Também para o Washington Post, Brasil se inclina para direita e está à espera de seu Donald Trump

Publicação americana também destaca semelhanças e diferenças entre Temer e Trump, mas aponta que o atual presidente brasileiro não é candidato a Trump em 2018

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Assim como a Bloomberg afirmou no mês passado, o jornal americano Washington Post também cravou: o Brasil está com uma forte inclinação para o conservadorismo após 13 anos de governo de esquerda do PT e, mais do que isso, está a procura de seu Donald Trump. 

O colunista Nick Miroff destaca em seu texto que, “num grande país multiétnico construído por imigrantes e escravos, um líder masculino branco septuagenário formou uma reação direitista depois de uma era de governo esquerdista. Além disso, sua esposa é muito mais nova e é um modelo de ‘mulher de antigamente’.  Seu sobrenome de cinco letras começa com um ‘T’ – mas é Temer, não Trump”. 

Contudo, aponta, o presidente do Brasil, político de carreira de 76 anos, não é uma versão brasileira de Trump, pois não tem o viés populista ou o estilo de showman do presidente dos EUA. Contudo, como nos EUA, o Brasil é um grande país cujo centro político está se inclinando abruptamente para a direita. O jornal ressalta que a próxima eleição presidencial será em 2018. Porém, em pleitos municipais realizados em outubro do ano passado, o PT encolheu em cerca de 60%. 

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Em entrevista à publicação americana, o analista político Lucas de Aragão, da Arko Advice, afirmou que o resultado do pleito foi mais um sinal claro de uma “mudança de mentalidade” no país. “É um sentimento anti-status-quo, assim como Brexit e Trump”, disse o analista, “mas não acho que seja ideologia, mas sim falta de resultados”.

Conforme destaca o jornal, Temer é um especialista em direito constitucional que fala com cuidado e envia tweets comedidamente. De acordo com o Washington Post, seu ar formal pode estar prejudicando sua imagem em um momento em que os brasileiros estão procurando alguém que não fala como um professor. “Com quase todo o stablishment político do Brasil sob suspeita, a retidão de Temer pode parecer um tanto sombria”.

De acordo com a publicação americana, Temer abraçou a agenda da direita, mas a direita não o abraçou e ele é bastante impopular. “Seus baixos índices de aprovação são um sinal de que ele não se beneficiou dos ventos políticos de mudança no Brasil, mesmo quando ele tentou se aproximar deles”, afirma. Além disso, o seu nome aparece em delações premiadas da Operação Lava Jato, o que afeta a avaliação sobre o seu governo.. 

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“Pode ser muito tarde para Temer recuperar sua credibilidade. Com menos de dois anos para terminar seu mandato, o Brasil parece estar à espera de que o seu Trump apareça. Nomes como o novo prefeito de São Paulo, um magnata que estrelou a versão brasileira do ‘Aprendiz’, são freqüentemente mencionados entre os primeiros favoritos para 2018”, avalia o colunista. 

Por outro lado, mesmo não abraçando Temer, muitos congressistas estão abraçando a sua agenda de austeridade, que inclui a aprovação da PEC do teto de gastos, além de medidas como mudanças no pré-sal e uma nova legislação que abra o agronegócio e a indústria aérea para grupos estrangeiros. 

“Ao contrário de Trump, Temer não está muito preocupado com sua popularidade, dizem os analistas. Ele insiste que não será candidato em 2018”, diz a publicação, ressaltando que o papel do peemedebista é acalmar o país. 

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.