Sim, Huck segue na disputa para ser o candidato do mercado – e sua ida ao Faustão só evidenciou isso

Durante o programa, Luciano Huck negou mais uma vez que será candidato à presidência mas, ao invés de diminuir os rumores, o nome dele foi alçado novamente para disputar o Planalto 

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Ele disse mais uma vez que não. Mas a negativa em um programa em rede nacional em pleno domingo teve o efeito contrário e alimentou as expectativas: sim, o apresentador de TV Luciano Huck está “no jogo” para ser o candidato à presidência do mercado. Essa é a avaliação de Cristiano Noronha, cientista político e sócio da consultoria Arko Advice, em entrevista ao InfoMoney

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Luciano Huck, que já havia negado que iria se candidatar em artigo publicado na Folha de S. Paulo em novembro do ano passado, foi ao programa “Domingão do Faustão” e voltou a negar uma candidatura – nesse momento. Huck afirmou que opta pela via dos “movimentos cívicos”, pois “os partidos políticos estão derretendo”, mas deu sinais de que não deixou as portas fechadas. 

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Nas palavras de Huck, sua  “missão esse ano é tentar motivar as pessoas a que votem com muita consciência e que a gente traga os amigos que estão a fim para ocupar a política, senão não vai ter solução. Eu nunca, jamais, vou ser o salvador da pátria e o que vai acontecer na minha vida eu também não sei. Eu amo o que eu faço, eu amo estar todo sábado na televisão, eu gosto muito de estar com as pessoas, de contar as histórias”. Mas apontou: “o que o destino e o que Deus espera para mim, vou deixar rolar”.

Essas falas foram vistas como um sinal do que já estava se desenhando nos últimos dias. Caso nenhum candidato de centro – como Geraldo Alckmin e Henrique Meirelles – viabilize suas candidaturas, Huck pode voltar a ser alçado como o “outsider” reformista para se contrapor a Lula e Jair Bolsonaro. Noronha aponta que o apresentador global tenderá a esperar até abril para decidir se vai se candidatar ou não, quando será o mês limite para o registro das candidaturas. 

“Já achei, naquele artigo no ano passado, que a desistência podia não ser definitiva, pois não faria sentido tomar essa decisão naquele momento já que ele pode decidir isso no início de abril. Para que continuar na disputa se ele pode esperar um pouco mais, pode até aproveitar essa busca que o Fernando Henrique Cardoso fala de alguém capaz de unir o centro?”, afirma o analista político. Ele lembra ainda que, caso o apresentador já tivesse anunciado a sua candidatura à presidência, já estaria fora dos quadros da Globo e provavelmente não iria ao programa do canal ontem. Ou seja, perderia um importante canal de visibilidade (que se soma ao fato dele ter um programa semanal). 

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As vantagens e os dilemas de Huck

Conforme aponta Noronha, Huck pode ser um candidato forte por ter imagem amigável para diversas faixas da população, enquanto outros nomes que vêm despontando, como o de Bolsonaro, possuem um apoio forte em uma camada da população, mas forte rejeição em outra. 

Desta forma, ele deve monitorar de perto as pesquisas qualitativas em que mostram o seu potencial de crescimento, como estão os outros nomes e também deve ficar de olho em qual partido se filiaria e que combinaria o discurso de renovação política. Vale destacar que, nos últimos dias, foram destaques notícias de que Luciano Huck teria pedido ao Ibope para que seu nome não fosse excluído e, na reta final de 2017, ele se reuniu com Roberto Freire, deputado federal pelo PPS-SP, além dos economistas Armínio Fraga e Marcos Lisboa, entre outros, mostrando que ele segue articulando politicamente, mesmo que não seja claramente como candidato. 

Neste sentido,  Noronha aponta um dilema – ou dos dilemas – que Huck pode sofrer: no domingo, ele criticou fortemente os partidos, tônica das suas falas, mas, ao mesmo tempo, ele não poderia se furtar de apoio durante a campanha. A sua crítica aos partidos e ao meio político poderia até levar a dúvidas sobre a capacidade de articulação como candidato de centro e mobilização do Congresso para aprovar suas medidas. 

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“De qualquer forma, ele vai ponderar muito uma eventual candidatura ao analisar tanto os pontos de vista pessoal quanto profissional: há uma pressão familiar para que ele não se candidate”, aponta Noronha, que ressalta também que ele terá que abrir mão de muitos aspectos de seu trabalho, como o seu programa de televisão.

Assim, a sua candidatura dependerá essencialmente da evolução do quadro dos outros nomes considerados reformistas – e, segundo aponta Noronha, do que depender de figuras como Alckmin seu nome pode voltar a ganhar força. “Acho que a tendência é de Alckmin continuar ‘patinando’ nas pesquisas [atualmente, o patamar é de cerca de 8%], não vejo nenhuma grande onda que ele pudesse aproveitar que aumentasse tanto a intenção de voto, podendo não atingir a meta do PSDB, que faria então uma reavaliação ou insistiria nele”. Reportagem da Folha do último fim de semana apontou que estrategistas do PSDB e de partidos da base aliada do governo apontaram que Alckmin deveria ter entre 10% e 15% das intenções de voto para não ser “substituído” por Huck nas eleições. Desta forma, vale ficar atento às próximas pesquisas: dependendo de quais forem os números, mais nomes podem surgir no radar – e tornar a eleição de 2018 ainda mais emocionante.  

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.