Moro critica Fachin por “pulverizar” processos e diz que possível delação de Palocci soou como ameaça

Na avaliação do magistrado, o correto seria concentrar os processos que envolvem a operação no juízo prevento

Marcos Mortari

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SÃO PAULO – Em sua sentença condenatória ao ex-ministro Antonio Palocci, o juiz federal Sergio Moro, responsável pela operação Lava Jato na primeira instância, criticou indiretamente a decisão do ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal, por tirar de seu pode de atuação alguns processos da operação. Na semana passada, o ministro, relator da Lava Jato na corte, repassou três investigações contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e uma condenação contra o ex-deputado federal Eduardo Cunha à Justiça Federal em São Paulo e no Distrito Federal.

“Diante de um conjunto de crimes praticados no mesmo contexto e que contam com um acervo probatório comum, a forma errada de lidar com eles é separar todos os processos e provas e pulverizar perante o território nacional, de forma que cada Juízo fique com um pequeno pedaço e que seja de difícil compreensão sem a visão do todo”, escreveu Moro. Na avaliação do magistrado, o correto seria concentrar os processos no juízo prevento.

Também na sentença publicada nesta segunda-feira, Sergio Moro indicou não ter levado a sério a manifestação de Palocci de que estaria disposto a colaborar com a Operação Lava Jato. Segundo o juiz, as declarações do ex-ministro “soaram mais como uma ameaça para que terceiros o auxiliem indevidamente para a revogação da preventiva, do que propriamente como uma declaração sincera de que pretendia naquele momento colaborar com a Justiça”.

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Moro escreveu, ainda, que Palocci “é um homem poderoso e com conexões com pessoas igualmente poderosas”, que poderia influir “indevidamente” no processo. Por isso, segundo o juiz, o ex-ministro deverá permanecer preso mesmo que decida recorrer da condenação em primeira instância.

A defesa de Antonio Palocci afirmou que o ex-ministro tinha interesse em colaborar com a investigação. Para os advogados, tomar a manifestação do réu como uma ameaça a terceiros foi uma “dedução” de Moro. Eles disseram, ainda, que irão recorrer da sentença.

(com Agência Brasil)

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Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.