Ibovespa Futuro recua 1% com crise cambial na Turquia; IPCA-15 fica abaixo do esperado

Índice, que é considerado uma prévia da inflação oficial do país, desacelerou de 0,21% para 0,14% na passagem de abril para maio

Rafael Souza Ribeiro

(Shutterstock)

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SÃO PAULO – Os contratos futuros do Ibovespa com vencimento em junho recuavam 1,24%, aos 81.975 pontos, às 9h16 (horário de Brasília) desta quarta-feira (22), diante do clima de aversão ao risco que tomou conta do mercado mundial por conta das preocupações de uma crise cambial na Turquia. Além disso, os investidores digerem o resultado do IPCA-15 (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15) de maio, que ficou abaixo da expectativa do mercado.

O IPCA-15, que é considerado uma prévia da inflação oficial do país, desacelerou de 0,21% para 0,14% na passagem de abril para maio, ficando abaixo das projeções do mercado, que apontavam para alta de 0,26%. Na comparação anual, o índice ficou em 2,70%, permanecendo abaixo da meta de inflação de 3% e bem abaixo dos +2,82% previstos pelo mercado.

Apesar do resultado abaixo do esperado da inflação, o clima de aversão ao risco domina do mercado e os juros futuros com vencimento em janeiro de 2019 e 2021 operavam em alta de 4 pontos-base, cotados a 6,60% e 8,75%, respectivamente, da mesma forma que o dólar futuro com vencimento em junho registrava valorização de 0,63%, aos R$ 3,672. 

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Crise na Turquia

O dia é de pessimismo nas principais bolsas mundiais, com os investidores adotando postura de cautela antes da divulgação da ata da última reunião do Fomc (Federal Open Market Committee). O mercado também acompanha atento a situação econômica na Turquia, onde a lira despenca em meio a um ceticismo sobre a estabilidade financeira e a inação do banco central local.

Para o especialista em mercados emergentes Mark Mobius, há um risco de contágio em vista da forte queda da lira turca. Em entrevista para a BloombergTV, Mobius teme que a situação turca, somada ao fato de países como Brasil e Argentina não estarem fazendo bem a “lição de casa”, pode provocar efeitos mais severos sobre mercados emergentes: “nós ainda podemos ter downside nos mercados emergentes”, afirmou.

Às 9h16, este era o desempenho dos principais índices:

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*S&P 500 Futuro (EUA) -0,56%

*Dow Jones Futuro (EUA) -0,67%

*Nasdaq Futuro (EUA) -0,88%

*DAX (Alemanha) -1,40%

*FTSE (Reino Unido) -0,71%

*CAC-40 (França) -1,03%

*FTSE MIB (Itália) -1,53%

*Hang Seng (Hong Kong) -1,82% (fechado)

*Xangai (China) -1,40% (fechado)

*Nikkei (Japão) -1,18% (fechado)

*Petróleo WTI -0,66%, a US$ 71,72 o barril

*Petróleo brent -0,92%, a US$ 78,84 o barril

*Bitcoin -5,66%, R$ 29.670 (confira a cotação da moeda em tempo real)

Agenda econômica

A divulgação da ata da última reunião do Fomc (Federal Open Market Committee), marcada para as 15h, é um dos eventos mais aguardados pelo mercado nesta semana. Embora o encontro tenha culminado na unânime decisão pela manutenção da taxa de juros norte-americanas na faixa entre 1,50% e 1,75%, a linguagem um pouco mais hawkish sobre os níveis de preços sugeriu que o Federal Reserve poderia estar mais preocupado com o avanço da inflação. O documento pode dar novas sinalizações sobre o ritmo de elevações de juros nos Estados Unidos, o que provoca impactos diretos sobre a alocação de recursos mundo afora.

Ainda na maior economia do mundo, o mercado deve monitorar a divulgação dos dados de vendas de novas moradias, às 11h00, como o PMI (Purchasing Managers Index) de serviços e indústria, às 10h45.

IMTV

No programa Be-a-bá da Bolsa, o analista a Carteira InfoMoney e editor-chefe do site, Thiago Salomão, dará três dicas sobre como escolher o melhor fundo para investir. As dicas serão divididas em: fundos descorrelacionados do mercado doméstico; fundos multimercados com taxa de administração de 1%; e fundos de ações com aplicação mínima de R$ 5 mil. O programa é transmitido ao vivo a partir das 11h (horário de Brasília).

Notícias do dia

O mercado deve monitorar neste pregão a decisão do governo de eliminar a cobrança da Cide (Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico) sobre o diesel em troca da aprovação da reoneração da folha de setores da economia pelo Congresso Nacional. Ainda assim, caminhoneiros mantêm descontentamento e entram no terceiro de protestos, provocando impactos já sentidos em setores como o automotivo e frigorífico. A costura política de eliminar a Cide sobre a cobrança do combustível evitou que houvesse intervenção na política de preços da Petrobras e, segundo o ministério da Fazenda, não deve trazer impactos fiscais, por estar vinculada ao fim das desonerações.

Ontem, o Ministério da Fazenda informou que a arrecadação atual chega a R$ 2,5 bilhões por ano com a Cide sobre o diesel. Segundo a pasta, o reforço nas receitas da União nos próximos três anos com o fim da desoneração da folha de pagamento dependerá do número de setores que perderem o benefício fiscal no projeto que tramita no Congresso. Desde setembro de 2017, a proposta de reoneração está em discussão no Congresso sem consenso. O orçamento da União para este ano já considera arrecadar R$ 10 bilhões com a medida, mas, como ela deve valer apenas para metade do ano, a arrecadação deve somar R$ 5 bilhões.

O governo vai continuar negociando com os caminhoneiros, que fazem paralisações por todo o país, em protesto contra o aumento sucessivo no preço dos combustíveis. Os caminhoneiros se queixam da alta dos combustíveis, especialmente do diesel, e também da cobrança de pedágios mesmo quando os caminhões estão com os eixos levantados. Só na semana passada, o valor do diesel e da gasolina nas refinarias subiu cinco vezes consecutivas.

Outro destaque do noticiário desta quarta-feira fica com a entrevista do presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, ao jornal Valor Econômico. Na reportagem, ele acenou para a Selic estável por ao menos duas reuniões do Copom (Comitê de Política Monetária) e reiterou o uso de swaps cambiais quando necessário. Ilan afirmou ainda não ter preconceito contra os swaps: “se precisarmos, vamos usar”.

Noticiário corporativo

No radar das empresas, a Petrobras informou que a política de preços permanece inalterada. Segundo a companhia, as reduções de preços divulgadas foram definidas de forma estritamente técnica e decorrem da aplicação normal dos princípios e processos de reajustes previstos. A consultoria Eurasia vê maior risco para  a autonomia da estatal em 2019. A Gol teve seus ADRs elevados de recomendação de venda para neutra pelo Citi. Em meio à greve dos caminhoneiros, a BRF afirmou que suas operações estão rodando normalmente, sem que nenhuma decisão tenha sido tomada pela companhia, exceto o monitoramento do fornecimento de insumos e matérias-primas para fábricas. Já a Aurora anunciou paralisação total nas atividades em quatro estados em função dos protestos.

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O Ibovespa Futuro é um bom termômetro de como será o pregão, mas nem sempre prevê adequadamente movimentos na Bolsa a partir do sino de abertura