Com campanha “sem gênero”, C&A busca liberdade e “mente aberta”

Grandes marcas de roupas estão usando a indistinção entre feminino e masculino para fomentar a diversidade

Paula Zogbi

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SÃO PAULO – Nesta semana, a varejista de moda C&A lançou a campanha “Tudo Lindo & Misturado”, onde prega que consumidores e consumidoras escolham livremente as peças de roupas que usarão – sendo elas da seção “masculina” ou “feminina”.

Algumas semanas antes, no dia 4 deste mês, a Zara fez algo parecido, lançando uma coleção onde as roupas têm todas o mesmo padrão – todas simples e sem estampas.

De maneiras diferentes – quase opostas, em alguns sentidos – as duas empresas multinacionais parecem estar seguindo na mesma direção, ao afirmar que a moda não deve distinguir as pessoas pelo gênero. Isso é um passo importante, dado que até então apenas algumas lojas e marcas menores seguiam esta lógica.

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Para Élio Silva, Vice Presidente de Marketing da C&A, os movimentos sociais caminham para uma realidade em que não cabe mais a separação. “A gente identificou um desejo e uma nova visão sobre moda: [a tendência] sai muito daquela moda ditada por pessoas e entidades e vem para uma muito mais aberta, onde as pessoas podem se sentir muito mais livres”, explica o executivo.

Unissex vs. Escolha

Diferentemente da coleção padronizada da Zara, a campanha da C&A não prega uma moda unissex, explica Elio, mas sim “que todos podem usar o que quiserem”. Dessa forma, não há intenção de unir seções feminina e masculina nas lojas, mas sim incentivar que clientes transitem por todas elas quando forem fazer compras. “O convite é esse, ouse, experimente, faça as suas escolhas”.

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A C&A acredita ainda que é possível que a tendência se espalhe ainda mais. “É um movimento natural, a gente quis mostrar esse olhar novo sobre a moda. Pode misturar, tudo fica lindo, não pode haver preconceito. Estamos respeitando a individualidade de cada um e é isso que a gente quer deixar na loja”, explica ele, que afirma que a separação por gêneros nas araras facilita e acelera nas compras, algo que a marca não quer perder.

Aceitação do público

No Facebook, o vídeo da campanha da C&A já tem quase 2 milhões de visualizações e mais de 18 mil curtidas. “A repercussão da campanha tem sido excelente, com muitos comentários a favor em todas as redes sociais”, comemora Elio. “Quando alguém faz um comentário negativo, automaticamente várias pessoas respondem a esse comentário. A gente ficou muito feliz com os resultados”.

Ainda não é possível saber como a campanha refletirá nas vendas da marca. “As vendas são formadas por um conjunto de fatores”, explica o VP. “Qualidade, atendimento, enfim, tudo o que leva um consumidor à loja. Fazemos o possível para oferecer o melhor conjunto”, comenta ele.

Quanto à Zara, houve certa retaliação nas redes sociais: parte dos consumidores esperava um movimento mais ousado. Este tuíte, por exemplo, reclama que as pessoas devem “superar a noção de que roupas sem gênero são simplesmente camisetas e casacos lisos”. Este outro afirma estar “rindo” da movimentação. 

Paula Zogbi

Analista de conteúdo da Rico Investimentos, ex-editora de finanças do InfoMoney