Fim das apostas de queda? Aluguel da OGX bate menor nível desde maio

Empréstimos com ações da petroleira de Eike totalizaram 382.093.116 papéis na última quinta-feira, menor patamar desde 7 de maio

Paula Barra

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SÃO PAULO – As posições alugadas em ações da OGX Petróleo (OGXP3) vêm diminuindo em julho e atingiram no fechamento da última quinta-feira (26) seu menor patamar desde maio deste ano. E as ações da petrolífera de Eike Batista têm respondido bem à essa menor aposta dos vendedores: se nos três primeiros dias de julho elas acumularam queda de 50% diante da suspensão do desenvolvimento em três poços do Campo de Tubarão Azul, de lá até o fechamento desta sexta-feira (26) os ativos OGXP3 já subiram 53,85%, indo de R$ 0,39 para R$ 0,60. Somente nesta sexta-feira (26), os papéis registraram alta de 7,14%, para R$ 0,60.

Segundo última atualização da BM&FBovespa, no fechamento da última quinta-feira (25), os aluguéis de OGX totalizaram 382.093.116 papéis  – o menor desde o dia 7 de maio, quando registravam 368.676.688 empréstimos. O aluguel de ações faz parte de uma operação realizada por investidores que pretendem ficar “vendidos” em um ativo, ou seja, acreditam que o preço do papel vai cair. O investidor aluga determinada ação e, em seguida, vende o mesmo papel. Após um prazo estabelecido, esse investidor – que é chamado de “tomador” do papel alugado – é obrigado a devolvê-lo ao dono, o “doador”, e pagar uma remuneração (taxa de aluguel) fixada previamente.

Há alguns meses, investir na queda de OGX vinha se mostrado um bom negócio. A demanda pelo aluguel vinha crescendo vertiginosamente desde maio, quando a alcançou 35% do free float (ações em circulação no mercado) e a Bovespa precisou elevar o limite. Nunca um ativo com liquidez para entrar no Ibovespa havia atingido um percentual tão alto de “short” (posição vendida) em relação ao total disponível para negociação. 

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No caso específico da OGX, a BM&FBovespa precisou elevar o teto de alguel duas vezes neste ano. Em 18 de março, a bolsa teve de ampliar o limite de risco de empréstimo do ativo de 20% (250 milhões de ações) para 30% (376 milhões). E, em 9 de maio, dia seguinte ao volume ter tocado novamente no patamar superior, a entidade subiu o parâmetro para 45% do free float (564 milhões).

O que está por trás da queda nos aluguéis?
O cenário começou a mudar esse mês, quando, logo após o anúncio de suspensão dos poços, apareceram diversas notícias sobre as alternativas viáveis para a “sobrevivência” da empresa, entre elas, uma reestruturação das dívidas do Grupo EBX e venda de ativos. 

Em meio à essa luta do empresário para salvar a empresa, os investidores minoritários se uniram para tentar buscar meios para se aproximar das decisões da companhia, como a indicação de um acionista para o conselho de administração e a instalação de um conselho fiscal. Em reunião realizada pelos acionistas minoritários, no dia 13 de julho, um pedido chamou atenção: “parem de alugar as ações da OGX”. Coincidência, ou não, os empréstimos diminuíram vertiginosamente desde o encontro. 

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Bolsa aumenta multa de inadimplentes
Além disso, a queda nos empréstimos com as ações da petroleira também esbarra com o anunciou da BM&FBovespa que decidiu apertar o cerco contra os investidores “inadimplentes” nas operações de compra e venda de ativos. A partir de 5 de agosto, a multa para quem não entregar as ações vendidas dentro do prazo de três dias estipulado pela bolsa aumentará dos atuais 0,2% do valor financeiro da operação para 0,5% por dia de atraso. 

Apesar da nova penalidade atinja todos os ativos, operadores afirmam que foram os problemas envolvendo as ações do Grupo “X”, em especial, das OGX, que teriam sido o gatilho que motivou elevar substancialmente a multa para quem não entrega as ações no prazo. Chama atenção, entretanto, que, apesar da queda nos aluguéis, as taxas de empréstimo com ações da OGX seguem bem altas, em torno de 80% ao ano.