Pensando em comprar dólares para as férias? Veja dois motivos para acreditar na queda da moeda

"Confirmando a perda de R$ 3,20, dólar abre caminho para R$ 3,10", afirma diretor de câmbio

Rafael Souza Ribeiro

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SÃO PAULO – Depois de subir 3% em outubro e superar a casa de R$ 3,30 no começo do mês em vista das incertezas quanto ao andamento da reforma da Previdência, o dólar comercial ganhou força na venda nas duas últimas semanas e com a desvalorização do pregão passado deixou para trás a faixa de R$ 3,25, fato que abre caminho para novas quedas, conforme aponta José Faria Júnior, diretor de câmbio da Wagner Investimentos. Na sua visão, dois fatores deverão guiar esse movimento: i) discurso expansionista do Federal Reserve; ii) aprovação da reforma da Previdência.

Divulgada na tarde da última quarta-feira (22), a ata da última reunião do Fed, realizada em 31 de outubro, surpreendeu o mercado pelo seu tom mais dovish, ou seja, inclinado pelo manutenção da política monetária expansionista, o que favorece o maior fluxo de dólares na economia já que seguirá provendo liquidez para os mercados. Depois de muito tempo, o documento trouxe à tona uma divisão entre os dirigentes, com parte discordando da tese de que a inflação fraca é um fenômeno temporário, inclusive já defendido pela presidente em exercício, Janet Yellen, que irá deixar seu cargo em fevereiro para a entrada de Jerome Powell.

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Como revelou o documento, os membros do Banco Central mundo acreditam que os preços baixos deverão prevalecer muito mais tempo do que esperado e que a meta de inflação de 2% somente será atingida em 2019. Assim como no Brasil, que a inflação controlada está guiando o processo de cortes de Selic pelo Copom, o mercado começa acreditar que o Federal Reserve não deverá apertar o passo ano que vem. Vale lembrar que as projeções atuais apontam para quatro altas em 2018.

“Ao ler a ata da última reunião, está ganhando cada vez mais força que o Fed manterá sua política monetária expansionista”, avalia Faria Júnior, tese corroborada não só pelo tom do documento, mas também pela inclinação do novo presidente do BC dos EUA. Powell é considerado um diretor na mesma linha de Yellen, ou seja, não deve fazer uma mudança drástica na condução da política do Fed, inclusive é um dos “fiéis escudeiros” da chairwoman e essa postura que o mercado deve levar em conta.

Efeito positivo da Previdência

Com as novas regras da reforma da Previdência oficialmente apresentadas (veja mais aqui), que devem gerar uma economia de R$ 480 bilhões para os cofres públicos em dez anos, ou seja, 60% da proposta original, Temer (e o mercado) conta os votos para a aprovação da reforma na Câmara. Segundo levantamento feito pela MCM Consultores mostrou que o governo conta com 251 deputados que provavelmente o apoiarão nesta votação, mas existem ainda mais 64 deputados com chances de apoiar o governo, totalizando 315 parlamentares, suficiente para aprovação da PEC (Proposta de Emenda à Constituição) na Câmara, que precisa do apoio de 308 congressistas.

Apesar dos últimos entreveros de Temer, com a trapalhada da nomeação do deputado Carlos Marun (PMDB-MS) para a Secretaria do Governo no lugar do tucarno Antonio Imbassahy (veja mais aqui), que gerou um mal estar na base aliada, assim como a falta de quórum do jantar de Temer para apresentar a versão mais enxuta da Previdência, o mercado em geral está otimista com a aprovação do texto: “estivemos reunidos com pessoas seniores da equipe econômica do governo. A opinião mudou e é unânime: todos acreditam, e muito, na aprovação de uma reforma, mesmo que super desidratada, na primeira semana de dezembro”, afirmou Pablo Spyer, diretor de operações da Mirae Corretora, após conversas com membros do governo nesta semana.

Rumo aos R$ 3,20

Com esse risco político sendo dissipado e a “torneira” de liquidez ainda ligada, que faz o dólar perder força contra todas as moedas do mundo, Faria acredita que a divisa norte-americana tem espaço para cair até R$ 3,20 nos próximos dias, onde tomará uma importante decisão: “se conseguir romper este patamar, os compradores poderão se beneficiar de um cenário mais benigno para a moeda, com oportunidade de compra entre R$ 3,15 e R$ 3,10”, projeta o diretor de câmbio.

Olhando para os gráficos, ao deixar para trás no pregão passado a região de R$ 3,25, o dólar confirmou um padrão de reversão de baixa conhecido na análise técnica como OCO (Ombro-Cabeça-Ombro) – linhas vermelhas -, que também corrobora com a visão de queda para a moeda. Pelas projeções gráficas do padrão de reversão, a divisa tem como objetivo R$ 3,18.