11 perguntas sobre dólar que todo mundo deveria saber as respostas

O InfoMoney, responde 11 questões essenciais para quem investe em dólar ou está querendo comprar a moeda para viajar

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – O dólar é um dos ativos mais comentados do momento, seja por investidores ou pessoas que estão apenas pensando em viajar. Após subir forte no início do ano e atingir sua máxima histórica em R$ 4,20, a moeda perdeu força e já perdeu os R$ 3,50. Mas nem todo mundo sabe como funciona o mercado de câmbio: o que faz a moeda subir e cair e quais os mecanismos que afetam as cotações.

Por isso, o InfoMoney, aproveitando este momento conturbado e que tem levado muita volatilidade para as cotações, criou este pequeno manual, com 11 perguntas e respostas essenciais para quem investe em dólar ou está querendo comprar a moeda para viajar.

Confira as perguntas e respostas:

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1) Como funciona o mercado de dólar?
O câmbio é um mercado movido com base no princípio da oferta e da demanda. Basicamente, quando há muita oferta no mercado (pessoas/empresas vendendo moeda), a cotação do dólar tende a cair, e quando a demanda é maior que a oferta (há muitos compradores), o preço da moeda tende a subir.

O que acaba tornando este um mercado mais complicado são os fatores que levam a uma oferta maior ou menor, além das intervenções do Banco Central, que por meio de diversas ferramentas acaba “controlando” a cotação.

2) O que faz o dólar subir ou cair?
Esta não é uma resposta simples, já que novos fatores surgem e desaparecem. Mas, em tese, há uma combinação dos humores dos investidores no exterior e do mercado interno. Por exemplo, a expectativa de alta de juros nos Estados Unidos tem feito o dólar subir, já que a elevação das taxas acaba tornando o investimento no país muito mais atrativo, o que tira investidores do mercado brasileiro. Porém, recentes dados nos EUA tem feito o mercado acreditar que não teremos muitas altas este ano, o que aliviou o mercado cambial. Medidas de estímulo de bancos centrais de outros países também tende a ter efeito no câmbio, principalmente quando isso ocorre na China.

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3) Como a política afeta o dólar?
Nos últimos meses o que tem ditado o mercado por aqui é a política. Basicamente, a ideia é que a saída de Dilma levaria a mudanças na economia, atraindo investidores (por isso o dólar cai com notícias ruins para o governo), enquanto a manutenção da atual presidente deixaria o cenário até pior que o atual, levando os investidores a procurarem outros mercados. Por isso que cada notícia tida como negativa para o governo leva a uma queda do dólar.

4) Como o BC intervém no câmbio?
O Banco Central possui diversos mecanismos para intervir no câmbio, são eles: o swap cambial, venda direta e leilões de linha. Cada um deles tem uma função, e, consequentemente, afeta a moeda de forma diferente.

As vendas diretas de dólar são feitas no mercado à vista – ou seja, é dinheiro entrando no mercado, com a autoridade usando as reservas cambiais. Já os leilões de linha também são feitos por meio da venda de moeda norte-americana no mercado à vista, mas nesse caso, os dólares têm de ser devolvidos ao Banco Central nos meses seguintes, não impactando as reservas cambiais.

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Por último, com os contratos de “swap cambial”, o BC realiza uma operação que equivale à uma venda de moeda no mercado futuro (derivativos), o que reduz a pressão sobre a alta da moeda – não necessariamente faz o dólar cair.

5) E o que são leilões de swap reverso?
No swap cambial reverso, o BC se compromete a pagar juros ao investidor, em troca da variação cambial. Se o dólar cai, no entanto, os investidores ganham tanto com os juros como com a variação da moeda. Nesse sentido, o efeito é o mesmo de quando o investidor vende seus dólares para o BC, aplica os reais da venda na renda fixa e depois compra a moeda estrangeira a um preço menor.

Por isso que quando este tipo de operação acontece, vemos no noticiário que ela equivale a uma operação de compra da moeda estrangeira no mercado futuro, o que leva o BC a utilizar estes mecanismos quando julga necessário uma alta do dólar ante o real, ou mesmo para controlar momentos de uma volatilidade grande e fortes quedas da moeda.

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Em uma operação de swap cambial puro, o Banco Central fica “vendido” em dólar – o que quer dizer que ele ganha com a queda da moeda – e “comprado” na taxa Selic, o que significa ganhar com uma variação positiva da taxa básica de juro. Já no swap cambial reverso, a situação é contrária. Desse modo, o BC fica “comprado” em dólar, ganhando com a valorização da moeda norte-americana, enquanto fica “vendido” em taxa Selic.

6) Mas então por que o dólar não está subindo?
Analistas acreditam que BC aproveita uma janela de oportunidade para reduzir seu estoque de swaps cambiais, diante de um mercado que se desfaz de posições compradas de hedge cambial ante a perspectiva de impeachment. É neste cenário que há a expectativa de que grandes empresas estejam se desfazendo de suas posições de hedge, em um claro sinal de que o mercado acredita cada vez mais na chance do impeachment de Dilma, o que levaria o dólar para novas quedas.

Ou seja, há uma oferta extremamente alta diante da expectativa da saída de Dilma, o que está puxando a moeda para baixo. Neste ambiente, o BC está aproveitando não só para se desfazer de suas posições, mas para segurar a cotação acima de R$ 3,50. Porém, a procura é tão grande que a autoridade não está sendo capaz de segurar a desvalorização da moeda norte-americana.

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7) Qual a diferença entre dólar comercial, turismo e por que ele não é o mesmo que eu compro na casa de câmbio?
O que vemos normalmente na televisão e nos sites de notícias é o dólar comercial, mas para quem está se preparando para uma viagem sempre acaba se surpreendendo com o valor bem maior cobrado nas casas de câmbio e nas conversões feitas na compra de pacotes para o exterior. Para se ter uma ideia, se hoje o dólar comercial chega a R$ 4,00, o turismo já deve estar se aproximando dos R$ 4,20 – com alguns lugares já cobrando mais do que isso.

Essas diferenças ocorrem porque desde 1999 o Brasil vive em um sistema de câmbio flexível – antes disso o dólar tinha um valor pré-fixado ante o real -, ou seja, ele pode ser negociado livremente por quem compra e quem vende a moeda. Para se comparar os valores cobrados, o Banco Central divulga todos os dias a Ptax, dólar que serve de referência e que é uma média das taxas praticadas entre cada instituição (bancos, corretoras, agências de turismo, etc).

A explicação para o dólar turismo ser mais caro que os outros “tipos” é simples: para se comprar e vender o dólar turismo é preciso ter o dinheiro em mãos, ou seja, ele é feito com notas, o que acarreta em maiores custos para as casas de câmbio, como transporte, manutenção e seguro para caso de roubo, o que eleva o preço da moeda para compensar esses gastos. Por outro lado, as transações do dólar comercial são apenas em contratos, de forma eletrônica.

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Vejas as diferenças entre cada dólar:

Tipo de dólar Explicação
Dólar à vista É usado como referência e utilizado para
contratos no mercado financeiro
Ptax Taxa média entre as instituições que podem negociar dólar.
É calculado pelo Banco Central
Dólar futuro Contrato negociado no mercado financeiro e que representa a compra
ou venda da moeda norte-americana em uma data futura por um
preço já pré-determinado
Dólar comercial Utilizado pelas empresas para negócios de importação e exportação
Dólar turismo Utilizado para viagens internacionais, como pacotes de agências,
compra de dinheiro em espécie e débitos em cartões de crédito.
Cada agência e operadora de viagem utiliza sua própria taxa, tendo
como referência a Ptax. Seu valor, em média, é R$ 0,15 maior
que o comercial
Dólar paralelo Valor negociado ilegalmente, sem supervisão do Banco Central

8) Como a definição da Ptax afeta o mercado?
Todo dia, no início da tarde, ocorre a definição da taxa Ptax, que é divulgada pelo Banco Central. Apesar de um efeito menor, este momento é importante porque os players tentam “definir” a taxa que melhor lhes convêm. Porém, a Ptax do último dia útil de cada mês serve de referência para a liquidação de contratos futuros e de outros derivativos e, por isso, é ainda mais importante. Há uma disputa entre os investidores comprados e vendidos em contratos cambiais, o que ajuda a deixar o mercado instável.

9) É melhor comprar moeda ou ter cartão pré-pago de dólar?
Desde o final de 2013, o governo elevou a alíquota de IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) para quem compra moeda estrangeira, passando de 0,38% para 6,38% – mesmo valor que já era cobrado no cartão de crédito. Ou seja, utilizando cartão de débito (ou cartão pré-pago em dólar), cartão de crédito ou fazendo saques no exterior utilizando cartão de débito, o usuário pagará 6,38% a mais do valor em IOF. A exceção é comprar dinheiro em espécie, que continua com um IOF de 0,38%.

A melhor opção parece ser mesmo comprar dinheiro em espécie, porque acaba saindo mais barato para quem vai viajar. Porém, especialistas aconselham que pessoas que forem viajar e precisarem de muito dinheiro combinem o dinheiro em espécie e o cartão pré-pago (cartão de crédito é considerada sempre a última opção porque o valor do câmbio é definido apenas no fechamento da fatura, ou seja, pode subir muito desde o dia da compra e custar mais caro).

10) Para quem é bom o dólar alto?
Se para o cliente que vai viajar, a ideia é sempre de ter o dólar no menor valor possível, para o investidor não é necessariamente o mesmo pensamento. Quem investe na moeda busca sempre comprar ela em um preço baixo para vender a um valor mais alto. Além disso, assim como ocorre no mercado de ações, é possível operar vendido em dólar, ou seja, você pode investir no câmbio achando que ele vai subir ou cair.

Mas o “cliente” que mais quer o dólar em valor alto são as empresas exportadoras, que acabam ganhando não só em competitividade contra companhias internacionais, mas também por conseguirem vender seus produtos a preços mais altos, resultando em uma receita maior.

11) O dólar vai subir ou cair?
Esta é a resposta que todos querem saber. Há uma máxima que tem sido cada vez mais usada no mercado: “o dólar nasceu para envergonhar economista”. Isso porque se tem alguma coisa quase impossível de prever é o rumo do dólar. O mais importante é ficar atento às notícias, aos fatores que influenciam as cotações e estudar este mercado, buscando a melhor forma de investir.

Para quem quer viajar, a estratégia é ficar atento ao cenário e à tendência (se o dólar está em quedas seguidas ou subindo a muito tempo), tentando realizar pequenas compras sucessivas, de forma a fazer um preço médio e tendo maior chance de aproveitar as mínimas da moeda.

Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.