Ecorodovias cai 8% após ser citada na Lava Jato; Gafisa afunda 11% e Gerdau sobe 3% com taxação de aço nos EUA

Confira os destaques da B3 na sessão desta quinta-feira (1)

Rodrigo Tolotti

Infraestrutura

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Gerdau (GGBR4)
Os Estados Unidos vão instituir novas tarifas sobre aço e alumínio na próxima semana, disse o presidente Donald Trump nesta quinta-feira, após um dia de negociação entre seus assessores sobre a questão de reprimir ou não as importações. 

Os executivos de aço e alumínio encontraram-se com membros do gabinete e funcionários da administração na Casa Branca nesta quinta, em meio aos sinais de que a administração de Trump considera tarifas significativas em aço e alumínio. Os EUA vão estabelecer tarifas de 25% para o aço e 10% para o alumínio, disse o presidente, mas não está claro se a taxa se aplicam a todas as importações ou apenas metais de certos países.

A notícia sobre a taxação é positiva para a Gerdau, uma vez que a siderúrgica  tem até 50% das suas receitas vindas do exterior, com operações importantes nos Estados Unidos. Por outro lado, Usiminas (USIM5) e CSN (CSNA3) registram queda. 

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Ecorodovias (ECOR3)
Após Triunfo e CCR, chegou a vez da Ecorodovias despencar na bolsa em meio às notícias sobre a Operação Lava Jato. Desta vez, o jornal O Estado de S. Paulo informou que “foram identificados pagamentos sem causa feitos pelas empresas Ecovia, Ecocataratas, Econorte e Caminhos do Paraná (outras concessionárias do Anel da Integração)”, citando o Ministério Público Federal na representação entregue ao juiz federal Sérgio Moro. 

Em teleconferência com investidores sobre os resultados do quarto trimestre, divulgados na noite da véspera, o diretor-presidente da companhia, Marcelino de Seras, anunciou que auditorias instaladas internamente concluíram que não houve envolvimento de suas subsidiárias Ecovia e Ecocataratas em irregularidades que estão sob investigação. 

Vale ressaltar que a companhia divulgou resultado ontem à noite, registrando  lucro líquido comparável de R$ 97,2 milhões no quarto trimestre, 9,5% superior ante mesma etapa de 2016. O lucro líquido que serve de referência para remuneração aos acionistas somou R$ 100,4 milhões, aumento de 8,9% na base anual. Segundo Seras, duas auditorias instaladas internamente na semana passada pela própria Ecorodovias, ambas já concluídas, apontaram que não houve nada irregular.

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Já o Ebitda subiu 14%, para R$ 398,5 milhões Pela métrica da pro-forma comparável, o Ebitda foi de R$ 437,6 milhões, avanço de 12,3%. Já o tráfego consolidado das rodovias administradas pela empresa entre outubro e dezembro foi 4,7% acima do que um ano antes, com destaque para os veículos pesados.

Gafisa (GFSA3)

As ações da Gafisa despencaram na sessão desta quinta. Na noite da véspera, a companhia informou que seu Conselho de Administração homologou parcialmente o Aumento de Capital, no valor de R$ 167.177,52, de forma que o capital social da Companhia passará para R$ 2.521.318.365,26, dividido em 44.757.914 ações ordinárias, todas nominativas, escriturais e sem valor nominal, tendo a subscrição total, incluindo o valor destinado à reserva de capital, atingido o valor R$ 250.766.280,00. 

As ações emitidas serão creditadas em 05 de março, e deverão ser passíveis de visualização nos extratos dos acionistas a partir de 06 de março.

Petrobras (PETR4)
O noticiário foi movimentado para a Petrobras, mas o grande vetor para o movimento desta quinta foi a cotação do petróleo, que caiu cerca de 1% em seu terceiro dia seguido de queda em meio ao dólar forte e alta nos estoques nos EUA. Contudo, durante o pregão, os papéis amenizaram a queda. 

No radar da companhia, a Petrobras informou em comunicado que vai analisar imediatamente alternativas para desinvestimento de sua subsidiária de gás de cozinha Liquigás, depois da venda do ativo para a Ultragaz, da Ultrapar (UGPA3), ter sido vetada pelo Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica).

A Petrobras disse que deve receber da Ultragaz R$ 286,2 milhões em relação à multa total pela rescisão do contrato de compra e venda. Em outro fato relevante, a Ultrapar Participações, dona da Ultragaz, confirmou o pagamento da multa assim que a decisão do Cade seja publicada no Diário Oficial da União (DOU).

O Cade vetou na véspera a compra de 100% da Liquigás pela Ultragaz, por entender que a operação traria riscos negativos para os consumidores em função da concentração de mercado. Segundo  o BTG, nesse momento, a decisão não é uma surpresa para o mercado, que dava como pouco provável a aprovação desse negócio.

Ainda sobre a Petrobras, o conselho de administração aprovou os principais termos para um possível acordo no âmbito do procedimento da mediação judicial em curso com a Sete Brasil Participações, empresa criada em 2010 para construir sondas para a estatal e que se encontra atualmente em recuperação judicial.

A companhia disse que os principais termos para o possível acordo envolvem a manutenção dos contratos de afretamento e de operação de quatro sondas e resilição, ou encerramento, de contratos para as demais 24 sondas. Os contratos mantidos terão vigência de 10 anos com taxa diária de 299 mil dólares. Os termos também preveem a saída da Petrobras e de suas controladas do quadro societário das empresas do grupo Sete Brasil e do FIP Sondas.

Por fim, a Petrobras teve aprovação preliminar para acordo de ação nos EUA em razão dos desdobramentos da Lava Jato, segundo comunicado ao mercado. O acordo destina-se a resolver todas as demandas pendentes e eventuais de investidores da Petrobras nos Estados Unidos.

Os membros da classe serão notificados dos termos do acordo proposto. O juiz analisará eventuais objeções apresentadas, realizará audiência para determinar se acordo é justo e razoável em 01 de junho de 2018 e, então, decidirá sobre a aprovação definitiva do acordo.

“O acordo não constitui reconhecimento de culpa ou de prática de atos irregulares pela Petrobras”, diz a empresa.  A companhia expressamente nega qualquer responsabilidade, refletindo sua condição de vítima dos atos revelados pela Operação Lava Jato, segundo o comunicado. 

Ambev (ABEV3)

 A Ambev viu seu lucro líquido ajustado subir 23,2%  no quarto trimestre na base anual, para 4,506 bilhões. O lucro líquido atribuído aos controladores foi de R$ 4,325 bilhões, resultado 23,8% superior ao lucro apurado no mesmo intervalo de 2016.

Já o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado atingiu R$ 7,296 bilhões, ante R$ 6,015 bilhões no quarto trimestre de 2016, com avanço da margem Ebitda de 3 pontos, para 48,6%. 

A receita líquida no quarto trimestre subiu 14%, para R$ 15,03 bilhões. A companhia informou em relatório que esse desempenho foi impulsionado pelo crescimento em todas as operações. No Brasil, houve crescimento de 13,8%, na região América Latina Sul, que compreende Argentina, Bolívia, Chile, Equador, Paraguai, Peru e Uruguai, a alta foi de 22,6%; América Central e Caribe cresceu 15% e Canadá cresceu 1,3%. 

Segundo o BTG Pactual, o resultado veio acima do esperado e deve trazer uma reação positiva. Os analistas apontaram ainda que havia um processo de revisão de estimativas para baixo com Ebitda indo para entre R$ 7 bilhões e R$ 7,1 bilhões e acabou vindo acima em R$ 7,3 bilhões, uma surpresa positiva.

“O qualitativo também foi bom. O volume de cerveja no Brasil veio em 5% versus o esperado de 4%, fazendo com que eles recuperassem toda a participação de mercado que tinham perdido nos últimos trimestres, enquanto o preço veio um pouco melhor que esperado em 9.5% (base de comparação ajuda)”, apontam os analistas. E, pela primeira vez em muitos trimestres, houve uma dinâmica de receita positiva.

Olhando para frente, apesar da perspectiva para 2018 ser bom, vale dizer que o primeiro trimestre vai ser fraco com Carnaval mais cedo, clima ameno e base de comparação difícil, afirmando os analistas que, ao se depararem com as estimativas, veem pouco espaço para grandes mudanças e por isso reiteram neutro.

OdontoPrev (ODPV3)

A Odontoprev teve um lucro líquido de R$ 116,2 milhões, alta de 8,3% em relação ao mesmo período de 2016, enquanto o Ebitda subiu 62,5%, a R$ 126,3 milhões, com  margem Ebitda de 34%, aumento de 11,9 pontos percentuais.

Já o Ebitda ajustado somou R$ 93,8 milhões com margem de 25%. A receita líquida subiu 5,6% para R$ 371,7 milhões no trimestre. Segundo o BTG, o resultado foi melhor que esperado, “mas não anima pois o papel segue caro”. “Esse nível de recuperação de result não justifica o nível de valuation atual na nossa visão” e os analistas mantêm venda para o papel. 

Multiplan (MULT3)

A Multiplan viu seu lucro subiu 58,6% no quarto trimestre de 2017 na base de comparação anual, a R$ 135 milhões. Já o Ebitda subiu 2,1%, a R$ 244,85 milhões, enquanto a margem Ebitda caiu 1,4 ponto percentual, para 75,7%. A receita líquida subiu 4%, a R$ 323,5 milhões. 

Segundo o Credit Suisse, a impressão é de que a empresa está no caminho e que continua a capturar o aumento real de aluguel. “Esperamos que com o aumento das vendas este movimento deve continuar”, apontam os analistas. 

Wiz (WIZS3)

A Wiz teve  um lucro líquido de R$ 32,1 milhões no quarto trimestre de 2017,  9,8% abaixo frente o mesmo período do ano anterior. A receita líquida teve alta de  22,3%, a R$ 134,3 milhões, enquanto o Ebitda foi de  R$ 61,6 milhões, alta de 19,7%. 

Segundo o BTG, o balanço  veio mais fraco que esperado e a principal razão foi uma desaceleração da receita relacionada a indicadores de atividade mais fraco na Caixa. “O valuation segue atrativo porém as incertezas de múltiplo persistem”, apontam os analistas, que mantêm recomendação neutra para os ativos.

Recomendações
O noticiário de recomendações está bastante movimentado. A Alupar (ALUP11) rebaixada a ’neutra’ pelo Goldman Sachs, com preço-alvo R$ 19,50, enquanto a Energias do Brasil (ENBR3) foi elevada a ’compra’, a Equatorial (EQTL3) foi rebaixada a ’neutra’, com preço-alvo de R$ 72,50 e a Taesa (TAEE11) foi rebaixada a ’neutra’ pelo Goldman, com preço-alvo de R$ 24,50.

Entre as utilities, a Sabesp (SBSP3) foi reiterada como compra e o preço-alvo foi elevado de R$ 39,5 para R$ 42, adicionada à lista da LatAm Spotlight devido a anúncio de novos parceiros financeiros como parte de seu processo de capitalização que foi proposto pela
primeira vez em maio e ganhos do quarto trimestre com volumes sazonalmente mais elevados. 

Já a Weg (WEGE3) foi rebaixada a ’underweight’ pelo JPMorgan. Ainda em destaque, o Itaú BBA adotou uma “Brazil Buy List” mais defensiva neste mês com Ambev no lugar de MRV (MRVE3). A Ambev combina perfil defensivo, rápida melhora de resultados e boas perspectivas para o 4T17, diz o Itaú BBA em relatório assinado por Lucas Tambellini, Luiz Cherman e Tiago Binsfeld.

Já a MRV ainda é a top pick do Itaú BBA no segmento de baixa renda. Segue a composição atual: Ambev, Azul (AZUL4), Banco do Brasil (BBAS3), BRF (BRFS3), Cemig (CMIG4), Cyrela (CYRE3), Gerdau (GGBR4), Petrobras, Tegma (TGMA4) e TIM (TIMP3).

BRF (BRFS3)

A BRF teve um novo dia de recuperação após a derrocada recente em meio ao resultado ruim e a briga entre os acionistas. Contudo, segundo informa o Valor Econômico, o empresário Abilio Diniz ganhou tempo no Conselho, após Previ e Petros decidirem esperar a reunião do conselho do dia 5 para ter maior clareza a respeito da postura do atual presidente do colegiado e só então divulgar seus planos para a empresa e os conselheiros que pretendem eleger. As fundações querem a destituição do conselho da BRF para encerrar a era Abilio na companhia.

Vale (VALE3)

A sessão foi de queda para a Vale após o papel da companhia cair forte na véspera. Em entrevista à Bloomberg, André Figueiredo, diretor de relações com investidores, disse que a mineradora não está envolvida na preparação de qualquer acordo que ajude os acionistas controladores a vender suas ações.

“Vários bancos estão interessados em trabalhar em uma transação, mas a Vale não está envolvida e não foi convidada a participar”, afirmou. Ontem, as ações da mineradora caíram 4,81% em meio a essas notícias (e expectativa de que crie uma pressão no curto prazo para o papel). 

Ele responde à reportagem do Estadão que apontou que a Vale planejando uma oferta de ações para permitir que o fundo de pensão Previ venda suas ações. Qualquer venda de ações de controladores será feita de forma controlada, disse o presidente Fabio Schvartsman mais cedo nesta quarta-feira em uma teleconferência. 

O período de bloqueio (lock up) desde a reestruturação corporativa terminou e os acionistas controladores podem vender, mas se isso acontecer, seria de uma forma “muito coordenada”, disse Figueiredo. Os analistas da BTG Pactual estimam que os fundos de pensão mais inclinados a vender ações da Vale possuem cerca de US$ 9 bilhões em papéis da empresa. 

CCR (CCRO3)

O Conselho de Administração da CCR aprovou criação de comitê independente para conduzir investigação “profunda e meticulosa”, segundo fato relevante sobre as notícias envolvendo a companhia na Lava Jato.

O Comitê será formado pelos conselheiros independentes Luiz Alberto Colonna Rosman e Wilson Nélio Brumer. Rosman e Brumer selecionarão uma ou mais pessoas “de renome e de ilibada reputação no meio jurídico e institucional” para compor o comitê com eles. O Comitê será “assessorado por um ou mais escritórios de advocacia, nacionais e internacionais, e por empresa de auditoria de primeira linha”. As conclusões serão apresentadas ao conselho.

 No final de fevereiro, jornais reportaram que CCR foi citada em delações na Lava Jato por supostos contratos de patrocínio superfaturados. Na época, a CCR disse que os patrocínios de projetos e eventos esportivos em parceria com diversas empresas seguem rigorosamente legislações vigentes e normas de conduta previstas em seu código de ética. 

Oi (OIBR4)

A fabricante chinesa de equipamentos de telecomunicações Huawei apresentou na segunda-feira ao diretor-presidente da Oi, Eurico Teles, um plano para fornecer infraestrutura de rede à operadora brasileira, segundo o Valor. A apresentação levou em consideração os investimentos de até R$ 7 bilhões por ano previstos no plano de negócios elaborado pela Oi como parte do processo de recuperação judicial. 

(Com Bloomberg e Agência Estado)

Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.