CEO do banco Neon tem 24 anos e uma certeza: ninguém precisa pagar taxa bancária

Para Pedro Conrade, fundador do mais novo banco digital do país, o fim do cartão de plástico é uma questão de tempo

Paula Zogbi

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SÃO PAULO – Aos 24 anos de idade, Pedro Conrade acredita que criou um produto totalmente inovador e não vê nenhum player parecido no mercado brasileiro hoje. Trata-se do Banco Neon, que atingiu a marca de 5 mil pedidos de aberturas de contas nas primeiras 48 horas depois do lançamento. Agora, a companhia entra de vez no mundo real e precisa começar a entregar.

Segundo ele, a fintech chega com a estratégia de cobrar o menor valor possível em taxas. Não há anuidade, taxa de abertura ou qualquer outro valor de manutenção – são cobradas taxas apenas em transações específicas, como alguns saques e transferências.

Com cada vez mais empresas financeiras baseadas em tecnologia no mercado, questionado a respeito da necessidade de se pagar taxas bancárias, o jovem empreendedor acredita que só existe um motivo para que as pessoas continuem pagando as taxas cobradas pelos bancos tradicionais. “Você já tentou trocar para uma conta que não pague taxas? Os bancos não querem isso, não é vantajoso para eles. Precisa muitas vezes à agência, é complicado”, dispara. “Hoje não paga taxa quem tiver a paciência para lidar com tudo isso, ou quem conhece nosso banco”, sorri.

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A possibilidade de trabalhar com dinheiro vem com a possibilidade de fazer operações totalmente digitais: sem custos com agências e usando poucos elementos físicos, o custo de manutenção da companhia pode ser coberto via transações – no futuro, Pedro espera deixar de cobrar até as taxas que ainda mantém.

E ele acha que esse é só o começo. “Isso aqui é uma coisa que eu tenho ceretza que vai deixar de existir”, diz, mostrando o cartão do próprio banco. “Em cinco, dez anos no máximo vai ser tudo por celular, relógio ou outras ferramentas digitais”.

O Neon nasceu como um cartão pré-pago, a startup Controle, cerca de 5 anos atrás. Já existia então a ambição de se tornar um banco em algum momento no futuro. “Tive um problema com o meu banco e queria trocar, mas não tinha alternativas no Brasil”, conta Pedro. “Você tinha que escolher entre as cores, porque era tudo igual. E aí a maneira mais fácil que eu vi de começar foi com o pré-pago”, narra.

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Em dezembro de 2015, a Controle fez uma joint-venture com o banco Pottencial para montar o “conceito” do Neon, que traz uma imagem jovem e tecnológica à ideia do banco digital. “A princípio temos a carteira eletrônica e uma gestão financeira, mas esse é o começo de uma revolução na vida financeira de todos os jovens”, crava o CEO.

Educação financeira

O público-alvo primordial do Neon é a pessoa que está começando a lidar com finanças e busca simplicidade.

Para Pedro, o mais importante é fazer com que o jovem saiba gerenciar o dinheiro. Foi para isso que criou a ferramenta “Objetivos”, que investe automaticamente quantias relativamente pequenas de dinheiro em CDBs. “Não é recomendado para investimentos mais robustos. É mais para o dinheiro não ficar parado: a pessoa vai, coloca que quer economizar, por exemplo, 2 mil até o final do ano, e a gente vai investindo automaticamente”, explica.

O Neon não trabalhará com poupanças e, a priori, nem com investimentos maiores. “Para isso existem outras plataformas no mercado”, comenta.

Ele também entende as críticas aos valores cobrados para saques, mas acredita que elas diminuirão à medida que as pessoas passarem a se organizar. “Tenho plena consciência que R$ 6,90 por um saque é muito dinheiro, mas por enquanto a gente precisava fazer isso. A gente paga por essas operações”, explica. “Além disso, damos um saque por mês de graça, e isso é basicamente tudo o que o nosso cliente vai precisar”. 

Concorrência

Descontraído, ele afirma que todos os nomes que são apresentados como concorrentes do Neon não são bancos digitais, mas sim “bancos digitalizados”. Embora estivesse “bem preocupado” quando o Banco Original se lançou, por ser um empreendimento com muito mais investimento envolvido, Pedro acredita que a abordagem é “totalmente diferente, desde tarifas até o atendimento. Ele pegou um banco normal e transformou em digital, só tirou as agências”, dispara.

Quanto ao Nubank, com o qual Pedro afirma ouvir comparações frequentes, ele é categórico “não tem nada a ver. Eles são um cartão de crédito, nós somos uma conta digital”. Embora pense sim em oferecer produtos de crédito no futuro, o Neon ainda não trabalha com essa opção e Pedro se diz extremamente contrário a todos eles. “Odeio crédito, para mim, não passa de uma desorganização financeira, e pode trazer inúmeros problemas”, diz, categoricamente.

É por ser “único” na visão de seu funcador que hoje o cliente que o Neon busca é aquele que está nos grandes bancos tradicionais.

Entregas

Com isso em mente, a estratégia do Neon neste momento é a expansão de pessoal para começar a efetivamente entregar produtos. “Estamos com muitas vagas abertas. Tínhamos 30 pessoas na semana passada, mas até fevereiro do ano que vem devemos estar com 80 a 100”, contabiliza. “Hoje mesmo eu contratei duas pessoas”.

Conforme divulgado nos primeiros dias do site, os 5 mil primeiros clientes do Neon terão prioridade para a abertura de contas. As respostas aos cadastros dessas pessoas devem começar a chegar em breve.

Como cada conta demora cerca de 5 minutos para ser aberta através do app, os futuros clientes estão ansiosos pela mesma rapidez para a confirmação e a chegada do cartão. Pedro tranquiliza essas pessoas. “Ainda não estamos divulgando abertamente essa data, porque queremos muito que absolutamente nada dê errado. Prefiro ler comentários de pessoas ansiosas para receber o cartão do que reclamações de que algo deu errado”, analisa Pedro, ao falar vagamente, porém demonstrando certeza, que as entregas serão “nas próximas semanas”.

Paula Zogbi

Analista de conteúdo da Rico Investimentos, ex-editora de finanças do InfoMoney