Dólar sobe 1,45% com “mão pesada do BC”, mas fecha abaixo dos R$ 3,50

"Talvez o dólar subiu hoje por temer o IOF sobre o mercado futuro; mas a medida apenas melhora a receita do governo", diz o diretor de câmbio da Wagner Investimentos

Paula Barra

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SÃO PAULO – O dólar chegou a subir quase 2% nesta segunda-feira (2), mas fechou em alta de 1,45%, cotado a R$ 3,4885 na compra e R$ 3,4900 na venda. Neste momento, o contrato futuro da moeda negociado na BM&FBovespa avançava 1,54%, a R$ 3,521.

Investidores reagiam hoje à atuação do Banco Central e ao aumento da alíquota do IOF (alíquota do Imposto sobre Operações Financeiras) sobre a compra do dólar em espécie no mercado à vista, de 0,38% para 1,10%. Nesta manhã, o BC colocou todos os 40.000 contratos ofertados de swap cambial reverso, em operação equivalente a uma compra de US$ 2 bilhões no mercado futuro. 

Para o diretor de câmbio José Faria Júnior, da Wagner Investimentos, a alta de hoje deixa o dólar próximo de uma região que favorece a venda. “Quanto mais o dólar se aproximar de uma linha de médio prazo (nos R$ 3,55/R$ 3,60), melhor será a venda”, comentou. Ele acredita que a moeda tem espaço para buscar em breve os R$ 3,30. 

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Para ele, o trajetória de queda do dólar está respaldada tanto por fatores externos quanto pelo próprio leilão de swaps que o BC vem realizando nas últimas semanas. “Muito em breve a posição de swaps do BC deixará de ser um problema para o dólar subir e passará a ser um problema para a moeda cair”, disse. Isso porque quanto mais rápido o BC reverter sua posição de swaps, mais forte será a posição cambial do País. Além disso, ele ressalta que o País será também beneficiado com o fim dos swaps, lembrando que o Brasil perdeu 2% do PIB do ano passado com isso e já acumula um ganho de 1% do PIB esse ano, reduzindo o déficit nominal do País. No mais, haverá também uma melhora fiscal com a regularização dos ativos, assunto que está pouco sendo considerado nas projeções de déficit fiscal do ano. 

Faria Júnior comenta também que o anúncio de hoje sobre o aumento da alíquota do IOF sobre a compra de dólar não deve pesar no dólar mais para frente, já que a mudança vale apenas para o mercado à vista. “Talvez o dólar subiu por temer o IOF sobre o mercado futuro. Mas a medida apenas melhora a receita do governo”, reforçando o quadro de retomada de credibilidade do País, comenta.

Nesta manhã, a presidente Dilma Rousseff e o ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, assinaram decreto para aumentar o IOF para compra de dólar à vista de 0,38% para 1,1% a partir de amanhã. Caso a demanda por dólar se mantenha estável, o aumento previsto da arrecadação é de R$ 300 milhões. 

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Segundo ele, a melhora da confiança promoverá reversão do quadro atual de grande pessimismo. A queda do dólar reflete a queda do CDS de 5 anos (fechou abril em 330 pontos-base) e também a forte queda do dólar no exterior. “Por mais de 2 anos o dólar reinou no mundo e agora reverteu a tendência de longo prazo: de alta para baixa”, ressalta.