“Os grandes bancos não querem o Bitcoin”, afirma CEO de uma das maiores exchanges do Brasil

"É muito mais fácil apertar o botão de fechar a conta do que entender", diz presidente de exchange brasileira sobre as instituições financeiras

Rafael Souza Ribeiro

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SÃO PAULO – A popularização em ritmo exponencial do Bitcoin em 2017 de fato foi uma grande surpresa para o mundo financeiro, não só pela expressiva valorização de 530% desde janeiro, mas também pela revolução que pode causar nos meios de pagamento, já que replica as propriedades do dinheiro físico em um ambiente digital. Uma quebra tão grande de paradigma ao mesmo tempo em que enche os olhos dos mais entusiastas da “digitalização do dinheiro”, também gera muita insegurança, o que pode ser canalizada facilmente em críticas, como no caso de Jamie Dimon, presidente do JPMorgan e um dos maiores críticos do Bitcoin.

No Brasil, ainda não temos um “profeta do apocalipse” como o CEO de um dos maiores bancos de investimento do mundo, mas como diz o velho ditado, “as atitudes falam mais alto que palavras”. No evento Blockchain View, realizado na capital de São Paulo, os diretores das principais exchanges (corretoras) de Bitcoin brasileiras revelaram que há uma grande resistências das instituições financeiras em aceitar as criptomoedas.

“Existe uma dificuldade dos bancos entenderem o feijão com o arroz, o que é Bitcoin, se é rastreada ou não é, se é anônima ou não é. [Por conta deste desconhecimento], é muito mais fácil apertar o botão de fechar a conta do que entender”, disse João Canhada, CEO da FOXBIT, que defende a implementação de um trabalho educacional muito forte nos bancos, em especial nas áreas de compliance, que estão diretamente relacionadas com as atividades operacionais. Observando essa barreira e de olho no potencial desse mercado, os bancos digitais estão “abraçando” as corretoras de criptomoedas, afirma Canhada, inclusive desenvolvendo soluções para facilitar as transações.

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Se a falta de conectividade ficasse no âmbito do educacional estaria “bom”, mas isso gera inúmeros problemas operacionais, como fechamento de contas em casos mais extremos, o que atrasa a evolução das criptomoedas no sistema financeiro, já que os grandes bancos são peças fundamentais para a circulação do dinheiro. “É como chegasse no hospital e o médico dissesse: morre aí”, afirmou Rocelo Lopes, presidente da CoinBr, sobre essa negação dos bancos. De acordo com Lopes, “os grandes bancos não querem o Bitcoin” e caso não houver uma união entre as corretoras, “aí morreremos”.

Na visão do presidente da CoinBR, na verdade os grandes bancos não querem entender o fenômeno Bitcoin, o que é risco para eles mesmos, pois as corretoras não vão sair do mercado: “se amanhã encerrarem minha conta eu tenho um plano B e aí vão ter que encerrar a conta de muitos brasileiros (…) e será uma briga eterna”. Porém, com a escalada da tecnologia e o advento da descentralização por conta do blockchain, empresas pelo mundo estão desenvolvendo produtos suplementares aos dos bancos e essa pode ser a chave para destravar o sistema a partir do momento que houver a mesma confiança do serviço prestado pelos grandes bancos, afirma Rodrigo Batista, CEO do Mercado Bitcoin.

A esperança é que com o avanço do mercado de criptomoedas os bancos vejam o potencial e o interesse comercial que estão deixando para trás, invistam mais em educação para seus funcionários, pois, além de ser uma novidade para grande parte do mundo, está longe de ser um tema trivial, “para que no futuro nos vejam como parceiros”, finaliza Thiago Horta, sócio-proprietário do BitcoinToYou.