O governo vai tentar cercar o crime organizado pelo lado financeiro

“Seguir o dinheiro” foi a tática utilizada pelos Estados Unidos para tentar reduzir as ameaças do terrorismo depois do 11 de Setembro. Daí nasceram muitas leis de combate à corrupção e à lavagem de dinheiro.

José Marcio Mendonça

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A política no Brasil virou modo e meio de vida. E com que modos e com que insondáveis meios!

Finalmente, depois de três massacres, de mais de cem prisioneiros mortos com requintes de extrema crueldade, e da demonstração, ao vivo e em cores para todo o Brasil, que o principal presídio de Natal tem um dono e senhor, o crime organizado, o presidente Michel Temer e seus conselheiros se convenceram que a situação do sistema prisional brasileiro e também da segurança pública é de extrema gravidade, não algo pontual e localizado.

Agora, ele corre contra o tempo para não apenas “minimizar” o problema, com soluções de médio e longo prazo, mas para tentar conter a origem da perda pelo Estado do domínio das prisões e segurar avanço da criminalidade e da “insegurança pública” em geral fora das grades. Segundo o próprio presidente informou ao jornalista Gerson Camarotti, da Globonews, ele vai se reunir hoje com os representantes dos 37 órgãos que compõem o Sistema Brasileiro de Inteligência para unificar a ação de todos eles de forma a contrapor-se ao poder das organizações que comandam o crime no país, cada vez mais audaciosas, dentro e fora da prisão.

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Um dos aspectos mais interessantes dessa nova estratégia é que entre os órgãos convocados está o Conselho de Controle das Atividades Financeiras (Coaf), responsável por acompanhar a movimentação de dinheiro no país e levantar irregularidades, corrupção, lavagem de dinheiro e que tais. Ele vai tentar “seguir o dinheiro” que sustenta o crime. Foi com um cerco desse jeito que os Estados Unidos começaram a tentar garrotear o terrorismo internacional, depois do 11 de Setembro. Daí nasceram várias leis em diversos países, inclusive no Brasil, de combate à corrupção. A cooperação internacional nesta área é cada vez maior e graças a ela, por exemplo, a Operação Lava-Jato conseguiu estender seus tentáculos aos negócios suspeitos de brasileiros no Exterior. A ver se vai adiante. Para isso, porém, será preciso fortalecer a Coaf.

Também hoje, o ministro da Justiça, Alexandre de Morais, nome anda na berlinda, vai tentar, com os secretários de Segurança dos estados uma política comum de segurança e de modificação do sistema prisional para conter a escalada da violência. Há propostas de ampliar a Força Nacional de Segurança, hoje com apenas mil homens, para sete mil. Diz a “Folha de S. Paulo” que os governadores estão pressionando Temer para FN passar a atuar também dentro dos presídios. O presidente reúne-se amanhã em Brasília com os governadores. Segundo o blog do Josias de Sousa, Temer vai pedir ajuda aos governadores também para o garroteamento das finanças criminosas.

Por falar em tudo isso, há muitas orelhas cheias de pulga atrás depois da reunião de domingo do presidente Michel Temer com o jurista Ayres Britto, ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF). Aparentemente foi apenas uma troca de ideias. A “Folha” diz que o presidente foi buscar em Britto apoio para uma interlocução maior com a ministra Carmem Lúcia, atual presidente da Corte. Pode ser, mas Britto foi cotado para a Justiça quando o governo Temer estava se instalando.

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A respeito da economia, o governo continua vendendo otimismo. Em Davos, Suíça, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles disse que no quarto trimestre a economia nacional estará crescendo no ritmo de 2%. Em entrevista à Reuters, o presidente Michel Temer disse que o PIB deve dar sinais de crescimento no primeiro trimestre. Não é o que prevê o FMI.

Sobre o momento político assista à entrevista do cientista político Rafael Cortez, da Tendências Consultoria, ao “ Na Real na TV

Destaques dos

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jornais do dia

– “FMI prevê crescimento menor para o Brasil este ano (0,2%) e em 2018” (Globo/Folha)

– “País deve chegar ao 4º trimestre com expansão de 2% do PIB, diz Meirelles” (Valor)

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– “Meirelles diz que a decisão sobre o IR sai em fevereiro” (Globo)

– “ Moody’s deve melhorar nota da Petrobras” (Valor)

– “Brasil despenca no ranking de mercados atraentes” (Globo/Folha)

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– “Executivos estão confiantes, mas não pretendem contratar” (Estado)

– “Governo atrasa pagamento do seguro desemprego” (Folha)

– “Temer: idade mínima na reforma da Previdência é inegociável” (Globo/Folha)

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– “Sem recursos para honrar dívidas, 62 municípios já declararam calamidade financeira” (Estado)

– “Alemanha ameaça entrar em guerra fiscal com os países ricos” (Valor)

– “Lava-Jato: Rolls Royce vai devolver R$ 2,6 bi” (Globo/Folha)

– “Na disputa na Câmara, Rosso libera aliados e Maia ganha força” (Globo)

– “Supremo pede a Maia que se manifeste sobre sua candidatura” (Folha)

– “Candidatos na Câmara apoiam lei de abuso” (Estado)

– “Febre amarela avança para o litoral; Minas tem 47 mortes” (Globo)

LEITURAS SUGERIDAS

1. Míriam Leitão – “O futuro das empreiteiras” (diz que o horizonte das empreiteiras ainda é ponto de incerteza para a economia brasileira) – Globo

2. Editorial – “A necessidade de uma resposta do Estado brasileiro” (diz que o tratamento a ser dispensado à atual crise dos presídios não pode repetir receituários antigos, lenientes e com ações estanques – o tema deve estar em ação integrada dos três poderes) – Globo

3. Delfim Netto – “Boas notícias” (diz que firmeza do Banco Central, somada ao programa de controle de despesas, exerceu um impacto positivo sobre as expectativas de inflação) – Valor

4. Raymundo Costa – “’Volta Lula’ já dividiu e agora pode unir o PT” (diz que o desafio do partido no momento é evitar ajuste de contas em seu congresso) – Valor

5. Roberto Muggah e Benjamin Barber – “Cidades são fundamentais” (diz que o caminho para a democracia, sustentabilidade e estabilidade não passa pelo estado-nação, mas pelas cidades) – Valor

6. Moisés Naim – “Marcha da insensatez” (diz que um dos aspectos mais graves do “fenômeno Trump é a banalização da mentira) – Estado