FT destaca 4 medidas de Aécio criticadas por Dilma – e que ela está implementando agora

Segundo matéria da publicação britânica, a presidente criticava o tucano durante a campanha; mas agora, por necessidade, vai ter que adotar no seu segundo mandato

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Em reportagem publicada nesta quarta-feira, o Financial Times falou sobre as indicações de “mudanças” na política econômica que Dilma Rousseff (PT) está em vias de implementar, em contraponta a sua campanha eleitoral. Em artigo chamado “Dilma Rousseff coloca o Brasil de volta ao passo da ortodoxia econômica” – em opinião de contrassenso aos que muitos especialistas falam sobre as sinalizações do novo governo – a publicação britânica destaca pontos que ela tanto criticou, mas que agora está implementando.

“No auge da ‘amarga’ campanha eleitoral no Brasil em outubro, a presidente Dilma Rousseff parecia evitar qualquer preocupação com a economia de mercado”, afirma a publicação ressaltando que, para satisfazer os apoiadores, ela colocou os adversários do PSDB “como banqueiros sugadores de sangue”. Ela ressaltava ainda, durante a campanha, que o Brasil tinha as menores taxas de juros da história. 

“Três dias depois de sua vitória eleitoral, no entanto, o Banco Central fez exatamente a mesma coisa que Aécio Neves vinha defendendo – aumento das taxas de juros para o maior nível em três anos para controlar a inflação, que está acima do teto oficial de 6,5%”, afirma. 

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O jornal avalia que, de fato, desde a eleição, Dilma Rousseff tem atuado discretamente em fazer as coisas que ela criticou e a sua postura tem levado a piadas no Facebook de que, na verdade, foi Aécio que ganhou a eleição. “A única diferença é que a ‘versão Dilma’ de suas políticas carece do zêlo reformista do seu rival”. 

“Esta abordagem, no caso do Aécio, seria conduzida muito mais por convicção sobre o que precisa ser feito para recuperar credibilidade, enquanto ela parece conduzir estas mudanças muito mais por necessidade”, destacou João Augusto de Castro Neves, da Eurasia Group.

Mas a reversão aparente de Dilma à economia mais ortodoxa não poderia ter vindo em um momento mais importante, dizem os economistas, em meio ao cenário fiscal complicado e a inflação em alta. E o diagnóstico de muitos – apesar de controvérsias – é que é preciso apertar os gastos para reverter a situação. “Mas os críticos duvidam de sua capacidade de oferecer um verdadeiro ‘choque de credibilidade'”, afirma o jornal. 

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Confira as propostas de Aécio – que estão sendo usadas por Dilma Rousseff, segundo o FT: 

1 – Alta dos juros para controlar a inflação: o Banco Central aumentou a Selic para 11,25%, no maior patamar em três anos. Aécio propôs medidas semelhantes para controlar a inflação, afirma o jornal, mas o mercado desconfia da disposição de Dilma vai ter a vontade política de prosseguir com esta política.

2 – Aumentar os preços dos combustíveis: a Petrobras aumentou os preços da gasolina em 3% e de diesel em 5%, sendo que o fim do controle de preços de combustível são necessários para permitir que a economia volte à dinâmica de mercado e para normalizar as operações da Petrobras. “Mas os aumentos foram vistos como muito pequenos para satisfazer as demandas do mercado”, afirma o jornal. 

3– Cortar os empréstimos subsidiados de bancos estatais: o ministro da Fazenda, Guido Mantega, sugeriu a redução dos subsídios pelo BNDES, o banco de desenvolvimento estatal que é um instrumento de política industrial do governo. “O BNDES enfraquece a política monetária e fiscal, fornecendo um estímulo fora do orçamento para a economia. Mas poucos esperam que o governo apertar significativamente baixo em financiamento subsidiado”, afirma o jornal.

4 – Ministro da Fazenda com maior credibilidade: Guido Mantega é criticado por ser demasiado otimista e muito flexível e deve ser substituído. Os rumores é de que o ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles e o ex-funcionário do ministério da Fazenda Nelson Barbosa sejam os mais cotados. 

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.