Brasil é como um doente em estado terminal, diz Financial Times

O jornal britânico destaca que esta é a pior recessão do Brasil desde a Grande Depressão e que a economia encolherá em até 3% este ano, e cerca de 2% em 2016: "se o Brasil fosse um paciente internado, os médicos da UTI já o teriam diagnosticado como doente terminal", afirma. "Os rins têm falhado; o coração vai parar em breve"

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Em mais um artigo bastante duro sobre o Brasil, o jornal britânico Financial Times comparou o País a um “doente terminal”. “Se o Brasil fosse um paciente internado, os médicos da UTI já o teriam diagnosticado como doente terminal”, afirma. “Os rins têm falhado; o coração vai parar em breve. A economia está uma bagunça”, continua.

O jornal destaca que esta é a pior recessão do Brasil desde a Grande Depressão e que a economia encolherá em até 3% este ano, e cerca de 2% em 2016. As finanças públicas estão em desordem: este mês, o governo, pela primeira vez desde o início da democracia, previu que iria ter um déficit fiscal primário. Como resultado, os níveis de dívida estão crescendo novamente.

Esta é a razão por trás da decisão surpresa da  Standard & Poor’s de rebaixar a nota soberana brasileira para abaixo do grau de investimento, ou junk, ressalta o jornal lembrando que, se outra agência de classificação de risco a seguir, muitos investidores estrangeiros terão de vender as suas participações em fundos brasileiros, tornando as coisas ainda piores. “Dado o ambiente externo difícil – a economia da China desacelerando, o colapso nos preços das commodities, e a perspectiva por taxas de juros mais altas nos Estados Unidos – o Brasil está sofrendo o começo do estresse econômico extremo”, afirma o FT.

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O jornal ainda destaca que, ironicamente, a crise política foi o fator crucial para o rebaixamento do rating pela S&P. Dilma Rousseff é a presidente mais impopular na história brasileira, fazendo com que seja praticamente impossível para ela responder adequadamente à crise econômica. E isso é reforçado com o Congresso mais focado em salvar a sua própria pele em meio à deflagração da Operação Lava Jato. “O sistema político do Brasil é bem conhecido por ser podre. Agora ele não está funcionando”, completa o jornal.

O jornal ressalta que a renovação política é uma solução mas que, infelizmente, há pouca chance de que isso ocorra antes de 2018. “Além disso, a impopularidade não é razão suficiente para tirar Dilma do poder e, se fosse, Fernando Henrique Cardoso, o ex-presidente, que estabeleceu as bases da estabilidade econômica, agora desperdiçada do Brasil, não teria completado seu segundo mandato. O sistema presidencial do Brasil também significa que Dilma não pode dissolver o Congresso e convocar novas eleições”, avalia o FT.

“Conhecida pela sua teimosia, Dilma insistiu que não vai renunciar. Também não há qualquer evidência de que ela, pessoalmente, teria lucrado com o esquema fraudulento na Petrobras. É verdade, ela poderia ainda ser acusada por outros motivos, tais como a as maquiagens contábeis. Mas isso só levaria a ver um político medíocre substituído por outro. Na ordem, seria Michel Temer, o vice-presidente, Eduardo Cunha, líder da Câmara dos Deputados, ou Renan Calheiros, presidente do Senado. Os dois últimos acusados de corrupção”, afirma.

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Assim, é uma situação cada vez mais instável. Todos concordam que não pode durar, mas não há nenhum caminho claro para sair deste momento, diz a publicação. “A situação é tão ruim dentro do gabinete que Joaquim Levy, o ministro da Fazenda,  que tem liderado as tentativas de cortar o inchado setor público do Brasil, tem sido minado por outros que acreditam erroneamente que o Brasil pode voltar a gastar”.

O FT comenta que Levy supostamente ameaçou renunciar e que o rebaixamento poderia enfraquecê-lo mais ainda. E, se isso acontecer, os investidores vão ter uma visão ainda mais sombria da capacidade do governo para endireitar as contas públicas.

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.