Lula passou de político mais amado para mais insultado do Brasil, diz Forbes, citando defesa atroz

Revista americana aponta para dificuldade dos políticos de explicar o que aconteceu com a Petrobras e critica o ex-presidente, apontando que o Lula de meados dos anos 2000 "já não existe mais"

Lara Rizério

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SÃO PAULO – A repercussão internacional sobre o fato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ter se tornado réu pela segunda vez na Operação Lava Jato foi intensa. A Forbes foi um dos veículos de imprensa que deram destaque para o caso, através do seu colunista Kenneth Rapoza. A publicação ressalta as falas do petista, que se diz tranquilo sobre as acusações que pesam contra por corrupção e lavagem de dinheiro. 

O colunista ressalta que, enquanto Wall Street parece ter superado o drama político brasileiro, a Petrobras ainda está se recuperando apontando que, no mesmo dia que Sérgio Moro aceitou a denúncia, a estatal apresentou o seu plano de negócios cortando 25% dos investimentos projetados para 2017-2021 e com forte projeção de desinvestimentos. “Se a empresa não fosse saqueada durante a última década pelo partido de Lula, o PT, e seus aliados, a Petrobras não seria uma empresa forçada a se encolher”, afirma a Forbes.

“E assim como a Petrobras tenta parar o seu derramamento de sangue após perder 52% do seu valor de mercado nos últimos 10 anos, ninguém até hoje foi capaz de explicar o que aconteceu com a empresa mais emblemática do Brasil. Dezenas de homens foram presos. Eles eram ou ex-autoridades da PT ou executivos de empreiteiras como OAS, Andrade Gutierrez, Camargo Corrêa e Odebrecht. Como qualquer homem atrás das grades, eles estão apontando os dedos para os seus antigos amigos. Eles estão mentindo? Eles estão dizendo a verdade? Os tribunais irão decidir isso. Mas uma coisa é certa, alguém sabe onde os corpos estão enterrados. O problema é que aqueles que sabem são os que fazem as regras. O escândalo da Petrobras é mais do que um escândalo. É uma fraude nacional”, aponta Rapoza.

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O colunista ainda questiona a defesa de Lula e de sua sucessora, Dilma Rousseff (que sofreu o impeachment em 31 de agosto), de que não sabiam do esquema de corrupção que existia na estatal. 

“Lula e Dilma Rousseff adormeceram no volante? Os líderes do país – nos últimos 14 longos anos – foram tomados por tolos por subordinados na hierarquia política e pelas famílias oligárquicas? Para quem acredita nisso, eu tenho um rebanho de renas voadoras para vender para você. Ele está armazenado em um castelo no Pólo Norte, cuidado por elfos”, ironiza o colunista.

De acordo com o colunista, Lula tem feito um trabalho absolutamente atroz em explicar o que se passou com a Petrobras. Já Dilma, presidente do conselho de administração da estatal, confessou ignorância sobre a refinaria de Pasadena, num caso que rendeu um prejuízo bilionário para a estatal. Rapoza ressalta que muito se sabe sobre os esquemas de corrupção que estão sendo investigados, enquanto os únicos que não sabem são os políticos. “Lula? Não sabe de nada. Dilma. Também não. Eduardo Cunha, acusado de receber R$ 5 milhões de propina? Completamente puro”, ironiza mais uma vez. 

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Rapoza rememora ainda o ano de 2002, quando Lula foi eleito. “Eu estava em São Paulo em seu primeiro discurso como presidente eleito, no Hotel Intercontinental. Ele estava mais de uma hora atrasado. Quando ele entrou, as câmeras brilharam, e as pessoas aplaudiram como se estivesse em câmera lenta. As pessoas ao meu lado tinham lágrimas nos olhos. A energia foi positiva. As pessoas estavam felizes por esse homem: sem instrução, trabalhor braçal, operário metalúrgico muito pobre do Nordeste. Sua vitória era o pouso na Lua do Brasil”, aponta o colunista.

O colunista ainda aponta que não foram só os pobres que votaram no petista: ricos empresários, CEOs e executivos de banco votaram nele (até mesmo duas vezes). “De 2003 a 2010, Lula foi o presidente mais popular das Américas, se não do mundo”, ressalta ele, complementando: “ele passou do político mais amado na história do Brasil para o agora mais insultado”.  Para Rapoza, o Lula de meados dos anos 2000 já não existe, apontando que seu índice de reprovação é de quase 50% atualmente. 

“Lula está sendo cobrado em muitos aspectos. Talvez ele seja um homem inocente, como diz. De muitas maneiras, acho que, assim como muitos brasileiros que gostariam de vê-lo na prisão, muitos gostariam de vê-lo provar o contrário.

Porém, se ele provar inocência, a questão passará a ser: quem então permitiu que a Petrobras tenha sido minada sob a supervisão do PT?”

“Isso vai custar anos de um crescimento econômico ao estilo chinês para a população perdoar Lula e o PT por esta bagunça. Eles estavam no comando. Eles não conseguiram proteger o ativo mais importante do país. E ao fazê-lo, não conseguiram proteger o legado do maior nome do partido: Lula”, finaliza o artigo.

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.