Ibovespa toma “susto” com S&P, mas tem 9ª alta seguida e renova máxima histórica

Índice se distanciou da máxima do dia, mas renovou pelo terceiro dia seguido o seu maior patamar na história

Rodrigo Tolotti

Publicidade

SÃO PAULO – O Ibovespa perdeu força, mas seguia em sua nona alta seguida nesta quinta-feira (4), após a agência de risco Standard & Poor’s afirmar que pode revisar o rating do Brasil em 2018, desmentindo um rumor de que não haveria corte em ano eleitoral. Por outro lado, o bom humor externo, reflexo do resultado surpreendente do setor de serviços chinês no mês de dezembro, ajuda na manutenção dos ganhos.

O benchmark da bolsa brasileira fechou com ganhos de 0,84%, aos 78.647 pontos, renovando pelo terceiro dia seguido sua máxima histórica e chegando a nove altas seguidas – o que não acontecia desde julho de 2016, quando o índice avançou 10 pregões seguidos. O volume financeiro ficou em R$ 9,564 bilhões.

Mais cedo, o índice chegou a marcar 1,46% de alta na máxima do dia, aos 79.134 pontos, superando pela primeira vez na história a marca de 79 mil pontos.

Continua depois da publicidade

Confira os destaques do Guia Onde Investir desta quinta-feira:
Presidente contra as reformas pode jogar o Brasil novamente para o fundo do poço, afirma Kawall
Tendência é 2º turno entre PT e PSDB, mas não aposto um centavo quem ganharia, diz analista político da MCM

Quer saber quais são as perspectivas para esse ano? Confira o guia Onde Investir 2018. Para ver o nosso conteúdo completo, clique aqui.

O dólar comercial, por sua vez, amenizou as perdas na reta final do pregão, fechando com leve queda de 0,08%, cotado a R$ 3,2339 na venda. Já o dólar futuro com vencimento em fevereiro praticamente zerou o recuo registrado mais cedo, caindo 0,09%, a R$ 3,245. O efeito foi reflexo da notícia do jornal Valor Econômico sobre a revisão de rating do Brasil pela S&P este ano.

A agência afirmou à publicação que não há nada que a impeça de divulgar relatórios sobre os países em anos eleitorais. Na mesma linha, a S&P lembrou que publica relatórios anuais e que o último foi divulgado em 15 de agosto de 2017, ou seja, um outro documento deve ser publicado até agosto deste ano – ou antes.

Continua depois da publicidade

Com esta nova alta, o Ibovespa acumula valorização de cerca de 8%, ou seja, o índice subiu 6 mil pontos desde 20 de dezembro, quando rompeu sua LTB (Linha de Tendência de Baixa) de curto prazo e iniciou seu processo de reversão no gráfico diário. Em meio ao clima de menor aversão ao risco, o CDS (Credit Default Swaps) brasileiro de 10 anos, popularmente chamado de “seguro-calote”, atingiu a mínima desde 2014 e comprova o otimismo dos investidores estrangeiros com o mercado brasileiro.

Sobre esse bom momento, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, afirmou que esse otimismo reflete a recuperação da economia brasileira em 2017, com inflação controlada e PIB (Produto Interno Bruto) saindo do “fundo do poço”.

Apesar do cenário bastante positivo, os juros futuros com vencimento em janeiro de 2019 e 2021 registravam ligeira queda de apenas 2 pontos-base, cotados a 6,75% e 8,83%, respectivamente, apesar também do bom resultado do primeiro leilão do Tesouro neste ano, quando foi registrado maior demanda por vencimentos mais longos.

Continua depois da publicidade

Por que não para de subir?
Após nove altas seguidas e três renovações de máximas históricas consecutivas, o mercado tenta entender os fatores que levam a este forte rali do mercado. De acordo com o analista da XP Investimentos Marco Saravalle, o ambiente mais tranquilo nesse início de ano, sem tantas notícias impactantes vindas de Brasília por conta do recesso parlamentar, está ajudando o Ibovespa a renovar as máximas. “A falta de notícias acaba sendo uma boa notícia”, afirma.

De qualquer forma, avalia Saravalle, o desempenho da bolsa nos últimos pregões surpreende pela rapidez com que está ocorrendo. Entre os motivos para um forte desempenho, está o cenário externo benigno: no início do ano, foram reforçadas as expectativas de um crescimento animador para a economia global, ao mesmo tempo em que não há previsões de alta de juros além do já esperado no mundo desenvolvido, em meio à persistência da inflação baixa nas maiores economias do planeta.

Confira a análise completa do rali do Ibovespa clicando aqui

Continua depois da publicidade

Destaques do mercado

Do lado positivo, destaque para as ações do setor siderúrgico, após a CSN anunciar reajuste de até 23% no preço do aço vendido ao setor automotivo e à indústria.

As maiores altas, dentre as ações que compõem o Índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 USIM5 USIMINAS PNA 10,48 +5,65 +15,16 340,15M
 GGBR4 GERDAU PN 13,65 +5,41 +10,26 373,52M
 GOAU4 GERDAU MET PN 6,25 +3,65 +7,94 158,99M
 CSNA3 SID NACIONALON 9,28 +3,11 +10,74 140,41M
 NATU3 NATURA ON EJ 33,00 +3,00 -0,18 34,09M

As maiores baixas, dentre os papéis que compõem o Índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 FLRY3 FLEURY ON EJ 28,41 -2,00 -3,63 52,87M
 SBSP3 SABESP ON 33,32 -1,94 -2,94 25,01M
 TAEE11 TAESA UNT N2 21,15 -1,58 -0,89 33,97M
 LAME4 LOJAS AMERICPN 16,21 -1,46 -4,93 131,57M
 EGIE3 ENGIE BRASILON 35,02 -1,30 -1,38 40,06M

As ações mais negociadas, dentre as que compõem o índice Bovespa, foram:

 Código Ativo Cot R$ Var % Vol1 Vol 30d1 Neg 
 VALE3 VALE ON EJ 41,64 +0,41 773,12M 619,55M 37.772 
 ITUB4 ITAUUNIBANCOPN ED 45,10 +2,08 694,75M 522,94M 28.293 
 PETR4 PETROBRAS PN 16,73 +0,18 622,27M 514,35M 39.460 
 GGBR4 GERDAU PN 13,65 +5,41 373,52M 93,92M 28.042 
 USIM5 USIMINAS PNA 10,48 +5,65 340,15M 112,90M 23.880 
 BBDC4 BRADESCO PN EJ 35,31 +1,64 336,88M 294,95M 21.075 
 BBAS3 BRASIL ON 33,67 +0,96 324,89M 235,17M 22.590 
 KROT3 KROTON ON 18,75 +1,35 229,88M 129,53M 18.665 
 ABEV3 AMBEV S/A ON 21,62 -0,55 197,40M 273,82M 25.266 
 BRAP4 BRADESPAR PN EJ 30,75 +2,84 160,05M 44,46M 11.940 

* – Lote de mil ações
1 – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão)
IBOVESPA

China e EUA surpreendem
Nos EUA, os dados do ADP Employment surpreenderam com a criação de 250 mil novos postos de trabalho do setor privado em dezembro, enquanto o mercado esperava 190 mil. Além dos números do mercado de trabalho, os investidores aguardam pelo resultado dos estoques de petróleo nos EUA na última semana, com expectativa de uma nova queda.

Na China, o PMI (Índice de Gerentes de Compras, na tradução livre) do setor de serviços elaborado pela IHS Markit e Caixin Media cresceu de 51,9 para 53,9 na passagem de novembro para dezembro, alcançando o maior nível desde agosto de 2014 e superando a expectativa de 51,8. O índice, que somado ao resultado acima do esperado da indústria na última terça-feira (2), reforça o otimismo com o crescimento da economia chinesa.

Reforma da Previdência

Conforme informa o Valor Econômico, com a perda de dois ministros, Michel Temer decidiu acelerar a reforma ministerial para fortalecer posição do governo na votação do texto. Vale lembrar que são precisos 308 congressistas para aprovar a PEC (Proposta de Emenda à Constituição).

Em busca deste “número mágico”, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, deve se reunir com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, para tratar da votação da reforma, que deve ocorrer na segunda quinzena de fevereiro. 

Candidatos de 2018

Após Fernando Henrique Cardoso reforçar a candidatura de Geraldo Alckmin à presidência pelo PSDB (depois de sinalizar em uma entrevista ao Estadão que o partido poderia não ter candidatura própria caso o governador paulista não se viabilizasse eleitoralmente), Carlos Marun apontou que, apesar da mágoa, o Planalto poderia apoiar uma eventual candidatura de Alckmin.

Em entrevista à Folha, o presidente do PSD, Gilberto Kassab, também citou o governador de São Paulo, mas afirmou que Meirelles é o “plano A” da sigla para as eleições deste ano. Enquanto isso, o Estadão destaca a vantagem de Maia sobre Meirelles e Alckmin: ele não precisaria deixar cargo por candidatura.

Quer começar a investir em ações? Clique aqui e abra sua conta da XP Investimentos

Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.