Parente aceita substituir Abilio e dá esperanças à BRF; Petrobras quer driblar lei de licitações e mais 5 notícias

Confira os destaques do noticiário corporativo na sessão desta quinta-feira (19)

Lara Rizério

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SÃO PAULO – O noticiário corporativo desta quinta-feira é movimentado, tendo como grande destaque a substituição de Abilio Diniz por Pedro Parente no Conselho de Administração da BRF. A disputa pela Eletropaulo, a matéria do Estadão apontando a busca de alternativas para a Petrobras driblar a lei de licitações, CSN sendo iniciada com recomendação neutra pelo Bradesco BBI, entre outras notícias, são destaques:

BRF (BRFS3)

O presidente da Petrobras, Pedro Parente, substituirá Abilio Diniz no comando do conselho de administração da BRF, dona de Sadia e Perdigão. O executivo confirmou nessa quarta-feira, 18, que aceitou o convite, feito pelos principais sócios. Com isso, abriu-se caminho para um acordo entre os maiores acionistas da BRF, que estavam em disputa aberta pelo comando da empresa de alimentos há dois meses. Parente vai continuar na presidência da estatal após a eleição para comandar o colegiado da BRF.

Em jogo está a condução da estratégia de negócios da maior exportadora de frango do mundo, que vive uma profunda crise. Desde 2016, a empresa apresenta prejuízo, foi alvo de escândalos, como a Operação Carne Fraca, vem sofrendo restrições à venda no exterior e perdendo espaço no País. A companhia, avaliada em R$ 18,7 bilhões, já perdeu R$ 13,7 bilhões em valor de mercado nos últimos 12 meses. Nessa quarta-feira, as ações fecharam a R$ 23,04, com alta de 9,51%.

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O acerto ocorre a uma semana da assembleia de acionistas, marcada para o dia 26, que escolherá um novo conselho para mandato de dois anos. É nessa reunião que o nome de Parente deverá ser aprovado.

Ele foi convidado por Abilio, mas sua indicação teve apoio dos fundos de pensão da Petrobras (Petros) e do Banco do Brasil (Previ), responsáveis pelo pedido de destituição do atual colegiado. As conversas em torno desse novo acordo tiveram início na terça e foram finalizadas na manhã de ontem, segundo fontes ouvidas pelo Estadão. Até então, os fundos defendiam o nome de Augusto Cruz, ex-Pão de Açúcar, para presidir o colegiado, enquanto Abilio apoiou Luiz Fernando Furlan.

O plano em curso é que os principais sócios apoiem enfim uma única lista para o colegiado, encabeçada por Parente. Fundos e emissários de Abilio já haviam tentando um acerto nesses moldes, mas o plano naufragou diante do impasse sobre alguns nomes. Agora, isso teria sido superado, segundo fontes.

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Assim, a nova lista para o conselho já nasceria com o apoio de sócios que detém 35% do capital da BRF. São eles: Petros (11%), Previ (11%), a gestora Tarpon (8,5%) e a Península, de Abilio(3,9%). Ainda é incerta a posição da britânica Aberdeen, que tem 5% da BRF. A gestora, porém, vinha apoiando os fundos desde o início da disputa.

A Aberdeen é peça central no desenlace do conflito. Foi ela quem solicitou que a votação do novo colegiado seja feita por “voto múltiplo”. Caso mantenha a solicitação, os maiores sócios até poderão atuar em sintonia, votando nos mesmos candidatos, mas não será possível votar em uma chapa única.

Petros e Previ ingressaram com pedido de destituição do conselho no início de março após a BRF anunciar prejuízo de R$ 1,1 bilhão em 2017. Os resultados negativos foram atribuídos pelos fundos ao comando de Abilio Diniz, desde 2013 presidente do colegiado.

Os fundos pleitearam a mudança, mas o pedido mostrou-se de difícil costura. Dono de menos de 4% das ações, Abilio, que nos últimos meses se afastou da Tarpon, antiga aliada, manteve a habitual linha dura nas negociações. Além de manter influência no futuro conselho, por meio de executivos por ele indicados, o empresário buscava garantir a permanência da diretoria da BRF. O atual presidente, José Aurélio Drummond, chegou ao comando com apoio e voto decisivo de Abílio.

O acordo pode, enfim, pacificar os ânimos, mas a destruição de valor de mercado já é fato. Para Herbert Steinberg, sócio da Mesa Corporate, consultoria especializada em governança corporativa, o mercado espera que os acionistas da BRF possam deixar a disputa de poder de lado e olhar para a companhia. “Não é prática em outros países que fundos de pensão invistam em uma mesma empresa. Petros e Previ estão, juntos, como sócios da BRF, e também em outras empresas, como a Vale, por exemplo. Em termos de governança não é positivo. O ideal seria que cada fundo escolhesse empresas distintas para investir, não como consórcio em empresas”. Os desentendimentos entre Tarpon e Abilio, ao longo de 2017, também prejudicaram a companhia. “Não dá para culpar um ou outro. A empresa é uma só e os acionistas devem se unir para melhorar a gestão.” Já em nota, o Itaú BBA destacou a notícia como positiva, mas ressaltou ver exagero do mercado na alta de 9,5% dos papéis na véspera (veja mais clicando aqui). 

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Eletropaulo (ELPL3)

Em comunicado, a Eletropaulo informou ter recebido um ofício da CVM (Comissão de Valores Mobiliários) determinando que as OPAs (ofertas públicas de aquisição) de ações da Energisa e da Enel pelo controle acionário da empresa sejam realizados conjuntamente em 18 de maio.

A princípio, esta era a data prevista para a realização da OPA da Enel, que oferece R$ 28 por papel. A Energisa programou a sua OPA para 7 de maio, a R$ 19,38 por cada ação ELPL3. Assim, a Energisa terá que publicar um aditamento de sua oferta, com prorrogação do prazo. A CVM decidiu também que a B3 será responsável por determinar as regras dos leilões e o horário em que ocorrerão.

Vale destacar que, segundo o Estadão, a  Neoenergia, controlada pela espanhola Iberdrola, poderá decidir nesta sexta-feira se continua ou não na briga pela Eletropaulo. Já estava marcada uma reunião do conselho de administração da empresa para validar a última proposta feita pela distribuidora na terça-feira. Como a oferta foi superada pela da italiana Enel, o mercado aposta que a espanhola pode fazer uma nova investida. 

Na terça-feira, a Neoenergia havia feito uma proposta de R$ 25,51 por ação da Eletropaulo, mas poucas horas depois foi surpreendida pela oferta da Enel (de R$ 28). Agora, se quiser fazer uma contraproposta, ela terá de elevar o valor para, no mínimo, R$ 29,4 – que representa um acréscimo de 5% sobre a maior oferta, de acordo com as regras da operação.

A forte competição pela Eletropaulo e a perspectiva de um rápido desfecho para a venda da empresa também animaram outras elétricas com ativos à venda, como Light (LIGT3), Cemig (CMIG4) e distribuidoras da Eletrobras. O otimismo vem da percepção de que os potenciais compradores estão com apetite por ativos no País, o que favoreceria não só a distribuidora paulista como também outras negociações em andamento no segmento de distribuição. Além disso, o “leilão” pelo controle da Eletropaulo poderia se refletir em uma melhor perspectiva de preço para os outros ativos do setor.

Os perdedores da disputa pela distribuidora paulista poderiam mostrar maior ímpeto comprador em outras oportunidades, visando garantir um papel relevante na consolidação pela qual o segmento passa neste momento.

Eletrobras (ELET6

Falando ainda sobre Eletrobras, segundo uma fonte informou ao Valor Econômico, foram aparadas as últimas arestas que impediam a publicação do decreto que inclui a Eletrobras no Programa Nacional de Desestatização (PND). Com isso, ele somente não será publicado hoje se surgir algum problema no trâmite burocrático. Com a inclusão no PND, o governo poderá contratar os estudos necessários para a modelagem do negócio, ressalta a publicação. 

Petrobras (PETR4)

O Estadão informa que a Petrobras estuda uma saída legal para fugir das amarras da nova Lei das Estatais e evitar as licitações em grandes compras, como as de plataformas para o pré-sal. No dia 30 de junho, todas as empresas públicas vão ter de adequar seus regimes de compras à nova Lei, que é mais restritiva que a anterior – um efeito direto da Operação Lava Jato.

A petroleira avalia, no entanto, meios de manter o privilégio de convidar um grupo restrito de fornecedores para os projetos que mantém em sociedade com petroleiras privadas. Em resposta, a indústria local ameaça ir à Justiça.

A nova lei impõe uma série de exigências às estatais, como a de acabar com a opção da “carta-convite”, em que apenas três fornecedores, os mais reconhecidos no mercado, são convidados a participar das concorrências. Essa possibilidade foi concedida à estatal em 1998, por meio de um decreto, que equiparou o regime de compras da empresa ao do setor privado. Esse formato de contratação de projetos bilionários acabou favorecendo a relação de corrupção entre fornecedores e funcionários da estatal – denunciada pela Operação Lava Jato.

Ainda em destaque, a Petrobras está perto de um acordo no qual a também estatal China National Petroleum Corp (CNPC) investiria em uma refinaria em troca de petróleo, diz a Reuters, citando duas fontes. A brasileira  pode dar à CNPC participações em campos de petróleo na Bacia de Campos, juntamente com o direito de usar a nova refinaria no Comperj.

A refinaria precisa de cerca de US$ 3 bilhões em investimento para alcançar uma capacidade inicial de 165.000 barris por dia, disse a Reuters citando outras duas outras pessoas familiarizadas com o assunto, sem deixar claro se a Petrobras pagaria parte da conta
A Petrobras se recusou a comentar à Reuters, enquanto a CNPC não respondeu imediatamente a um pedido de comentário.

Ser Educacional (SEER3)

A Ilumno – grupo americano dono da universidade Veiga Almeida e do centro universitário Unijorge no Brasil e de outras cinco instituições de ensino na América Latina – tem sobre sua mesa duas propostas de compra, segundo informa o Valor Econômico. Uma delas é do Grupo SEB, do empresário Chaim Zaher, que se juntou a um fundo americano numa oferta de US$ 600 milhões a US$ 650 milhões. A outra proposta é da Ser Educacional, que pode vir a pagar em dinheiro e troca de ações, mas a companhia de Janguiê Diniz está em tratativas avançadas com a Unigranrio, o que pode fazê-la desistir da Ilumno, segundo o jornal. 

CSN (CSNA3)

A CSN teve a cobertura iniciada pelo Bradesco BBI com recomendação neutra e preço-alvo de R$ 10 por ação. A CSN ainda tem uma significativa dívida à frente, apesar das renegociações com os bancos: R$ 14,5 bilhões de dívida com vencimento até 2020, versus R$ 7,2 bilhões de fluxo de caixa livre no mesmo período (diferença de mais de R$ 7 bilhões).

Além disso, os analistas do banco veem lucro limitado na rentabilidade do negócio de minério de ferro em meio à perspectiva para os preços (US$ 63 em 2018 e US$ 60 em 2019), enquanto a realização de preços também sofre com altos níveis de impureza. Do lado positivo, o mercado brasileiro de aços planos continua em recuperação, com a CSN bem posicionada para se beneficiar desse cenário. Os analistas, contudo, seguem preferindo a exposição ao aço e ao minério de ferro através de Usiminas e Vale.

Helbor

A Helbor apresentou prévia operacional do primeiro trimestre de 2018, com os lançamentos atingindo R$ 145,2 milhões em VGV (Valor Geral de Vendas), alta de 24,2% ante o mesmo período do ano passado. O VGV parte Helbor totalizou R$ 65,3 milhões.

As vendas contratadas totais do trimestre somaram R$ 264,2 milhões, aumento de 1% em relação ao mesmo período do ano anterior e redução de 22,5% quando comparado ao quarto trimestre. A parte Helbor alcançou R$ 171,8 milhões, volume 15,5% menor em relação ao primeiro trimestre de 2017 e 27,5% menor em relação ao quarto trimestre. 

Smiles (SMLS3

A Smiles divulgou proposta para o novo Conselho de Administração a ser votado em 30 de abril. A nova composição terá 7 membros (4 indicados pelo controlador e 3 independentes). Entre os novos candidatos para 2 assentos estão Claudio Galeazzi e Leonardo Pereira, e poderiam substituir nomes como Boanerges Freire e Fabio Bruggioni. “Esperamos que o mercado tenha uma reação positiva e vemos a Gol comprometida em manter forte nível de governança na empresa”, aponta o Bradesco BBI.

(Com Agência Estado e Bloomberg)

 

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.