Publicidade
SÃO PAULO – O que era para ser uma boa notícia para a economia mundial – o indício de recuperação dos Estados Unidos após as reverberações da crise do subprime em 2008 – tem assombrando os mercados emergentes ultimamente. Enquanto os indicadores da maior economia do mundo sinalizam que o pior pode ter passado e o reaquecimento do mercado local é cada vez mais nítido, os sentimentos dos investidores de países como Brasil e Indonésia têm sido cada vez mais dominados pelo pessimismo. O maior reflexo disso é um novo movimento de desvalorização de suas moedas frente a divisa norte-americana, destacado pelo JP Morgan em relatório citado pela imprensa internacional.
O motivo da forte alta do dólar em relação às moedas das economias emergentes, de um modo geral, já é bastante conhecido: com a recuperação da economia dos EUA, a tendência é que o Federal Reserve – banco central americano, que hoje injeta mensalmente até US$ 85 bilhões no mercado do país via compra de títulos públicos em um programa conhecido como QE3 (Quantitative Easing 3) – inicie o corte gradual na atual política de estímulos e reduza a liquidez e afrouxamento monetários. Desta forma, o receio é que investimentos norte-americanos deixem de vir para mercados como o Brasileiro.
Como se isso não bastasse, a tendência de alta nos juros nos EUA, que ocorre na medida em que a inflação volte a se acelerar no país, pode fazer com que haja uma inversão de fluxo de capital. Em outras palavras, vai vir bem menos dólar para o Brasil e a maioria dos emergentes.
Continua depois da publicidade
“Os riscos são ainda mais altos para moedas caras. Ambos real e rúpia indonésia estão sobrevalorizados contra suas médias de 10 anos”, afirmam analistas do JP em relatório. As duas moedas foram tiveram os piores desempenhos dentre as divisas emergentes no mês passado, com desvalorizações de 4,2% para a moeda brasileira e 4,1% para a do país asiático, o que fez com que, no Brasil, a divisa voltasse a se aproximar do elevado patamar dos R$ 2,39, acendendo novo sinal de alerta para o Banco Central.
Índia na contramão
Do lado oposto de seus pares emergentes, a Índia é destacada pelo JP Morgan pela recuperação no quesito “câmbio”, com a boa recuperação de seu déficit em conta corrente, que no terceiro trimestre ficou em US$ 5,2 bilhões, o equivalente a 1,2% do PIB (Produto Interno Bruto) do país, ante participação de 4,8% no trimestre anterior.