Os 4 fatores que explicam por que o Bitcoin caiu 35% em três dias

Uma combinação de fatores tem levado o pânico para os investidores de criptomoedas no mundo todo

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – A grande notícia dois últimos dois dias é a derrocada das criptomoedas, que juntas já perderam US$ 365 bilhões de valor de mercado em apenas dez dias. Apesar deste ser um mercado difícil de se ter certeza dos motivos de movimentos fortes, uma combinação de fatores tem levado a este cenário “vermelho” nos preços.

Basicamente são 4 motivos, que juntos levam o “pânico” aos investidores do mundo todo, que já resultou em uma queda de 35% do Bitcoin em apenas 3 dias:

1) Correção
Não há como negar que a disparada do Bitcoin em dezembro foi bastante exagerada. Em cerca de quinze dias, a moeda saltou de US$ 9 mil para mais de US$ 20 mil, o que chamou atenção de muita gente pela falta de motivos que justificassem tamanha euforia. Por isso mesmo, uma correção já podia ser esperada. Talvez faltassem mais motivos.

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Fernando Ulrich, especialista em criptomoedas do grupo XP Investimentos, lembra que não é a primeira vez que o mercado passa por isso. Entre 2012 e 2013, o preço do bitcoin subiu 85 vezes, movimento que se seguiu ainda por alguns meses daquele ano, para em 2014 afundar 72% e chegar ao patamar de US$ 320. Em 2015, a moeda digital chegou a cair para US$ 150.

“Cá estamos em 2018 e o mercado está todo no vermelho hoje. A maior parte dos comprados em criptos jamais viu um bear market. Veremos uma reprise de 2014 neste ano? Não sei. Mas uma correção já era mais que esperada”, afirma o economista.

Ulrich reforça que não é momento para pânico, sendo, inclusive, uma janela de oportunidade de compra para quem segue uma estratégia focada em longo prazo e de olho em preço médio.

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Além disso, esta queda generalizada também reforça a lição para quem se empolgou com o mercado: “esse é um lembrete de que criptomoedas são uma classe de ativos com muito mais risco que investimentos tradicionais. E não se deve hipotecar a casa para surfar esse mercado. Jamais”, conclui o especialista da XP.

2) Coreia do Sul
Desde a semana passada, uma preocupação vinda da Coreia do Sul tem deixado o mercado tenso. Nos últimos dias, o governo do país tem dito que estuda banir a negociação com criptomoedas. Justificando estas ações por conta das suspeitas de lavagem de dinheiro, autoridades locais fizeram uma ofensiva de fiscalização contra as exchanges sul-coreanas.

O site de notícias Yonhap informou que o ministro das Finanças, Kim Dong-yeon, disse que o governo vai chegar a um conjunto de medidas para conter o investimento “irracional” na moeda digital. O país, por outro lado, pretende dar “grande suporte à pesquisa e desenvolvimento relativos à tecnologia da blockchain”.

3) China
Enquanto isso, segundo informações da Reuters e da Bloomberg, um integrante do banco central chinês disse que as autoridades devem proibir a negociação centralizada de moedas virtuais, bem como indivíduos e empresas que fornecem serviços relacionados, segundo um memorando interno de uma reunião do governo visto pela própria agência de notícias.

No memorando, descrevendo os detalhes das discussões em uma reunião de reguladores da Internet e outros formuladores de políticas na semana passada, o vice-diretor do PBOC (Banco Central Chinês), Pan Gongsheng, disse que o governo continuaria a exercer pressão sobre o comércio da moeda virtual afim de evitar a acumulação de riscos nesse mercado.

Segundo a Bloomberg, o país deve apertar ainda mais o cerco contra as criptomoedas, se concentrando em plataformas online e aplicativos que funcionem como corretoras de câmbio. Um dos principais focos do governo chinês também está na mineração. Por conta do baixo custo de energia e das facilidades conquistadas no país, hoje cerca de 80% dos bitcoins são minerados na China.

4) Contratos futuros
Outro ponto importante para se ficar atento é o vencimento dos contratos futuros de bitcoin, que ocorrem entre hoje e a próxima semana. Nesta quarta, os contratos de janeiro da CBOE vencem acumulando queda de 42% nos últimos 30 dias. Já os contratos na CME, vencem no próximo dia 26 e atualmente também acumulam perdas de mais de 40%.

Assim como ocorre no Brasil no vencimento de opções, estes vencimentos também podem agitar o mercado. Porém, como ainda são recentes, é difícil designar sua real importância e impacto no preço global do Bitcoin.

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Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.