Governo larga com 251 votos para a reforma da Previdência e tem pouca margem de manobra, mostra estudo

Para superar os 308 votos necessários para dois turnos de votação na Câmara e atingir alguma "folga", com uma faixa entre 315 e 320 votos, Temer precisa avançar em direção a um grupo de 64 congressistas avaliados como "votos disponíveis", em sua maioria do PMDB, PR e PSD

Marcos Mortari

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SÃO PAULO – O governo ainda não conta com os votos necessários para aprovar a PEC (Proposta de Emenda Constitucional) da reforma da Previdência no plenário da Câmara dos Deputados, mas já parte para o momento decisivo das negociações com uma base sólida de cerca de 251 votos. É o que revelam os analistas da MCM Consultores em um estudo que considera o comportamento dos parlamentares em onze votações relevantes na casa legislativa do ano passado para cá: o impeachment de Dilma Rousseff, o primeiro turno do teto de gastos, o texto base da terceirização, quatro votações relacionadas ao projeto de ajuda aos Estados, duas à reforma trabalhista e as duas denúncias contra o presidente Michel Temer.

Conforme observam os especialistas, o governo conta com uma base teórica de 416 votos, considerando PSB e Podemos (o antigo PTN), que não fazem mais da base governista, mas continuam votando majoritariamente de acordo com os interesses do Palácio do Planalto. Deste total, estima-se que 251 são votos “quase certos” a favor da nova reforma previdenciária apresentada, mais diluída do que os primeiros textos com os quais o governo trabalhou. Para superar os 308 votos necessários para dois turnos de votação na Câmara e atingir alguma “gordura”, com uma faixa entre 315 e 320 votos, o governo precisa avançar em direção a um grupo de 64 congressistas avaliados como “votos disponíveis”, em sua maioria do PMDB, PR e PSD. Neste caso, não poderia haver defecções de membros deste grupo.

Para chegar a esse cálculo, o estudo dividiu os parlamentares a partir do apoio dado nessas onze matérias relevantes ao governo. Deputados que se posicionaram contra a orientação do líder do governo, se abstiveram ou se ausentaram em até três situações foram considerados apoiadores mais garantidos à reforma previdenciária. Quanto aos demais, a divisão entre os “disponíveis”, “possivelmente contrários” ou “quase certos contrários”, os analistas incluíram como critério o voto em oposição à reforma trabalhista e a favor da segunda denúncia contra o presidente Michel Temer. Outro critério foi o comportamento dos parlamentares na sessão da segunda denúncia — se ajudaram a dar quórum para enterrar a peça rapidamente ou se jogaram com a oposição para gerar mais dificuldades ao governo.

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A tabela abaixo expõe o cenário enfrentado pelo presidente neste momento:


Fonte: MCM Consultores

“Somando-se os ‘quase certos a favor’ com os ‘disponíveis’ chega-se a 315. Isso indica que é possível aprovar a reforma. Mas a margem de manobra do governo é estreita. E, se a reforma passar pela Câmara, provavelmente será por um placar apertado. Para conseguir mais segurança na votação, talvez o melhor caminho para o governo seja obter alguns votos adicionais entre os 7 do PSDB e 3 do DEM que, segundo nossa métrica, estão na turma dos ‘provavelmente contra'”, escreveram os analistas da MCM Consultores em relatório a clientes.

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O tempo, contudo, é curto e o governo terá de trabalhar com eficiência e sem hesitações. “Para que consiga aprovar a reforma da Previdência na Câmara até o final do ano, Michel Temer não pode errar nas costuras políticas daqui até o começo de dezembro”, concluíram os especialistas.

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Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.