Ibovespa sobe e dólar cai: 2 fatores que fizeram o mercado “esquecer” o risco de corte de rating

Índice avança e recupera os 73 mil pontos, enquanto o dólar volta a ficar abaixo dos R$ 3,30

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – Apesar de se distanciar da máxima do dia, o Ibovespa fechou em alta nesta segunda-feira (18) com o mercado “deixando de lado” as preocupações com a possibilidade de downgrade após o adiamento da reforma da Previdência e seguindo o bom humor do mercado internacional com os avanços da reforma tributária nos EUA e a alta das commodities.

O benchmark da bolsa brasileira fechou com ganhos de 0,70%, aos 73.115 pontos, em dia de volume financeiro alto por conta do vencimento de opções, ficando em R$ 14,210 bilhões. O dólar comercial, por sua vez, ganhou força na reta final do pregão e fechou com queda de 0,31%, cotado a R$ 3,2979 na venda, após chegar a R$ 3,2799 na mínima do dia.

Depois da aprovação de projetos distintos na Câmara dos Deputados e no Senado dos EUA, ambas as Casas agora trabalham para chegar em um texto único para aprovação final. Na noite da última sexta-feira (15), os republicanos divulgaram seu plano final de reforma tributária e Marco Rubio e Bob Corker, dois senadores que se mostravam indecisos na semana passada, declararam que apoiarão o projeto. A reforma, que reduz o imposto para empresas de 35% para 21% a partir do ano que vem, precisa de 50 votos para ser aprovada no Senado.

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Além dos avanços para a aprovação do pacote fiscal nos EUA, o bom humor desta segunda-feira também está relacionado ao desempenho das commodities, em especial do minério de ferro, que disparou 7% na China com dados melhores do que o esperado do setor imobiliário. Os preços de moradias no país subiram 0,4% na passagem de novembro para outubro, enquanto os analistas de mercado esperavam crescimento de 0,3%, revelando um aquecimento inesperado do setor, que utiliza muito a matéria prima para a construção. Na comparação anual, o valor médio cresceu 5,5% em novembro, depois de avançar 5,7% em outubro.

Destaques do mercado

Do lado positivo, além dos papéis da Vale (VALE3), que subiram mais de 2% seguindo o minério de ferro, destaque para as ações da Rumo (RAIL3), que lideraram os ganhos após relatório do Credit Suisse alertando para uma oportunidade de compra na ação após a queda “exagerada” neste mês (veja mais aqui).

As maiores altas, dentre as ações que compõem o Índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 RAIL3 RUMO S.A. ON 12,01 +6,00 +95,60 141,72M
 QUAL3 QUALICORP ON 29,60 +5,30 +58,72 73,09M
 CPFE3 CPFL ENERGIAON 18,73 +3,14 -25,06 23,83M
 ESTC3 ESTACIO PARTON 33,14 +2,82 +113,39 96,41M
 VALE3 VALE ON 37,84 +2,58 +62,72 916,59M

As maiores baixas, dentre os papéis que compõem o Índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 CSNA3 SID NACIONALON 7,51 -3,35 -30,78 83,64M
 GOAU4 GERDAU MET PN 5,54 -3,32 +15,42 84,85M
 EQTL3 EQUATORIAL ON 64,50 -1,80 +20,37 49,82M
 USIM5 USIMINAS PNA 8,54 -1,50 +108,29 73,38M
 CIEL3 CIELO ON 23,49 -1,18 +4,24 117,82M

As ações mais negociadas, dentre as que compõem o índice Bovespa, foram:

 Código Ativo Cot R$ Var % Vol1 Vol 30d1 Neg 
 ITUB4 ITAUUNIBANCOPN EJ 41,08 -0,02 931,56M 478,21M 24.735 
 VALE3 VALE ON 37,84 +2,58 916,59M 740,25M 32.403 
 PETR4 PETROBRAS PN 15,22 +1,81 618,51M 583,55M 31.257 
 BBDC4 BRADESCO PN 32,91 +0,80 387,89M 328,09M 16.251 
 ABEV3 AMBEV S/A ON 20,85 -0,24 367,34M 302,59M 17.948 
 BBAS3 BRASIL ON EJ 31,01 +1,34 220,68M 302,50M 17.487 
 PETR3 PETROBRAS ON 15,84 +1,80 191,10M 140,61M 12.695 
 ITSA4 ITAUSA PN 10,50 -0,47 163,36M 161,96M 20.137 
 KROT3 KROTON ON 17,50 +1,45 150,31M 139,25M 24.880 
 RAIL3 RUMO S.A. ON 12,01 +6,00 141,72M 103,66M 22.789 

* – Lote de mil ações
1 – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão)
IBOVESPA

Agenda de indicadores na semana
Nesta segunda, destaque ficou por contao do IBC-Br (Índice de Atividade Econômica do Banco Central), que registrou avanço de 0,29% na passagem de setembro para outubro, enquanto os analistas de mercado esperavam por estabilidade na passagem. O índice é considerado uma prévia do PIB (Produto Interno Bruto) oficial. Às 15h, serão revelados os dados semanais da balança comercial, enquanto a Aneel realizará o leilão A-4 de geração de energia às 9h. Além disso, hoje haverá o vencimento de opções sobre ações na B3 e será divulgada a segunda prévia da nova composição do Ibovespa, que vigorará entre janeiro e abril de 2018.

Na quarta-feira (20), o BC divulga a Nota do Setor Externo do mês de novembro, que a GO Associados projeta déficit de US$ 2 bilhões na balança de transações correntes no mês, levando o déficit das contas externas a US$ 10,8 bilhões no acumulado em 12 meses.

Já na quinta-feira (21), será apresentado o Relatório Trimestral de Inflação do último trimestre do ano, que deve reforçar o tom da última ata e mostrar que o Copom segue inclinado a reduzir a taxa Selic em 25 pontos-base na primeira reunião do ano que vem entre 6 e 7 de fevereiro. No mesmo dia, o IBGE divulga o IPCA-15 referente ao mês de dezembro, que deve encerrar o ano abaixo do piso da meta de inflação em 3%. Por fim, sem dia definido, o Ministério do Trabalho deve divulgar os dados do Caged referente ao mês de novembro, com expectativa de saldo líquido positivo de 35 mil vagas de emprego formal no mês.

Entre os indicadores no exterior, teremos na quinta-feira o resultado final do PIB (Produto Interno Bruto) dos EUA do terceiro trimestre, que deve confirmar o bom ritmo da atividade no período, com um crescimento anualizado ligeiramente superior a 3,0% ao ano, segundo estimativas da GO Associados.

Luta contra o downgrade

Com a decisão confirmada de adiamento da reforma da Previdência para fevereiro de 2018, a política agora perde força com o Congresso esvaziado e as discussões sendo passadas para o próximo mês. Contudo, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, já está conversando com as agências de rating para tentar convencê-las sobre a aprovação da reforma da Previdência em 2018 para evitar um downgrade do Brasil.

O ministro tentará mostrar que o fechamento de questão de dois dos maiores partidos, PMDB e PSDB, é um ótimo sinal mesmo que a reforma seja votada em fevereiro. Contudo, segundo a coluna Painel, da Folha de S. Paulo, apesar das tratativas, o ministro da Fazenda recebeu uma sinalização pessimista, uma vez que o ceticismo de que a reforma não passará aumentou com o adiamento da data. Sem ela, os olhos dos analistas se voltaram aos perdões de dívidas e isenções aprovados pelo Congresso nas últimas semanas, que prejudica ainda mais a expectativa para o quadro fiscal e eleva a probabilidade de um rebaixamento.

Em meio a esse cenário de dificuldades para a aprovação (a consultoria política Eurasia, por exemplo, reduziu as chances de aprovação de 40% para 30%), os jornais noticiam pressões por mais concessões na já enxuta reforma da Previdência, para facilitar a aprovação do projeto. O Globo aponta que uma das ideias em estudo é adiar os efeitos da reforma para servidores públicos que ingressaram na carreira até 2003.

Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.