O tucano que mais ganhou com a rejeição do afastamento de Aécio Neves pelo Senado

Episódio mostra unificação rara nos episódios recentes tucanos e reforça poder interno de Tasso Jereissati

Marcos Mortari

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SÃO PAULO – Apesar do inferno astral vivido pelos tucanos nos tempos pós-impeachment, a votação no plenário do Senado Federal que culminou no restabelecimento do mandato de Aécio Neves (PSDB-MG) representa uma vitória de um partido em sérias dificuldades. Para além do constatado espírito de corpo dos parlamentares e o receio de outros 34 investigados no âmbito da operação Lava Jato, o episódio mostrou um reagrupamento de importantes figuras do tucanato, até o momento em atrito.

É importante observar se tal posição teria sido pontual ou pode sinalizar o início de um encaminhamento para a resolução de alguns dos graves problemas internos pelos quais passa o PSDB. De todo modo, vale ressaltar a atuação de Tasso Jereissati (CE), presidente interino do partido, que tempos atrás se incomodava com os esforços de Aécio em permanecer no comando, apesar do evidente enfraquecimento político com a bomba da delação dos executivos do grupo J&F.

Entre conversas pelo celular, articulações em plenário e diálogos na mesa diretora com o presidente da casa, Eunício Oliveira (PMDB-CE), o tucano foi um importante ator na defesa do mineiro, chegando até a usar a palavra para pedir o direito de defesa ao correligionário. Embora o resultado tenha sido um magro apoio de 44 parlamentares (margem de apenas 3 votos), os objetivos foram alcançados.

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Mas ele não foi o único. Os gestos também vieram de outros membros do partido. Mesmo internado, o líder tucano na casa, senador Paulo Bauer (SC), deixou o hospital para somar mais um voto pela rejeição da decisão da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal, que determinara o afastamento das funções legislativas e recolhimento noturno de Aécio.

Até o líder do partido na Câmara, deputado Ricardo Tripolli (SP), e o secretário-geral da legenda, deputado Sílvio Torres (SP) — um dos nomes mais próximos ao governador Geraldo Alckmin –, estiveram presentes na sessão. Ou seja: no final, todas as grandes lideranças do partido acenaram pela sobrevivência política, mesmo que por aparelhos, daquele que representou a sigla nas últimas eleições presidenciais e por pouco não levou.

“O alinhamento em torno de Aécio mostra uma face da força que Tasso tem construído para se manter no comando do partido e ser o responsável pela condução do PSDB nas próximas eleições presidenciais”, observaram os analistas da XP Investimentos.

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Contudo, vale reforçar que o comportamento dos caciques em episódios próximos será importante para definir um reagrupamento ou novo racha no tucanato. Nesta quarta-feira, Tasso voltou a defender a renúncia de Aécio à presidência do partido. “Precisamos ter uma solução definitiva, e não provisória”, disse.

Com a recente demonstração de força, é possível que o interino consiga avançar em direção ao seu pleito. Para além do próprio Aécio Neves, é Tasso Jereissati um dos grandes vencedores com a volta do senador tucano à ativa. Evidentemente, Michel Temer também tem motivos para comemorar, uma vez que o parlamentar reconduzido é seu principal aliado no PSDB.

A observar como se manifestarão as demais lideranças do PSDB.

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Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.