este movimento, mas há uma grande dificuldade em conseguir informações sobre a companhia porque desde a derrocada dos papéis, e consequente pedido de recuperação judicial, praticamente todos os analistas deixaram de acompanhar a empresa. Apesar disso, em contato com a área de Relação com Investidores da OGPar, uma possível explicação foi encontrada.

De acordo com a equipe de RI da companhia petrolífera, o movimento dos últimos dois pregões pode estar relacionado com o fato relevante divulgado pela empresa no último dia 28 de março, segunda-feira. No documento, a OGX Petróleo e Gás e o fundo Cambuhy I fecharam acordo com a Eneva (ENEV3) em relação a Parnaíba Gás Natural (PGN).

Masterclass

As Ações mais Promissoras da Bolsa

Baixe uma lista de 10 ações de Small Caps que, na opinião dos especialistas, possuem potencial de valorização para os próximos meses e anos, e assista a uma aula gratuita

E-mail inválido!

Ao informar os dados, você concorda com a nossa Política de Privacidade.

O acordo prevê um aumento de capital na Eneva, de cerca de R$ 1,15 bilhão, em que Cambuhy e OGX contribuirão com suas respectivas participações na Parnaíba Gás Natural (PGN) em favor da geradora. Como contrapartida, Cambuhy e OGX se tornarão acionistas da Eneva, que, por sua vez, terá 100% de participação na PGN. Hoje, a geradora possui 27,25% da PGN, empresa de exploração e produção de óleo e gás e fornecedora de combustível para as térmicas da Eneva.

A PGN é operadora e detém direitos de concessão de exploração, desenvolvimento e produção de gás natural de blocos exploratórios localizados na Bacia do Parnaíba, no Maranhão.

Segundo o fato relevante enviado à CVM (Comissão de Valores Mobiliários), a Eneva será fornecedora exclusiva de gás natural para o Complexo Parnaíba, formado pelas usinas de geração de energia termelétrica localizadas no interior do estado do Maranhão e operado pela companhia, integrado por Parnaíba I Geração de Energia, Parnaíba II Geração de Energia, Parnaíba III Geração de Energia e Parnaíba IV Geração de Energia. “A Eneva se tornará a única empresa independente de gas-to-wire no país, passando a exercer duas atividades distintas e complementares de geração de energia e exploração e produção de óleo e gás”, diz o documento.

Continua depois da publicidade

Resultado
A área de RI da OGPar também afirmou que outra notícia divulgada nos últimos dias foi o balanço do quarto trimestre, mas que o movimento parece ter mais relação com o fato relevante. A companhia registrou um prejuízo líquido de R$ 69,5 milhões nos três últimos meses de 2015, multiplicando em 12 vezes as perdas de R$ 5,8 milhões de igual período de 2014.

No ano passado, a OGPar teve prejuízo de R$ 235,4 milhões, revertendo lucro de R$ 9,87 bilhões de 2014 – naquele ano a companhia teve o resultado impulsionado pelo efeito extraordinário da extinção da dívida com os credores da recuperação judicial.

Em 2015, a petroleira suspendeu a produção no campo de Tubarão Azul. Em março de 2016, foi a vez do campo de Tubarão Martelo ter as atividades paralisadas. Com isso, a OGpar ficou sem campos de petróleo em produção.

No quarto trimestre, a OGpar teve resultado de equivalência patrimonial referente a seu investimento na OGX negativo em R$ 68,4 milhões, ante resultado de equivalência patrimonial negativo em R$ 781,6 milhões um ano antes.

No ano de 2015, o resultado de equivalência patrimonial foi negativo em R$ 215,5 milhões, abaixo das perdas com equivalência patrimonial de R$ 781,6 milhões no ano anterior. A administração da OGPar espera que a companhia possa sair da recuperação judicial até o final do segundo trimestre de 2016.

Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.