EXCLUSIVO: Conheça a Bomesp, a primeira bolsa de criptomoedas empresariais do Brasil

Em entrevista ao InfoMoney, diretor da bolsa explicou seu funcionamento, quando será lançada e disse que quase 50 empresas já estão interessadas

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – Em uma iniciativa inédita, a internacional Fundação Niobium, entidade sem fins lucrativos que congrega algumas das maiores autoridades mundiais em moedas virtuais, está lançando a Bomesp (Bolsa de Moedas Virtuais Empresariais de São Paulo), a primeira bolsa de criptomoedas emitidas por empresas, brasileiras ou de fora do país.

A Bomesp surge como uma alternativa eficaz para o pequeno investidor. Por meio dela, será possível comprar moedas de empresas, diversificando os investimentos, como um marketplace dedicado exclusivamente para moedas digitais emitidas pelo mundo corporativo. Em entrevista ao InfoMoney, o diretor da Bomesp, Fernando Barrueco, explicou que o projeto nasceu para levar as empresas para este novo mundo guiado pelo blockchain.

Segundo ele, qualquer moeda digital é um ativo não-financeiro, mas sim uma commodity, como o ouro, cobre, soja. O diretor lembra, por exemplo, do recente lançamento dos contratos futuros de bitcoin, mostrando a forma como as criptomoedas são pensadas, como uma nova classe de ativos, muito mais próximo de commodities do que de ações ou do dinheiro.

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Barrueco explica que a inclusão das moedas digitais vai depender de cada projeto. “Queremos criar uma economia distributiva. Queremos buscar e trazer as empresas em seus mundos corporativos para este ecossistema. É a tokenização da economia”, afirma.

Para facilitar e trazer mais credibilidade ao projeto, o diretor explica que quatro criptomoedas serão utilizadas como paridade para as demais que forem lançadas pelas empresas: bitcoin, ethereum, ripple e niobium. Esta última é uma moeda lançada por uma equipe de empresários brasileiros e austríacos, e está atualmente em pré-venda no ICO (Initial Coin Offering), que ocorre até 31 de dezembro.

Entre umas das principais vantagens da Bomesp é a maior segurança que ela trará para quem quiser investir. Além do próprio blockchain, quem for comprar um dos ativos destas empresas terá a certeza de que eles já foram avaliados e não correm risco de ser algum tipo de fraude. Barrueco garante que cada projeto de moeda digital será estudado pela bolsa antes de ser realmente lançado.

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Do lado das empresas, a Bomesp também ajudará no processo dos ICOs, algo que explodiu em 2017 como forma de captação, mas que nem todo mundo entende exatamente como funciona. Dos pequenos restaurantes até grandes companhias, a bolsa irá trabalhar junto para a realização da oferta. Por outro lado, quem quiser realizar o ICO sozinho e depois entrar na Bomesp, também será possível, sempre com a oferta tendo como base de troca as quatro moedas de paridade.

Tipos de moedas
Dentre as moedas lançadas na plataforma haverá ainda uma classificação por cores. As green coins, explica o diretor, serão “moedas solidárias. Estes ativos são voltados para empresas como hospitais, entidades filantrópicas e outras que atingem a sociedade diretamente. “Em uma comparação grosseira, é como um Peixe Urbano ou Groupon”, explica.

Em um exemplo de utilização, Barrueco diz que quando você faz uma doação para alguma entidade, além de dedução de impostos, você poderá receber estas green coins. Com elas, você pode ir ao cinema, restaurante ou qualquer outro lugar que decidir aceitar estas moedas digitais, e ganhar algum tipo de vantagem, como descontos.

Já as blue coins, são moedas emitidas em paridade com o real, ou dólar, por exemplo, e seriam resgatadas pela empresa emissora de tempos em tempos com um certo rendimento ao investidor. “Pensa que é como se fossem debêntures”, explica o diretor. “Só não faremos desta forma para não ter característica de ativo financeiro, mas pensamos no formato de desconto ou bonificação nestas companhias”, afirma.

Por fim, haverá ainda as gold coins, que são moedas virtuais de “reputação”. “Ou elas irão trazer uma funcionalidade ou tecnologia por trás, mas, principalmente, quem está pode trás daquela moeda será uma grande marca”, explica. Segundo ele, neste caso, serão ativos mais parecidos com as criptomoedas que já conhecemos hoje, como o próprio bitcoin ou ethereum, tendo maior liquidez, volatilidade e mudança de preços.

Aceitação e lançamento
Sem citar nenhuma empresa porque o processo ainda está em fase de negociação, o diretor da Bomesp afirmou que neste momento entre 30 e 50 empresas já mostraram interesse em criar suas próprias moedas digitais. “Muitas destas companhias estão pensando na funcionalidade, em inclusão social, meio ambiente, é algo para conectar a sociedade”, explicou.

Sobre o lançamento da bolsa, Barrueco disse que o Niobium, moeda que será a base do sistema, está em fase de pré-venda. Em seguida serão 15 dias em janeiro sem nenhum movimento para a partir do dia 15 ser lançada o “crowd sale”, que irá durar até 21 de fevereiro, quando se fecha o mercado e não se emite mais Niobium.

“A criação [da moeda] segue uma sustentabilidade. Achamos arriscado fechar um número exato para ser emitido. Não temos o valor certo de Niobium que será criado, isso será decidido a partir do valor arrecadado”, explica o diretor.

Encerrada a emissão, a Bomesp ficará com 50% de reserva destes tokens, que serão usados para sustentar a tecnologia e o funcionamento da bolsa. Além disso, entre fevereiro e março, o Niobium passará a ser negociado em várias exchanges ao redor do mundo.

Na parte final do projeto, entre fevereiro e novembro, será feito o trabalho de ICOs das empresas e registro na Bomesp, que passa a funcionar de forma plena a partir de novembro de 2018.

Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.