Mantega estava certo? Dólar já caiu R$ 0,16 em 4 dias após a reeleição de Dilma

Ministro da Fazenda disse no dia 19 de outubro que quem apostasse em uma alta do dólar iria "quebrar a cara"; após abrir a segunda-feira em R$ 2,56, o dólar futuro voltou a R$ 2,40 hoje

Rodrigo Tolotti

Publicidade

SÃO PAULO – Guido Mantega, nos últimos anos, tem sido bastante lembrado pelo mercado com suas previsões bastante otimistas com a economia brasileira. Mais recentemente o ministro da Fazenda comentou sobre o câmbio, em um momento onde os investidores estavam se preparando para o que poderia ocorrer no cenário pós-eleições. O consenso era de que uma reeleição de Dilma Rousseff (PT) iria derrubar a Bolsa e disparar o dólar, com projeções que apontavam para a moeda em R$ 2,70.

Mas Mantega avisou ainda no dia 19 de outubro: “quem apostar em uma alta do dólar vai quebrar a cara“. E parece que ele estava certo. Na segunda-feira (27) seguinte ao segundo turno, a moeda norte-americana disparou e fechou aos R$ 2,5229 na venda, mas nestes três pregões seguintes a queda chegou a 4,56%, com a divisa chegando a perder os R$ 2,40 nesta quinta-feira (30). No mercado futuro o movimento foi ainda mais forte, com a moeda abrindo o pregão da segunda em R$ 2,56 e caindo para R$ 2,40 na sessão desta quinta. Hoje, o dólar comercial fechou com queda de 2,45%, cotado a R$ 2,4064 na compra e R$ 2,4079 na venda.

Uma semana antes das eleições, Mantega concedeu uma entrevista ao jornal Folha de S. Paulo e disse que “não há motivo para isso [apostar em queda da Bolsa ou alta do dólar]. Agora, se alguém tentar fazer isso vai quebrar a cara. Rali contra o câmbio vai quebrar a cara porque nós temos US$ 380 bilhões de reservas. Somos poderosos nessa área. Não tem razão para fazer rali, mesmo porque a política que nós vamos praticar está clara, não tem mistério. E acredito que é uma política que interessa a todos, à maioria da população”.

Masterclass

As Ações mais Promissoras da Bolsa

Baixe uma lista de 10 ações de Small Caps que, na opinião dos especialistas, possuem potencial de valorização para os próximos meses e anos, e assista a uma aula gratuita

E-mail inválido!

Ao informar os dados, você concorda com a nossa Política de Privacidade.

Seja esse um acerto do ministro ou não, é importante destacar que as quedas se dão por uma combinação de fatores que tiveram início na terça-feira (28) com as primeiras sinalizações e expectativa sobre o nome de quem seria o substituto de Mantega a partir do próximo ano, já que Mantega deixará o cargo. Nomes como Luiz Carlos Trabuco, presidente-executivo do Bradesco, Henrique Meirelles, ex-presidente do Banco Central, e Nelson Barbosa, ex-secretário-executivo do Ministério da Fazenda ajudaram a trazer otimismo para os investidores, que começam a apostar em um nome que seja conhecido do mercado.

Ontem, o dólar ameaçou cair forte, mas perdeu força e fechou com leves perdas de 0,2%, após o Federal Reserve encerrar o programa de estímulos à economia e fazer comentários mais claros sobre a elevação de juros. Porém, a surpresa veio na parte da noite, quando o Banco Central brasileiro inesperadamente elevou a taxa básica de juros, a Selic, para 11,25% ao ano.

Por si só este movimento da autoridade monetária já ajuda na queda do dólar, já que com um juro mais alto o investimento no Brasil volta a ser mais atrativo para o estrangeiro. Mas mais do que isso, fazer um movimento como este logo após as eleições ajuda a levar para o mercado uma sinalização de que o novo governo deve lutar para recuperar a credibilidade.

Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.