“Acordão” com partidos, áudio envolvendo ex-assessor de Temer e delação de Palocci: confira o resumo político

Tucanos devem votar a reforma da Previdência para só depois tratarem o tema sucessão presidencial; Rodrigo Rocha Loures é interceptado pela Polícia Federal

Rafael Souza Ribeiro

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SÃO PAULO – Por conta da crise política instaurada, Michel Temer e seus assessores não mediram esforços para tranquilizar seus aliados, tendo como principal objetivo amenizar a debandada de partidos após as delações da JBS (JBSS3). Apesar de avanços, incertezas sobre a aprovação das reformas e o ambiente político ainda muito turbulento não garantem tranquilidade para o presidente, que, por enquanto, “respira por aparelhos”.

Apoio do PSDB

De acordo com o Valor Econômico, Temer se reuniu com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o senador Tasso Jereissati, atual presidente do PSDB, e fechou um acordo para que os tucanos votem a reforma da Previdência e só depois tratem do tema sucessão presidencial. Segundo a matéria, na reunião com os tucanos, o presidente reafirmou que não renunciará e que recorrerá a todos os instrumentos legais para permanecer no cargo.

Porém, esse movimento pró-temer tem uma condição — o presidente deve enfrentar o TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Segundo matéria da ‘Folha de S. Paulo’, o PSDB não ficará ao lado de Temer caso o presidente recorra de uma eventual cassação no TSE ou utilize medidas protelares. Esse impasse dentro do partido aliado, segundo o jornal, está concentrado entre os deputados mais jovens, que defendem o desembarque do governo.

Renan segue como líder
Em reunião realizada na última terça-feira (30), o PMDB manteve Renan Calheiros como líder do partido e manifestou apoio à reforma trabalhista, que está em tramitação no Senado. O debate ocorreu na reunião da bancada que poderia resultar na troca da liderança da legenda, já que o atual líder, Renan Calheiros (AL), se colocou contrário à proposta.

Temer atrapalha?

De acordo com a consultoria Eurasia, a permanência de Temer pode atrapalhar a reforma da Previdência. Para os analistas, com reação calma do mercado à crise política, fica difícil conscientizar parlamentares da necessidade de mudar o regime de aposentadorias.

“Diretas Já”

Em meio as discussões sobre o futuro de Temer no governo, a a CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) do Senado irá analisar nesta quarta-feira o relatório de Lindbergh Farias (PT-RJ) que estabelece a realização de eleições diretas em caso de vacância nos três primeiros anos do mandato presidencial.

Na terça-feira, o Cofecon (Conselho Federal de Economia) divulgou nota reforçando as criticas sobre as reformas do governo federal, como a trabalhista e a previdenciária, pede o afastamento do presidente Michel Temer do cargo e ainda prega pela realização de eleições diretas como “passos indispensáveis para a tão desejada retomada do crescimento econômico”.

“Tanto a permanência de Temer quanto a eleição indireta de um novo presidente manterão a economia brasileira ‘na UTI’ nos próximos 18 meses, com a retração dos investimentos e a consequente ampliação do desemprego, fomentando a desesperança e ampliando o risco de explosão do ‘caldeirão social'”, diz o texto.

Crise dos portos

Em telefonema interceptado pela Polícia Federal, o subchefe para Assuntos Jurídicos da Casa Civil, Gustavo do Vale Rocha, disse a Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR) que o setor portuário já havia conseguido “coisas demais” no decreto presidencial que mudou a regulamentação do setor, segundo informações do jornal Folha de S. Paulo. Essa conversa foi realizada dois dias depois do presidente assinar o decreto que, entre os principais pontos, prevê uma ampliação de prazos contratuais e a redução do período de abertura de novos portos.

Nunca é demais lembrar: Loures é o ex-assessor especial de Temer e foi flagrado carregando uma mala com R$ 500 mil em propina. Na terça-feira, ele esteve novamente nos holofotes, já que, com a recusa de Osmar Serraglio para ocupar o ministério da Transparência, Loures poderia perder o foro privilegiado.

Mais benefícios
Por falar em benefícios, o presidente assinou na última terça um decreto de programação orçamentária e financeira, com o descontingenciamento de R$ 3,15 bilhões das despesas discricionárias da União, em mais uma tentativa de angariar apoio político.

Delação de Palocci

De acordo com a Folha, o ex-ministro Antonio Palocci está negociando que a sua pena seja cumprida em um ano de prisão domiciliar, com foco em depoimentos que envolvam banqueiros, empresários e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Para ter a delação aceita, Palocci teria decidido revelar os detalhes de operações supostamente irregulares cometidas pelo ex-presidente do BTG Pactual, André Esteves, e o ex-dono do Pão de Açúcar Abílio Diniz, diz a publicação.

Acordo da J&F

Após longas rodadas de conversas, a J&F fechou na noite de terça-feira (31) seu acordo de leniência e vai pagar multa R$ 10,3 bilhões em 25 anos, segundo informou o Ministério Público Federal. O documento será assinado nos próximos dias, após a conclusão das discussões de cláusulas.

Delegado assassinado

Por fim, nesta manhã, Adriano Antonio Santos, delegado chefe da Polícia Federal em Angra dos Reis e responsável pela investigação do acidente aéreo que causou a morte do ministro Teori Zavascki, foi morto a tiros em casa noturna em Florianópolis na madrugada desta quarta-feira (31). O policial federal Elias Escobar, delegado em Volta Redonda, também foi assinado no mesmo local e uma terceira pessoa foi baleada e até o início desta manhã estava internada.

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