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SÃO PAULO – Depois de sucessivos adiamentos, o governo enfim anunciou a revisão das metas fiscais deste e do próximo ano, ambas de déficit de R$ 159 bilhões. Se, por um lado, o rombo poderia ter sido maior e provocado prejuízos mais expressivos à imagem da equipe econômica, por outro, não há grandes motivos para Henrique Meirelles comemorar. A julgar pelas novas expectativas, o governo encerrará seu mandato sem solucionar o que vislumbra ser o principal problema da economia brasileira: o desequilíbrio fiscal. Pelo contrário, as sucessivas frustrações de receitas têm levado a rombos ainda maiores no curto prazo, mesmo com cortes e contingenciamentos orçamentários.
É certo que as atenções estão voltadas ao cenário de longo prazo, com a apresentação de reformas estruturais, como o teto de gastos e a própria reforma da Previdência, paralisada na Câmara dos Deputados com as delações de executivos da JBS e a divulgação de áudio de conversa mantida pelo presidente Michel Temer e o empresário Joesley Batista. Até mesmo o mercado tem buscado relativizar os desequilíbrios de curto prazo, desde que acompanhadas por sinalizações mais esperançosas sobre maior saúde das contas públicas no futuro. Mas até que ponto o mercado aceitará essa situação?
Com a degradação da base de apoio de Michel Temer no parlamento, sobram dúvidas acerca das reais condições de se aprovar novas medidas estruturantes. O cenário para a reforma previdenciária é cada vez mais adverso, com os mais otimistas acreditando na aprovação da idade mínima e alguns poucos instrumentos adicionais. Além disso, o governo saiu derrotado na tentativa de reonerar a folha de pagamento de diversos setores da economia e enfrenta dificuldades para aprovar a MP 777, que trata da instituição da TLP no lugar da TJLP, que deve alterar sensivelmente a dinâmica das operações do BNDES. Neste último caso, contudo, as apostas de vitória ainda são maiores.
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Não está fácil a vida para a equipe econômica. Neste momento, há quem lance dúvidas sobre a nova meta estabelecida. Uma nova revisão poderia ser desastrosa, por remeter a tempos do governo anterior, alvo de críticas do atual pela falta de credibilidade. Mesmo que os temores não se confirmem, uma imagem que começa a ficar é que o chamado “dream team” não teria feito algo diferente de também elevar a dívida pública. Como se isso não bastasse, há uma crescente disputa entre o time econômico e a ala política, que vê cada vez mais nas ações do ministro da Fazenda a intenção de colocar em primeiro plano seu projeto político pessoal. O mundo político reclama que Meirelles tenta se vender como o salvador da pátria ao reclamar de pressões por elevações no déficit fiscal.
Para além das disputas nos bastidores, outra leitura começa a ganhar força: o próximo presidente ganhará um presente de grego, com o teto de gastos desmoronando sobre sua cabeça com rapidez. Para uns, não restará alternativas a não ser a reversão dessa política de restrição de despesas, que ainda sequer completou um ano de vigência.
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