Ironicamente, Cunha pode ter feito Dilma sobreviver no poder até 2018, diz Economist

A revista aponta que o PT deve aumentar o apoio à presidente; enquanto isso, agonia do Brasil deve se prolongar

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Em uma longa matéria na edição desta semana chamada “Desastres de Dilma”, a revista britânica The Economist fez uma análise sobre o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff, que foi aceito ontem pelo presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).

A revista ressalta que os processos de impeachment são ruins para o Brasil, afirmando ainda que a abertura do processo aumenta a probabilidade da presidente continuar no poder. 

Para a Economist, o fato do pedido ter sido aceito pelo presidente da Câmara, que está envolvido em tantas acusações de corrupção, deve “ironicamente” fazer com que o PT aumente o apoio à presidente e que as intenções de Cunha sejam questionadas, já que elam são vistas apenas como um ato de vingança pessoal. Além disso, Dilma deve ficar mais “inflexível do que nunca ao afirmar que não sairá do cargo”.

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“Ironicamente, o movimento de Cunha para um impeachment pode ter feito ser mais provável, e não menos, a sobrevivência de Rousseff até 2018. O momento trabalha a seu favor”, afirma a revista. 

Cunha ressaltou que acatou o pedido de impeachment por questões técnicas, porque as chamadas pedaladas fiscais continuaram em 2015, mas destaca-se que a motivação do deputado para deflagrar o processo foi política. A revista avalia que Dilma não seria a primeira presidente brasileira a adulterar as contas públicas e que tais práticas não são nem ilegais nem incomuns, sendo amplamente usadas por seus antecessores, conforme destacam os defensores da presidente. Porém, o TCU (Tribunal de Contas da União) rejeitou as contas da presidente, o que é um fator que conta negativamente para ela. 

Em meio ao cenário econômico e político de bastantes dificuldades, a Economist faz uma comparação entre Dilma e o ex-presidente Fernando Collor de Mello, que renunciou à beira de sofrer um impeachment. A revista afirma que a presidente entendeu que é preciso corrigir a trajetória da economia. Porém, como Collor, não tem habilidade política para negociar. Ao mesmo tempo, Dilma não é acusada de enriquecimento e tem o apoio do PT.

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A mesma revista fez outra matéria sobre o assunto, destacando que os riscos de um impeachment baseados em hipóteses falhas podem prolongar a agonia do País. O impeachment, afirma a revista, pode ser uma distração última de um governo que já estava muito distraído para governar, o que deve afetar ainda mais a economia. Para a revista, deveria se esperar um pouco mais e, caso Dilma falhasse, haveria um forte argumento para convencê-la a sair, para o bem de seu país. Mas, ao deflagrar o processo agora, Cunha pode ter dado a uma presidente fraca e destrutiva um fôlego de sobrevivência, afirma a publicação. 


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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.