Dólar deve chegar a R$ 2,80 no 1º trimestre e fechar o ano a R$ 3,20, diz NGO

"Qualquer que seja o enfoque sobre a situação macroeconômica do Brasil se concluirá que provavelmente estejamos no 'fundo do poço'", afirmou o diretor executivo da corretora

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – Nos últimos meses, aumentaram as apostas de que o dólar deve chegar facilmente aos R$ 3,00, pelo menos até o final deste ano. Porém, iniciado 2015, as projeções começam a apontar em um patamar ainda maior para a divisa, que pode atingir R$ 3,20 em dezembro, segundo o diretor executivo da NGO Corretora, Sidnei Nehme. Para ele, ainda no primeiro trimestre a moeda deve chegar aos R$ 2,80 de “forma sustentada”.

“Qualquer que seja o enfoque sobre a situação macroeconômica do Brasil se concluirá que provavelmente estejamos no ‘fundo do poço’, e o ‘provavelmente’ demonstra a insegurança ante um quadro de ampla deterioração de indicadores que, repetitivamente, não encontra limites para pioras e agravamentos, indo sempre além do que era previsto e considerado”, afirmou o diretor em relatório.

Segundo Nehme, há um consenso do mercado sobre os desafios dos novos ministros para conseguirem remodelar o governo, ainda mais por estarem sob o mesmo comando de Dilma Rousseff, e que em muitos pontos será necessário “ver para crer” qualquer mudança no governo. “A nova postura de gestão inevitavelmente será desgastante e não há certezas de que os resultados almejados serão alcançados”, afirmou.

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O diretor da NGO ainda fala que o novo governo será obrigado a realizar diversas medidas impopulares, e que elas não necessariamente terão uma impacto positivo na economia nacional. “O Brasil, mas também grande parte de sua população, deverá enfrentar severa ‘dieta’ para recompor seus gastos à compatibilidade com suas receitas, num duro retroagir à realidade, e isto pode até acabar em impactos altamente negativos na economia”, disse no relatório.

No documento, ele ainda cita diversos problemas que o Brasil terá que enfrentar em 2015 e nos próximos anos, como o alto endividamento do setor privado, a forte queda no preço das commodities e a recuperação da economia dos EUA. Mas um dos pontos mais complicados é o setor externo, onde as projeções não são positivas e também não podem ser controladas pelo governo brasileiro.

“Não dá para ter um olhar secundário a respeito da relevância do setor externo brasileiro, que poderá eclodir como fator muito preocupante no momento em que o país estará enfrentando o desafio da superação”, afirmou Nehme.

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Sobre a continuidade do programa de intervenções diárias do Banco Central, o diretor acredita que o anúncio não é muito positivo. “O BC, após hesitações, resolveu dar sequência ao programa de oferta diária de US$ 100 milhões destes instrumentos financeiros, pelo menos até o 1º trimestre de 2015. Tecnicamente em câmbio o pré-anúncio de ações intervencionistas não é recomendada, mas entendemos que o BC assim tem agido procurando mitigar os riscos de elevação brusca nos preços da moeda americana ante a incerteza de disponibilização de ‘hedge’, tendo em vista que ainda perdura a fragilidade da moeda nacional”, disse.

“O alinhamento dos preços relativos da economia neste cenário deve impactar forte na pressão inflacionária e exigir mais juros. Ao não focar com rigor o setor externo os analistas econômicos podem estar cometendo um erro grave nas projeções do preço do dólar para 2015, e assim também não estar considerando os naturais ‘efeitos colaterais'”, completou Nehme.

Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.